"Ficou evidente que não houve vazamento do Enem", diz presidente do Inep em audiência

Palácios afirmou que o banco de 900 questões usado por Edcley Teixeira, que vendia mentoria online, não representava risco ao Enem

Por Mirella Araújo Publicado em 03/12/2025 às 16:27

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“Ficou evidente que não havia nenhum vazamento do Enem”, afirmou o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palácios.

Sem citar diretamente o estudante de Medicina do Ceará, Edcley Teixeira — que vendia mentoria online e disponibilizava um banco com cerca de 900 questões, muitas delas semelhantes às aplicadas no segundo dia do exame deste ano —, Palácios disse que o material não representava risco à segurança da prova.

Durante audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, nessa terça-feira (2), o presidente do Inep reiterou que o objetivo do Enem é estimar o quanto o estudante aprendeu ao longo da educação básica, e que o número de itens aplicados é superior ao necessário para validar o desempenho — motivo pelo qual a anulação de poucas questões não comprometeria o resultado final.

Acesso aos pré-testes

Nas redes sociais, Edcley afirmava ser capaz de “prever as questões do Enem” com base em edições anteriores. Ele também pagava estudantes para memorizar itens utilizados na prova do Prêmio Capes de Talento Universitário, aplicada a alunos de instituições federais e usada tanto para premiar desempenho quanto para testar questões que poderiam compor futuras edições do exame nacional.

Palácios explicou que são os pré-testes que garantem a qualidade e a comparabilidade dos resultados do Enem. Ao todo, o exame utiliza questões avaliadas em dez pré-testes realizados entre 2013 e 2024. Cada aplicação reúne 800 itens, dos quais cada participante responde 80, sendo 20 por área de conhecimento — linguagens, ciências humanas, ciências da natureza e matemática.

“Este ano, por exemplo, temos três aplicações do Enem: a principal, já realizada em novembro; a aplicação que está acontecendo no Pará; e a reaplicação, prevista para dezembro para os candidatos que não puderam participar anteriormente. O pré-teste assegura que todas as provas tenham qualidade e resultados comparáveis. Quem tira 500 pontos em uma prova tem o mesmo desempenho de quem tira 500 em outra”, destacou.

Após a repercussão nas redes sociais e denúncias de possível vazamento, o Inep decidiu anular três questões consideradas como “similaridades pontuais”. “Qual foi a decisão que tomamos? Dizer que não havia qualquer risco para o exame, que continuávamos em condições de produzir resultados confiáveis, precisos e justos”, reforçou Palácios.

O presidente da Comissão de Educação, deputado Maurício Carvalho (União-RO), ressaltou que, o que está em jogo é a lisura do processo, e a confiança pública na maior avaliação educacional do país, "diante das alegações de que pelo menos oito questões (podendo chegar a 11) teriam sido antecipadas em matéria de cursos preparatórios".

"A pergunta que o Brasil faz é direta: como garantiram um exame justo e a validade do Enem em 2025, quando há forte indício de quebra de isonomia?”, disse Maurício Carvalho, questionando ainda por que, diante desses rumores, foram anuladas apenas três questões do Enem.

De acordo com Manuel Palácios, assim que tomou conhecimento dos ruídos relacionados à prova, reuniu especialistas das áreas envolvidas – Ciências da Natureza e Matemática – e a Polícia Federal (PF) no instituto para investigar o que havia ocorrido. Segundo afirmou, naquele momento decidiram anular as três questões por precaução, para preservar o exame, uma vez que não havia ainda clareza sobre os acontecimentos. No entanto, as investigações da PF apontaram que não houve vazamento da prova. 

*Com informações da Agência Câmara de Notícias

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