Crítica: Volume 1 de Stranger Things 5 é ambicioso, intenso e irregular

Por Observatório do Cinema Publicado em 27/11/2025 às 7:03

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Será que Eleven terá outra chance de derrotar Vecna? Max vai acordar? Will conseguirá, algum dia, encontrar paz? Essas eram algumas das minhas maiores perguntas ao começar o Volume 1 da 5ª temporada de Stranger Things. Como já se passaram mais de três anos desde o final da quarta temporada, minha lista de dúvidas acumuladas ficou enorme. Mas, como dizem, boas coisas chegam para quem espera, e os quatro episódios do Volume 1 tratam de responder rapidamente algumas das questões mais urgentes.

Ambientada um ano e meio após os eventos da 4ª temporada, o quinto ano mostra Hawkins sob controle militar após o “terremoto” que destruiu a cidade – que, na verdade, foi causado por Vecna. O vilão não é visto desde que foi jogado pela janela após levar um tiro de espingarda, mas isso não impediu o grupo de permanecer em alerta para o próximo movimento dele.

Enquanto Hopper e Joyce ajudam Eleven a treinar, Mike, Will, Dustin, Lucas, Nancy, Jonathan, Steve e Robin coordenam maneiras de localizar Vecna. Max ainda está presente, mas continua em coma, servindo como lembrete constante de como os riscos são altos.

Embora seja empolgante voltar ao mundo de Stranger Things, os irmãos Duffer tomam decisões arriscadas nos primeiros quatro episódios da 5ª temporada – escolhas que terão consequências sérias e que podem até mudar a percepção geral sobre a série. As reações a esses rumos provavelmente serão variadas, mas é o impacto de um problema contínuo com determinados personagens que prejudica parte da narrativa.

Com apenas quatro episódios restantes – três deles chegando no Natal, e o final da série marcado para a véspera de Ano-Novo – o tempo está acabando para retornar à essência que conquistou os fãs em 2016.

A temporada final já começa acelerada

Após três longos anos, o pior que os irmãos Duffer poderiam fazer seria atrasar o inevitável com um início lento. Felizmente, não é o caso. Os personagens estão tão aflitos quanto os espectadores para entrar na temporada final com a esperança de um desfecho satisfatório. Além de se prepararem para um novo confronto com Vecna, eles passaram o tempo desde a quarta temporada tentando encontrá-lo para partir para o ataque.

Sem perder tempo, a 5ª temporada começa forte. A vida não tem sido fácil para os protagonistas, mas o grupo continua unido, tentando se adaptar ao inferno em que Hawkins se transformou. Muita coisa mudou desde o “terremoto”, e agora eles também precisam evitar os militares, como se estivessem vivendo um cenário digno de Amanhecer Violento. Isso apenas os obriga a ser mais criativos em suas missões clandestinas.

Rumo à temporada final, a idade crescente do elenco continua sendo assunto – mas a maturidade dos personagens mais jovens acaba beneficiando a história. Eleven, por exemplo, demonstra uma nova confiança: mais firme, mas também mais curiosa. Mike vive um momento tocante como irmão mais velho com Holly, que se torna peça importante em uma das sequências mais emocionais do Volume 1.

Volume 1 esbarra em um velho problema de Stranger Things

Desde a primeira temporada, nada funciona como planejado quando o assunto é o Mundo Invertido. Quando o plano envolvendo Vecna começa a desandar no Volume 1, a série volta a separar os personagens em vários pequenos grupos. Embora isso tenha rendido ótimas duplas no passado – Dustin e Steve, Joyce e Hopper, Nancy e Jonathan – essa dinâmica também costuma gerar problemas estruturais.

Dado o tamanho do elenco, Stranger Things rapidamente lembra por que é, ao mesmo tempo, uma bênção e uma maldição. Por um lado, acompanhar esses personagens por quase uma década criou um vínculo enorme. Por outro, quando tantos protagonistas disputam o centro das atenções, a narrativa sofre. Esse problema ficou evidente especialmente na 4ª temporada, quando o grupo ficou espalhado entre Indiana, Califórnia e Rússia.

A 5ª temporada mantém Hawkins como cenário central. Mas, mesmo assim, os personagens passam boa parte do Volume 1 separados. Em uma série que cresceu tanto em escala, mitologia e complexidade, essas tramas divididas tornam tudo mais confuso. Mesmo com episódios longos, momentos importantes às vezes só voltam à tela meia hora depois, conforme a história alterna entre os grupos. E com tão poucos episódios restantes, amarrar todas as pontas soltas se torna ainda mais desafiador.

Volume 1 arrisca alto – e vai dividir o público de Stranger Things

Se eu tivesse que resumir o Volume 1 de Stranger Things 5 em uma palavra, seria: ambicioso. Com tantas partes em movimento – Hawkins, o Mundo Invertido, o plano mental de Vecna – os primeiros episódios fazem grandes apostas com os personagens, o que certamente trará divisões na reta final.

Não significa que a temporada final seja cheia de erros: há momentos realmente marcantes. Porém, o longo intervalo entre as temporadas faz com que alguns dos novos acontecimentos não tenham o mesmo impacto emocional de antes. O triângulo amoroso entre Nancy, Jonathan e Steve faz sentido dentro da cronologia, mas ainda precisamos dessa subtrama nove anos depois?

Para além dos romances, há revelações enormes que vão gerar discussões – e reclamações – especialmente entre os fãs que acompanham teorias há anos. Praticamente tudo já foi especulado, então alguns dos grandes momentos da 5ª temporada podem, inevitavelmente, parecer previsíveis.

Ainda assim, é preciso reconhecer: os irmãos Duffer estão correndo riscos, não se escondendo em escolhas seguras. E isso mantém Stranger Things longe de ser uma série entediante. Mesmo que algumas decisões dividam opiniões, ainda há tempo para que o final aconteça de maneira grandiosa.

O Volume 1 da 5ª temporada de Stranger Things já está disponível na Netflix. O Volume 2 chega em 25 de dezembro, e o capítulo final estreia em 31 de dezembro.

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