Crítica: Stranger Things 5 expõe o melhor e o pior da temporada final

Por Observatório do Cinema Publicado em 28/11/2025 às 11:05

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A primeira parte da temporada final de Stranger Things chega com o peso de um fenômeno global que sabe exatamente o tamanho que tem. Desde o primeiro minuto, o Volume 1 se comporta como “a grande estreia do ano”: produção cinematográfica, atmosfera sombria e uma fotografia que finalmente assume a escala apocalíptica da história.

O que funciona muito bem

Desespero e Hawkins irreconhecível

Uma das grandes forças desse Volume 1 é abraçar de vez a ideia de que Hawkins acabou para sempre como “cidade normal”. Depois da abertura das fendas, não existe mais segredinho de laboratório: o mundo desabou na frente de todo mundo. 

A série deixa de ser “apenas” uma aventura de grupo de amigos e assume um escopo de guerra sobrenatural em escala total, sem perder totalmente o foco em quem realmente importa: esses personagens que acompanhamos desde crianças.

Direção ambiciosa 

A temporada é dirigida com confiança: takes longos, movimentações de câmera elaboradas e cenas de ação que lembram blockbusters. É uma série da Netflix que, de fato, parece cinema.

Mesmo sem detalhar nada da trama, dá para dizer: há sequências que entram facilmente no topo das mais impactantes da série inteira.

O núcleo segue forte

Mesmo crescidos, os personagens continuam sendo o coração da narrativa. O Volume 1 acerta ao colocar as relações de amizades, conflitos internos, laços familiares, traumas antigos e reconciliações no centro. A série sempre funcionou melhor quando falava sobre vínculos humanos antes de monstros, e isso permanece intacto.

O tom de despedida é sentido e bem utilizado

Há uma melancolia bonita pairando sobre a temporada. Não é tristeza, e sim aquele sentimento de “estamos chegando ao fim”. O roteiro usa esse clima para aprofundar personagens e preparar emocionalmente o público para um encerramento que promete ser grande.

O que não funciona tão bem

O tamanho começa a atrapalhar

Mesmo com momentos brilhantes, dá para sentir uma coisa muito clara: Stranger Things 5 – Volume 1 é demais em quase tudo. Episódios longos, cheios de núcleos, tramas paralelas, reviravoltas, pistas, flashbacks, conexões com peça de teatro, com temporadas antigas, com lore do Mundo Invertido, tudo isso ao mesmo tempo.

Não chega a ser confuso, mas é exaustivo. Em vários momentos, a temporada prefere esticar o suspense em vez de entrar de vez na consequência. Tem muito “quase”:

  • quase derrotam as criaturas,
  • quase escapam de Vecna,
  • quase salvam o dia.

É claro que é o começo do fim, então faz sentido segurar algumas cartas. Mas, após tantos anos e episódios gigantes, o público sente quando a série está segurando emoção no conta-gotas.

Excesso de núcleos narrativos

A ambição é compreensível: amarrar todas as pontas, todos os personagens, todas as temporadas. Mas isso gera um efeito claro: alguns núcleos funcionam muito melhor do que outros, e a alternância constante entre eles pode enfraquecer a tensão.

Enquanto Will, Eleven, Max e Hopper têm arcos mais claros, alguns coadjuvantes parecem rodar em círculo, segurando o mesmo tipo de cena que já vimos nas temporadas anteriores. Nada é “ruim”, mas nem todos os arcos têm a mesma força dramática, e isso se sente.

A série luta contra o tempo

O avanço da idade do elenco não é um problema em si, mas acentua a sensação de que certos conflitos narrativos já não encaixam tão bem quanto antes. 

A temporada tenta equilibrar isso com temas de amadurecimento, nostalgia e despedida, mas em alguns núcleos a sensação é de repetição:

  • o casal ainda em impasse;
  • o amigo que ainda se sente deslocado;
  • o adulto que continua preso no mesmo dilema de sempre.

Apesar dissimo, a série nem sempre consegue encontrar equilíbrio entre “os adolescentes que conhecemos” e “os adultos que eles já são”.

O fim chega na hora certa

O Volume 1 de Stranger Things 5 é, ao mesmo tempo, espetacular e exaustivo. É emocional, poderoso, visualmente impactante  e, sim, ainda entrega aquela centelha mágica que fez a série conquistar o mundo em 2016.

Mas também mostra que a fórmula chegou ao limite: é uma história que precisava mesmo terminar aqui, antes que o gigantismo engolisse o encanto. Se o fechamento vai honrar tudo isso? Essa parte a gente só descobre no Volume 2. Mas, pelo que se vê aqui, a despedida tem tudo para ser inesquecível.

A 5ª temporada de Stranger Things está disponível na Netflix.

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