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Os resultados e a obstinação da jornalista Priscila Krause

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Por Lara Calábria Publicado em 22/09/2025 às 6:00

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POR LARA CALÁBRIA

Jornalista, vice-governadora de Pernambuco, ex-deputada e ex-vereadora, Priscila Krause, construiu uma trajetória pública iniciada ainda aos 26 anos. Filha de Gustavo Krause e Clea Borges, ela é a única entre seus quatro irmãos que uniu a influência familiar ao aprendizado adquirido fora de casa para consolidar uma carreira marcada por resultados. Esposa de Jorge Branco e mãe de Matheus e Helena, Priscila sempre teve como característica a pressa para resolver problemas, pautou sua atuação no congresso pelos direitos dos pernambucanos e consolidou, no governo do estado, sua presença ativa em todas as agendas. Forma, ao lado de Raquel Lyra, a primeira dupla de duas mulheres à frente de uma gestão estadual.

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Priscila Krause, figura de destaque da política pernambucana - Divulgação

Como decidiu entrar para a política?

Na verdade, eu nasci no meio da política. Quando vim ao mundo, em 1978, meu pai (Gustavo Krause) era secretário da Fazenda e no ano seguinte se tornou prefeito do Recife e eu sempre vivi nesse ambiente. Entretanto, meus irmãos também nasceram nesse mesmo contexto, só eu segui a vida política. Mas foi em 1999, durante um intercâmbio, que realmente decidi que era esse o caminho que seguiria. Passei nove meses morando fora e, em uma ligação com meu pai, ele perguntou o que eu pensava da minha vida em relação à política. Era ano pré-eleitoral (2000) e circulavam boatos de que eu poderia ser candidata a vereadora. Pedi alguns dias para refletir e depois disse a ele que havia decidido entrar na vida pública, mas não em 2000, porque eu não me sentia pronta. Eu queria amadurecer, estudar e olhar para o Recife com outros olhos. Assim, decidi que me prepararia para ser candidata apenas em 2004.

Por que escolheu jornalismo?

Foi um processo de descobrimento. No primeiro vestibular, tentei Direito e não passei, mas fui aprovada em Sociologia e comecei o curso. No ano seguinte, fiz novamente vestibular para Direito, passei e cheguei a cursar os dois ao mesmo tempo, até trancar Sociologia e ficar só em Direito.No terceiro ano, percebi que não tinha vocação para ser advogada. Não me via exercendo a advocacia. Precisava de uma profissão que me identificasse, e encontrei isso no Jornalismo. Decidi mudar de curso e me identifiquei totalmente.

Existe arrependimento por ter começado tão cedo a carreira?

Nenhum. Aos 26 anos, com certeza eu ainda não estava totalmente preparada. Até hoje acredito que nossa preparação é contínua, nunca estamos prontos e acabados para desafios. Confesso que no início senti frustração. Eu queria mudar o Recife em 24 horas. Precisei compreender a dinâmica do parlamento e os limites do Legislativo. Foi um processo de aprendizado, até encontrar o equilíbrio entre respeitar os ritos da democracia representativa e imprimir um ritmo mais ágil. Essa ansiedade de mostrar resultados foi grande, mas se transformou em aprendizado. E continua até hoje.

Como foi a relação com seu pai na escolha da profissão?

Com certeza houve influência, tanto dele quanto de minha mãe. Mas foi uma influência de valores, não de direcionamento. Nunca houve cobrança do tipo “você tem que seguir a política” ou “preciso de um filho político para continuar meu mandato”. A verdade é que a primeira referência de política transformadora veio da minha mãe (Clea Borges). Ela sempre me levava nas atividades como primeira-dama, que, na época, cuidava da assistência social. Primeiro na Legião Assistencial do Recife e depois na Cruzada de Ação Social. Eu via que o trabalho dela transformava a vida das pessoas. Por outro lado, também observava meu pai nas reuniões em casa, nas inaugurações, nos atos públicos, e entendi que aquelas discussões eram decisões políticas que resultavam em ações concretas.

