JC Educação reúne especialistas em educação para debater saúde mental na escola
Evento aconteceu no Auditório Graça Araújo, no Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC), em um dia de trocas de experiência muito ricas

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Em meio à campanha do Setembro Amarelo - mês de conscientização contra o suicídio e de cuidado com a saúde mental -, o Sistema Jornal do Commercio de Comuincação (SJCC) promoveu a terceira edição do JC Educação, reunindo autoridades no tema da educação. O encontro, em parceria com a Educa, abordou a Saúde Mental na Escola: Um Desafio Coletivo.
Palestrantes, gestores de escola, professores e educadores vivenciaram um momento de muita troca no auditório Graça Araújo, na sede do SJCC, em Santo Amaro, área central do Recife.
Mediado pela jornalista Mirella Araújo, titular da coluna Enem e Educação do JC, o painel contou com palestras do psicólogo Rossandro Klinjey (cofundador e embaixador da Educa), do executivo Jaime Ribeiro (cofundador e CEO da Educa), da secretária de Educação do Recife, Cecília Cruz, e do secretário de Educação de Pernambuco, Gilson Monteiro.
Para Mirella, "o JC Educação é uma oportunidade valiosa para trazer à tona temas relevantes e atuais do setor educacional. Nesta edição, ao abordar a saúde mental nas escolas, como um desafio coletivo, o evento se mostra alinhado com discussões urgentes que exigem escuta e ação".
O tema é recorrente no próprio JC e também na programação da TV Jornal e da Rádio Jornal. "Trata-se de um espaço essencial para reunir todos que lutam por uma educação de qualidade no país: pedagogos, psicólogos, gestores, professores, estudantes e também nós, que atuamos no jornalismo de Educação com o compromisso de levar informação de qualidade, destacar projetos transformadores e cobrar responsabilidades em prol de uma educação acessível e com equidade", ressalta Mirella.
O diretor de Jornalismo do SJCC, Laurindo Ferreira, reafirma o compromisso da empresa de comunicação com o tema: “A educação é tema permanente no JC, seja nos grandes temas ou no dia a dia da vida dos brasileiros. O evento para discutir 'Saúde mental na escola' capta uma das grandes preocupações do momento, de educadores, gestores e pais de alunos. A ideia desses nossos encontros é sempre essa: reunir especialistas para trocar ideias e experiências, sempre trazendo temas relevantes e de interesse da sociedade”.
Palestras
Jaime Ribeiro, CEO e cofundador da Educa, escritor e pesquisador das relações humanas na era digital, compara os problemas de gerações passadas aos das gerações atuais: “Nós nos preocupávamos com piolho, caxumba, catapora. Ou se a criança estava passando por algum tipo de violência doméstica. Já os problemas de hoje são um pouco diferentes. A escola mudou não só por conta do advento digital, mas também por conta de uma série de questões relacionadas à sociedade.”






“Hoje em dia, o ‘piolho’ das escolas é o grupo de WhatsApp das famílias, porque é preciso lidar com uma uma avalanche de mensagens de “especialistas”, que na verdade não são pedagogos. É como se tivesse um grupo de WhatsApp no hospital, em que cirurgiões estão tentando resolver uma questão muito grave e um grupo de pacientes ou de parentes ficam dizendo como a intervenção tem que ser feita”, exemplifica.
Jaime afirma que a escola não é mais aquele local com muros. “A escola agora tem um raio, uma dimensão muito maior. Não termina a aula quando a sirene toca. A escola continua porque na sociedade da hipervigilância - que tudo viraliza, em que qualquer fala do professor ou do diretor pode virar meme ou pode provocar uma tensão muito grande -, não há mais o direito. Essa escola não consegue mais dormir ou descansar. E isso tem provocado o esgotamento dos professores e dos líderes escolares.”
Na sequência, o psicólogo, cofundador da Educa, palestrante e consultor em Educação e Desenvolvimento Humano Rossandro Klinjey reforçou o papel da família e da escola para a manutenção da saúde mental das pessoas, especialmente das crianças e adolescentes.
