Juventude, arte e clima: projeto fortalece protagonismo de jovens na Entra Apulso

A iniciativa reúne oficinas, rodas de conversa e intervenções artísticas para ampliar a resiliência socioambiental de adolescentes de 15 a 18 anos

Por Mirella Araújo Publicado em 15/08/2025 às 12:54 | Atualizado em 15/08/2025 às 17:22

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Unir arte, memória e educação climática para fortalecer o protagonismo juvenil é o objetivo central do projeto "Entra Apulso, território de esperança: juventude, arte e clima", idealizado pelo coletivo Museu dos Sonhos Vivos em parceria com o Chié do Entra.

A iniciativa reúne oficinas, rodas de conversa e intervenções artísticas para ampliar a resiliência socioambiental de adolescentes de 15 a 18 anos da Escola de Referência em Ensino Fundamental e Ensino Médio (EREFEM) Professora Inalda Spinelli, na comunidade Entra Apulso, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, onde as atividades são realizadas.

A programação começou na quinta-feira (14) e segue nos dias 19 e 21 de agosto, das 18h às 20h, na própria escola. O objetivo é provocar reflexões sobre temas como racismo ambiental, justiça climática, direito à cidade e futuros sustentáveis para juventudes negras e periféricas.

Formação e metodologia

Desde junho, o projeto promove a formação de três jovens articuladoras locais, com rodas de conversa, clipagem sobre o território, percursos etnográficos e ações colaborativas para mobilizar os participantes das oficinas.

“O projeto chega para dialogar com os estudantes, compreendendo a importância de fortalecer o protagonismo juvenil e ampliar o olhar político e socioambiental desses jovens. Através deles, vamos estudar a memória e estimular um processo criativo colaborativo, pensando em um futuro sustentável em que a singularidade do território também seja preservada”, afirma Karinne Costa, idealizadora do Museu dos Sonhos Vivos.

A metodologia é baseada na tecnologia social do Museu dos Sonhos Vivos, que valoriza escuta sensível, colaboração intergeracional e arte como instrumento de cuidado e mobilização. Já o coletivo Chié do Entra contribui com práticas educativas de agroecologia e saberes ancestrais conectados à realidade local.

“Ao unir a experiência do Coletivo Chié do Entra, com seu histórico de ações ambientais e mobilização comunitária, e o Museu dos Sonhos Vivos, com sua atuação na preservação da memória e valorização da cultura local, o projeto cria um espaço em que os jovens não apenas aprendem sobre temas urgentes, mas também se reconhecem como agentes ativos dessas transformações”, diz Karolina Maria, coordenadora de mobilização local.

Com impacto direto em mais de 30 jovens e alcance ampliado pelas ações públicas, a iniciativa pretende deixar como legado o fortalecimento comunitário, a formação de lideranças e a construção de soluções baseadas na natureza.

O projeto é fomentado pelo edital Jovens no Clima Recife, da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, em parceria com a Rede Conhecimento Social e o Delibera Brasil, com financiamento do Fundo de Ação Climática Juvenil da Bloomberg Philanthropies, da United Cities and Local Governments e do Bloomberg Center for Public Innovation, além do apoio da Uninassau.

  

Divulgação
A terceira edição do Museu dos Sonhos Vivos conta com a parceria do Coletivo Chié do Entra e é voltada para estudantes de 15 a 18 anos, da EREFEM Professora Inalda Spinelli - Divulgação

Museu dos Sonhos Vivos

Idealizado pela artista e coordenadora de projetos sociais Karinne Costa, o Museu dos Sonhos Vivos se inspira na Metodologia Elos para fortalecer a memória comunitária e o pertencimento territorial por meio de cinco etapas que envolvem toda a comunidade.

A primeira edição ocorreu em 2023, na Bomba Hemetério (Zona Norte do Recife), envolvendo agremiações de boi e maracatu, que receberam intervenções artísticas de grafiteiros e artistas locais. O processo culminou em um Circuito de Andada e na criação de um museu virtual com acervo de memórias no site da iniciativa.

A segunda edição, realizada em 2024 no bairro de Brasília Teimosa, teve como foco a revitalização do espaço da tradicional barqueata de São Pedro, que acontece há mais de 50 anos, no projeto Resistir, preservar e co-criar.

Chié do Entra

Fundado em 2021 por moradores da comunidade, o Coletivo Chié do Entra surgiu a partir da formação de agentes ambientais promovida pelo Instituto Shopping Recife, com capacitação da Associação Kapi’wara.

O grupo atua na transformação de resíduos, especialmente óleo e matéria orgânica, mantém composteiras pedagógicas em escolas do território e realiza oficinas, vivências e intervenções de educação ambiental, fortalecendo saberes comunitários e práticas sustentáveis.

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