Enem 2025: Redação exige repertório adequado e argumentação sólida; veja as expectativas dos estudantes para o tema

Redação exige texto dissertativo-argumentativo, em linguagem formal da língua portuguesa, sobre tema de ordem social, científica, cultural ou política

Por Mirella Araújo Publicado em 22/10/2025 às 14:33 | Atualizado em 22/10/2025 às 15:01

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O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, que será realizado no dia 9 de novembro em todo o país, é marcado pela expectativa em relação ao tema da redação.

A prova exige que o candidato produza um texto dissertativo-argumentativo, em linguagem formal da língua portuguesa, sobre um tema de ordem social, científica, cultural ou política. No Enem 2024, o tema abordado foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.

Sobre essa expectativa, o professor de redação do Colégio Saber Viver (CSV), Isaac Melo, destaca que o exame não segue uma linha de raciocínio previsível.

“Por exemplo, imaginar que o Enem escolherá o tema mais discutido durante o ano é um equívoco. Isso não acontece. A prova é elaborada por uma banca com diversas possibilidades temáticas. Por isso, nesta reta final, o aluno deve estar preparado para qualquer tema possível. É importante compreender que a redação costuma abordar questões relacionadas à restrição ou violação de direitos”, explica o professor.

Isaac Melo também orienta os estudantes a se prepararem com base em documentos fundamentais. “Neste momento, o aluno deve estar atento à Declaração Universal dos Direitos Humanos, aos acordos internacionais sobre o clima, além de ler os artigos 5º e 6º da Constituição Federal, que são importantes e abrangentes. A expectativa é de que o tema da redação seja palpável do ponto de vista argumentativo e interpretativo, como ocorre tradicionalmente”, conclui.

Uso do “repertório de bolso” exige atenção dos candidatos

Na Cartilha do Participante para a Redação do Enem, o Inep orienta os estudantes a terem cuidado com o uso do chamado “repertório de bolso” — expressão usada para se referir a referências memorizadas e frequentemente utilizadas de forma genérica e superficial, sem conexão real com o tema proposto. Trata-se de um repertório “guardado no bolso” para ser utilizado em qualquer redação, mesmo que não seja totalmente adequado ou pertinente ao debate proposto pela prova.

Para o professor do Colégio Saber Viver, o Enem está evoluindo no sentido de valorizar cada vez mais redações bem escritas, que abordem o tema de forma aprofundada e cumpram corretamente os critérios das cinco competências avaliadas.

“Uma das últimas questões que se tornaram problemáticas na redação foi justamente esse uso memorizado do repertório cultural, o chamado 'repertório de bolso'. Ele acabava sendo inserido no texto apenas para cumprir um critério, mas muitas vezes estava desconectado do tema. Isso se tornou um debate importante na comunidade de estudiosos da Língua Portuguesa. Como uma avaliação tão significativa pode aceitar que redações nota mil incluam citações visivelmente genéricas e decoradas por estudantes do país inteiro?”, questiona o professor.

Isaac considera positiva a sinalização feita pelo Inep, mas reforça que o uso de repertório sociocultural continua sendo importante, sendo inclusive, um dos critérios de avaliação da competência II. No entanto, ele destaca que os estudantes precisam compreender que cada tema exige uma reflexão madura, inteligente e uma argumentação sólida.

Preparo amplo para a redação do Enem

A estudante da Escola Técnica Estadual (ETE) Dom Bosco, Monique Evelyn, de 17 anos, gostou muito do tema abordado na edição passada do Enem. Ela fez o exame nacional pela primeira vez como treineira, já que ainda cursava o 2º ano do Ensino Médio, e considerou positiva sua nota em Redação,  cerca de 760 pontos.

"Fiz a prova pela primeira vez para ver como iria lidar com o tempo de prova, com o nervosismo. Então não me preparei tanto como neste ano", explicou. Monique, que deseja cursar Ciências Políticas, acredita que o tema da redação do Enem 2025 poderá seguir a tendência de discutir questões sociais envolvendo minorias.

"Um tema que gostaria que caísse seria sobre etarismo, as oportunidades para os idosos, e também questões referente as dificuldades de inserir pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), no meio de trabalho", afirmou.

Já o estudante Luca Sales Barros da Silva, de 18 anos, do Colégio Saber Viver, também destacou seu interesse pelo tema da redação de 2024, embora não o tenha considerado simples.

“Você tinha que ter uma sensibilidade na hora de abordar o assunto e ser bem específico, porque era sobre a valorização da herança africana, mas se você só falasse da cultura africana, poderia ser uma fuga de tema muito notória. Então era possível falar sob diversas perspectivas”, explicou.

Interessado em cursar Bacharelado em Química, Luca contou que se sai melhor em temas ligados à cultura, mas ressalta que os candidatos não devem se limitar apenas aos assuntos com os quais têm mais afinidade.

“O ideal não é se prender apenas aos temas que você domina melhor. Porque, se cair um assunto em que você não tem afinidade, talvez se dê mal no Enem.”

Ele também avaliou como positiva a recomendação do Inep sobre o uso das chamadas "citações coringas", destacando que a orientação ajuda a evitar o uso genérico e automático de referências.“É importante, porque incentiva os alunos a entenderem que o uso do repertório precisa ser feito de forma coesa”, completou.

 

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