Após fazer as unhas, mulher enfrenta 5 cirurgias por infecção; caso acende alerta sobre cuidados com instrumentos

A SBCM (Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão) faz o alerta; a paciente precisou fazer cerca de 70 sessões de fisioterapia para se recuperar

Por Maria Letícia Menezes Publicado em 04/07/2025 às 9:49

Um simples procedimento de manicure resultou em uma série de complicações para uma mulher de 66 anos.

Após fazer as unhas em um salão de beleza, ela desenvolveu uma infecção grave no polegar direito, que exigiu cinco cirurgias — incluindo uma plástica reconstrutiva — e quase 70 sessões de fisioterapia.

O caso aconteceu em Goiania, Góias, no Centro-Oeste do País e fez com que a SBCM (Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão) acendesse um alerta sobre os riscos associados ao uso de instrumentos não esterilizados durante procedimentos estéticos rotineiros.

Como aconteceu a infecção

A paciente procurou o salão pela manhã para fazer as unhas antes de viajar para um casamento. Era sua primeira visita ao local, e ela não levou seu próprio kit. 

Apesar de ter solicitado que a manicure não removesse as cutículas, uma pequena lesão, provavelmente causada pela lixa de unha ou afastador de cutícula, passou despercebida. O incômodo só foi sentido mais tarde, ao retirar o excesso de esmalte.

No mesmo dia, ao final da tarde, ela começou a sentir dor no polegar. Tomou um analgésico e seguiu viagem, mas o quadro se agravou.

Após atendimento emergencial e o uso de antibióticos, o inchaço e a dor aumentaram, e a paciente precisou retornar ao hospital, onde foi submetida a uma cirurgia de urgência.

Desde então, passou por procedimentos para retirada de tecido necrosado, enxerto e, agora, se prepara para uma nova intervenção.

A infecção comprometeu a mobilidade do dedo, que apresenta dormência, hipersensibilidade e perda funcional.

Especialistas explicam

Segundo o médico Frederico Faleiro, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), a paciente foi diagnosticada com paroníquia, inflamação na pele ao redor da unha que, frequentemente, é causada por bactérias ou fungos.

“Com o uso de unhas em gel e a utilização recorrente de materiais não esterilizados, têm aumentado o número de pacientes com infecção na região da unha”, afirma o especialista.

Além do uso de instrumentos contaminados, hábitos como roer unhas ou puxar a pele ao redor também favorecem o surgimento da inflamação.

Arquivo Pessoal
O dedo da paciente ficou bastante inchado - Arquivo Pessoal

Nem sempre o quadro é leve

Embora muitas infecções na região das unhas possam ser tratadas com antibióticos e medidas simples, há casos mais graves, como o da paciente de Goiás.

“Essa infecção bacteriana pode necrosar toda a parte da unha, do dedo, da polpa digital e, eventualmente, se alastrar. A mesma coisa pode acontecer com pacientes que têm problema de saúde, como por exemplo, diabetes, ou aqueles que não procuram tratamento precoce, visto que a infecção pode espalhar-se pela mão, acometendo a ponta do dedo, que pode ser perdida”, explica Faleiro.

Quando o quadro evolui para abcesso, a drenagem do pus por meio de cirurgia pode ser necessária.

Como evitar complicações

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão, Dr. Rui Barros, reforça que a principal forma de prevenção é garantir a esterilização adequada dos instrumentos utilizados em procedimentos estéticos.

“De preferência que esses materiais sejam de uso exclusivo de cada cliente”, pontua. Barros também destaca que procedimentos menos invasivos, como não remover a cutícula, ajudam a preservar a proteção natural da pele e, consequentemente, a prevenir infecções.

“E, claro, manter as mãos sempre limpas e higienizadas”, complementa.

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