“Ninguém constrói resiliência na escola. A escola não vai, nem deve, nem quer substituir a família. Embora ela entenda que também é um lugar em que se educa as emoções, não somente o intelecto. Mas jamais com o intuito de substituir um agente que jamais pode e deve ser substituído que é a família. E a família não pode adoecer a escola”, destaca.
Rossandro também declara que a geração de jovens como tem mais liberdade de escolha e de consumo, acesso ao conhecimento, mas está cada vez mais doente. "É uma geração que começa a se fragilizar, que quer os laudos [de transtornos como a ansiedade]. Não só para a escola, porque a moda agora em consultório é: 'Agora eu entendi porque minha vida não funciona, minha mãe é narcisista'. O laudo não é sobre o filho incapaz, e sim sobre o parente ruim que detonou minha vida", acrescenta.
E atribui essa crise à ausência da família como entidade norteadora de valores e princípios. E faz uma analogia: "Sabemos que uma árvore tem uma copa proporcional à raiz. Para que a copa seja grande, a raiz tem que ter o mesmo tamanho. As pessoas querem ter uma grande copa com uma pequena raiz. Não funciona. Quanto mais você cresce, mais você tem que fortalecer a sua raiz, as suas verdades, a sua essência, a sua necessidade. Você vai dando valor àquilo que é fundamental."
O secretário de Educação de Pernambuco, Gilson Monteiro, destaca a importância do diálogo com o movimento estudantil para entender a realidade da educação. “O primeiro ponto do que pensamos em gestão pública é entender os gerentes regionais e os gestores, para que esses possam entender mais os professores, saber a capacidade e o que nos falta enquanto estado de chegar mais próximo deles e eles vão chegar mais próximo dos estudantes.
"Temos que sentar e conversar com o movimento estudantil, e fizemos isso. Assim, começamos a entender melhor elementos como a alimentação escolar, o kit escolar e o fardamento. Um exemplo claro é a climatização das salas de aula. Como se aprende e dá aula no calor?", pontua.
Gilson também reforça a necessidade de humanização do processo de educação: "Precisamos buscar nesse momento tecnológico sistemas e integrá-los cada vez mais. Temos que entender o processo de cada região. Não é só você chegar, trazer a família e discutir aquilo que deve ser o respeito da educação. É preciso humanizar a gestão colaborativa com cada gestão escolar, ou com o estado, a política pública e a matriz curricular a ser seguida."
A secretária de Educação do Recife, Cecília Cruz, ressalta a importância de tornar a escola em um ambiente melhor. "Precisamos de uma escola cada vez mais agradável para o professor, para os demais servidores e para o estudante. Não se trata só do ponto de vista físico, mas também do compromisso pedagógico de estar com esses estudantes e de lidar com essas temáticas todos os dias.
“E isso passa pelo fortalecimento das habilidades socioemocionais. Para que o estudante esteja pronto para o mundo que ele vai ter que encarar e que vai cobrar dele. O mundo mudou, a escola mudou e a gente também faz parte dessa mudança. Estamos conseguindo falar da saúde mental, usar essa etiqueta, reconhecer, entender que é um desafio a ser trabalhado”, acrescenta.
Caderno especial
O tema também virou um caderno especial na edição tradicional do JC, com análises, artigos e experiências de escolas sobre saúde mental e abordagens socioemocionais no ambiente escolar.
O conteúdo pode ser acessado através do Portal JCPE ou pelo aplicativo JCPE, disponível nas lojas de aplicativos para celulares, como App Store e Google Play.
Transmissão - JC Educação debate a Saúde Mental na Escola: Um Desafio Coletivo
O JC Educação foi realizado para convidados e contou com transmissão ao vivo, através do YouTube do JC Play. Patrocinaram o evento as escolas e universidades:
- Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU);
- Centro Universitário Tiradentes – UNIT;
- Colégio Anita Gonçalves;
- Colégio CBV;
- Colégio GGE;
- Colégio Mackenzie;
- Colégio Motivo;
- Colégio Núcleo;
- Colégio Saber Viver;
- Colégio Studio Class;
- Escola Eleva.