Crítica: Talamasca expande o Universo Imortal de Anne Rice com suspense sobrenatural e espionagem

Por Observatório do Cinema Publicado em 01/12/2025 às 7:05

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Quando a AMC anunciou que adaptaria o Universo Imortal de Anne Rice para a TV, a notícia empolgou fãs do terror gótico e do sobrenatural. A obra da autora reúne vampiros, bruxas e entidades enigmáticas, oferecendo uma vasta mitologia para construir uma franquia ambiciosa.

Desde então, as adaptações vêm sendo lançadas aos poucos – algumas bem recebidas, outras recebendo respostas mais mornas. Agora, a série Talamasca: A Ordem Secreta surge como a nova peça desse quebra-cabeça, encontrando um meio-termo entre o erotismo sombrio de Entrevista com o Vampiro e a irregularidade de As Bruxas de Mayfair.

Do que se trata Talamasca

A série acompanha Guy Anatole, interpretado por Nicholas Denton, um jovem com a capacidade de ler mentes. Suas habilidades, que o isolaram socialmente e prejudicaram sua vida profissional, acabam chamando a atenção de uma figura misteriosa, Helen (Elizabeth McGovern). Ela o recruta para a Talamasca, uma organização secreta dedicada a monitorar e investigar seres sobrenaturais ao redor do mundo. Relutante, Guy aceita o convite ao perceber que pode usar os recursos da instituição para investigar mistérios pessoais de sua família.

Ao chegar à Europa, Guy descobre que a organização está em crise interna. Um vampiro chamado Jasper (William Fichtner) assumiu o controle da sede de Londres e passou a manipular agentes para seus próprios propósitos. Ele busca recuperar registros confidenciais perdidos em um incêndio na filial de Amsterdã, conhecidos como Seven Five Two. A missão leva Guy a cruzar caminhos com Olive (Maisie Richardson-Sellers), sua cética supervisora, e Doris (Céline Buckens), uma bruxa londrina que vive com seu coven em um barco-casa.

Helen, por sua vez, guarda segredos que podem mudar tudo, mas assume o papel de mentora ao treinar Guy para sobreviver ao mundo de espionagem sobrenatural. Ele chega até a ter um confronto direto com Burton (Jason Schwartzman), um vampiro aliado da Talamasca, enquanto tenta desenvolver melhor seu dom de clarividência. Conforme avança, Guy percebe que talvez a Talamasca não seja tão confiável quanto parece, e Jasper surge como uma tentação perigosa em sua jornada.

Atuações que elevam a série

Um dos grandes trunfos da série está no elenco. Denton consegue equilibrar vulnerabilidade e crescimento, enquanto McGovern brilha com uma performance misteriosa e multifacetada. Porém, é William Fichtner quem rouba a cena: seu Jasper é carismático, ameaçador e imprevisível, interpretado com intensidade hipnotizante. A presença dele torna cada confronto com Denton irresistível para o público.

Nem tudo, no entanto, recebe o mesmo grau de atenção. Apesar da introdução marcante, Olive passa a ter menos destaque conforme a trama acelera, o que evidencia o impacto do formato de apenas seis episódios. Alguns personagens parecem ter sido sacrificados para manter o ritmo, e a série talvez tivesse se beneficiado de uma temporada mais longa. Ainda assim, o mundo criado por John Lee Hancock é coeso e intrigante.

Conexões importantes com outras séries

As participações especiais ajudam a fortalecer a conexão com o restante do Universo Imortal. Daniel Molloy (Eric Bogosian), agora um vampiro recém-transformado, aparece para acertos de contas com a Talamasca, enquanto Raglan James (Justin Kirk) reaparece com sua habitual ambiguidade moral. São presenças breves, mas importantes, que reforçam a sensação de continuidade entre as séries.

O desfecho da primeira temporada deixa claro que Talamasca: A Ordem Secreta ainda tem muito a explorar. Guy, agora mais seguro de si, se mostra um protagonista capaz de sustentar novas histórias, enquanto a série abre portas para mistérios maiores e ameaças mais perigosas. O final levanta tantas perguntas quanto oferece respostas, mas faz isso de maneira envolvente, despertando o desejo por uma segunda temporada.

O papel da Talamasca sempre foi coadjuvante no Universo Imortal, surgindo apenas como entidade de apoio em Entrevista com o Vampiro e As Bruxas de Mayfair. Ao colocá-la no centro da narrativa, a emissora AMC aposta em um novo tipo de história: uma mistura de espionagem, fantasia e terror. E funciona. A organização finalmente ganha profundidade, conflitos internos e relevância dentro do mundo sobrenatural de Anne Rice.

Como spin-off, Talamasca: A Ordem Secreta cumpre exatamente o que se espera: expande o universo, fortalece conexões e oferece algo novo, sem depender totalmente dos vampiros para funcionar. Com seis episódios cheios de intrigas, criaturas e política oculta, a série entrega um equilíbrio raro entre novidade e familiaridade. É um acréscimo bem-vindo ao universo, e deixa o público ansioso para o que vem a seguir.

Talamasca: A Ordem Secreta tem novos episódios lançados às segundas-feiras na Netflix.

Nota: 4 / 5

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