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Uso precoce de maquiagem pode comprometer a infância das crianças

Especialistas alertam que a adultização precoce, marcada pelo consumismo estético, pode afetar o desenvolvimento saudável na infância

Por Maria Clara Trajano Publicado em 26/08/2025 às 19:54

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A adultização ocorre quando crianças são expostas a papéis, responsabilidades ou comportamentos que não correspondem à sua idade, comprometendo o bem-estar e o desenvolvimento emocional.

Um dos sinais é a reprodução de atitudes e linguagens típicas dos adultos, como o uso de maquiagem e produtos de skin care.

Fascínio infantil pelo consumo

O interesse de meninas e meninos por maquiagem e produtos de skincare tem se intensificado, em muitos casos refletindo os hábitos de consumo das mães. Segundo a psicopedagoga Paula Furtado, essa prática pode ser prejudicial.

“Conheço meninas de 10 e 11 anos com preocupações ligadas à estética e ao consumo de itens caros. Esse excesso não fortalece a criança; pelo contrário, tira dela a chance de viver plenamente sua infância”, afirma.

Consequências para a infância

Muitas vezes, pais e responsáveis oferecem maquiagem e cosméticos como demonstração de afeto ou para satisfazer o desejo de imitar os adultos. No entanto, o uso precoce destes produtos pode antecipar comparações e inseguranças, quando o brincar e a espontaneidade deveriam ser prioridade.

Além de questões emocionais, há riscos físicos. Hidratantes, cremes anti-idade e produtos de limpeza facial são formulados para cada faixa etária e devem ser usados apenas com recomendação médica. Já a maquiagem pode contribuir para a sexualização precoce, trazendo impactos negativos a longo prazo.

Skincare precoce e a ditadura da beleza na adolescência

O verdadeiro cuidado

Para Paula Furtado, mais importante do que incentivar o uso de maquiagem é estimular a autoestima e a segurança.

“O excesso de consumismo em uma área não indicada à criança também é uma forma de antecipar a vida adulta. O verdadeiro cuidado é ensinar a gostar de si mesma, a brincar, a errar e a aprender. Esse aprendizado acompanha para a vida inteira”, conclui a psicopedagoga.

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