Crítica – Quer Brincar de Gracie Darling?: Série paranormal da Netflix entrega um dos mistérios mais inquietantes do ano

Por Observatório do Cinema Publicado em 01/12/2025 às 8:02

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A televisão australiana sempre apreciou um bom mistério, mas nem sempre abraça o lado mais sombrio e sobrenatural do gênero. É justamente nesse ponto que Quer Brincar de Gracie Darling? se destaca, combinando os elementos tradicionais de um drama investigativo com uma atmosfera inquietante.

Do que se trata a série

A história começa em 1997, quando um grupo de adolescentes decide realizar uma sessão espírita em uma cabana isolada na floresta. A líder do ritual é Gracie Darling, interpretada por Kristina Bogic, e desde o início fica claro que a tentativa de contato com o além não vai terminar bem. Logo surge a figura de Levi, um espírito preso no limbo, que desde as primeiras mensagens pelo tabuleiro Ouija dá sinais de intenções perturbadoras.

As coisas rapidamente saem do controle. Entre apelos desesperados de Levi pedindo para ser libertado e manifestações que se intensificam dentro da cabana, Joni Grey, melhor amiga de Gracie, foge em completo pânico. O desaparecimento de Gracie logo se torna um trauma coletivo para a pequena comunidade e marca para sempre todos os envolvidos.

Vinte e sete anos depois, Joni, agora vivida por Morgana O’Reilly, trabalha como psicóloga infantil em uma instituição, enquanto tenta manter uma vida normal ao lado da mãe, que faz leituras de tarô para seus filhos. A aparente tranquilidade termina quando Jay Rajeswaran, antigo amigo e sobrevivente da sessão, entra em contato trazendo uma notícia alarmante: outra garota da família Darling desapareceu nas mesmas circunstâncias.

O ritual que volta a assombrar

O detalhe mais inquietante é que a nova geração de adolescentes vinha recriando o ritual original em uma espécie de jogo macabro chamado “Quer Brincar de Gracie Darling?”. Frankie Darling, a jovem desaparecida, estava na cabana repetindo o ritual quando sumiu, detalhe que reacende todos os fantasmas do passado. E é justamente isso que leva Joni a retornar ao lugar onde tudo começou.

Mesmo contra a vontade de Jay, agora policial afastado do caso por envolvimento emocional, Joni inicia uma investigação paralela. Ela descobre que Raffy, filha de Jay e amiga de Frankie, estava presente no ritual e afirma que algo maligno tomou conta da garota, mencionando novamente o espírito chamado Levi. A partir daí, a fronteira entre realidade e sobrenatural fica cada vez mais tênue.

Criada por Miranda Nation e dirigida por Jonathan Brough, Quer Brincar de Gracie Darling? constrói sua narrativa alternando choque e sutileza. A série mantém um clima de inquietação constante, evitando cair totalmente no terror explícito, mas abraçando uma atmosfera sobrenatural que se impõe sobre a investigação. Cada personagem parece possuir sua própria versão dos acontecimentos, o que reforça a sensação de ambiguidade.

Conflitos que vão além do mistério

Em paralelo, a cidade vive seu próprio turbilhão. A família Darling é defensora ferrenha de um parque eólico local, o que gera conflitos acirrados com moradores contrários ao empreendimento. Enquanto isso, a mãe de Frankie pressiona por buscas mais intensas, enquanto a avó insiste em recorrer mais a crenças espirituais do que à investigação policial.

As constantes viagens ao passado aprofundam ainda mais o mistério. Vemos Gracie e Joni vivendo suas adolescências entre mixtapes, bicicletas e experimentações típicas da idade, até que a sessão espírita muda o rumo das duas. Joni acaba internada em uma instituição onde a tentativa de contato com os mortos também é tratada como uma forma peculiar de terapia.

O presente, por sua vez, se enche de presságios: pássaros mortos surgem por todos os lados, símbolos criados pelas adolescentes voltam a atormentar Joni e uma estranha efígie em chamas aparece na rua principal, interpretada por Jay como um aviso. Para completar, a nova geração de jovens parece esconder mais segredos do que os adultos são capazes de perceber.

Um ponto interessante da série é o método pouco ortodoxo de Joni ao investigar o caso. Ela invade casas com portas destrancadas, aborda adolescentes na rua e faz perguntas que ninguém quer responder. Sua profissão lhe dá ferramentas para entender o comportamento humano, mas diante de um possível desaparecimento ligado ao sobrenatural, suas teorias racionais não encontram muito espaço.

À medida que a investigação avança, cresce a impressão de que talvez não exista uma explicação totalmente lógica para os eventos. A série sugere, ainda que sutilmente, que algo realmente inexplicável habita aquela floresta. É essa sensação de desconforto, aliada ao mistério clássico, que transforma Quer Brincar de Gracie Darling? em um suspense envolvente – e, por vezes, verdadeiramente assombroso.

Quer Brincar de Gracie Darling? está disponível na Netflix.

Nota: 4 / 5

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