Já trabalhou em cargos privados?

Fui estagiária em um escritório de Advocacia. Acabou que essa vivência foi importante para eu ter certeza de que não queria seguir carreira como advogada.

Dentro da gestão pública, em qual área você mais se identifica?

Eu gosto de planejamento, acompanhar metas. Mas o que me motiva mesmo e me põe de pé é gente, fazer as coisas acontecerem para as pessoas. Sou fascinada pela Cultura, Primeira Infância, Direitos Humanos, Assistência Social. São tantas coisas e tantas possibilidades que a gestão pública nos permite estar perto das pessoas que cada dia é uma descoberta nova.

Já sofreu algum tipo de preconceito por ser mulher?

Já sofri e continuo sofrendo. No início, eram dois tipos de preconceito: por ser jovem e por ser mulher. Da juventude, o tempo cuida. Quanto a ser mulher na política, infelizmente ainda não é visto como algo natural. E o ambiente, além de ser majoritariamente masculino, é, muitas vezes, sexista, machista e até misógino. O preconceito não vai acabar do dia para a noite, mas acredito que ele tende a diminuir diante de um fato inquestionável: a presença da mulher na política.

Como é equilibrar maternidade, trabalho, esposo e família?

Sonho com o dia em que não precise mais responder esta pergunta, porque meus colegas homens, vice-governadores ou deputados, nunca tiveram que explicar como conciliavam paternidade, esposa e família com o trabalho. Mas faço questão de responder. A diferença é que a política traz uma exposição maior. Imagine a rotina de uma empregada doméstica: sai de casa às cinco da manhã, muitas vezes não têm creche ou escola em tempo integral para deixar os filhos, cuida da casa dos outros e da própria casa. Uma frentista que exerce uma função que até pouco tempo era só de homens. Ou até uma médica que concilia plantões noturnos com a vida familiar. Então não considero que meu desafio seja maior ou mais difícil que o de qualquer outra mulher. Estamos todas no mesmo barco. O ideal é que exista um pacto familiar e social para que homens e mulheres compartilhem as responsabilidades. Mas sei que nem sempre isso é possível.

O que faz para manter a saúde em dia?

Não tem muita rotina não. Todo dia é animado! Mas eu gosto do que faço, gosto do corpo a corpo. Estar na rua me reenergiza. Quanto à saúde, vivo de regime e sempre digo que preciso fazer mais exercícios físicos. Nunca gostei, mas sei que é necessário. Acabo me matriculando na academia e paro. Graças a Deus, tenho uma saúde excelente, mas reconheço que deveria me cuidar melhor.

O que você diria para a Priscila de 20 anos atrás?

Continue.

Quais os principais desafios de Pernambuco?

O maior continua sendo a superação da pobreza e das desigualdades. Todo o trabalho, como desenvolvimento econômico, educação, saúde e assistência deve ser instrumento para atingir esse objetivo.

Quais os desafios que você considerava críticos e que já resolveu?

Na gestão pública, não existe nada completamente resolvido. É sempre um processo. O que você resolve hoje pode se perder amanhã, se não houver continuidade e monitoramento. O que conseguimos foi mudar o cenário de estagnação, com ausência quase total de investimentos em áreas essenciais como segurança, infraestrutura, habitação e geração de emprego. Hoje enfrentamos de verdade os problemas da vida real dos pernambucanos. É um processo contínuo, mas que avançamos significativamente.

Uma pessoa que te inspira?

Duas: meu pai e minha mãe. São minhas raízes e meu farol.

O que gosta de fazer além das demandas políticas?

Gosto de estar em casa com minha família, cuidar das minhas plantas, brincar com meus cachorros e conviver com meus irmãos e meus amigos.

Quais são seus valores inegociáveis?

Lealdade, respeito, liberdade e integridade.

Como lidar com a vida pública e a vida pessoal?

É um exercício diário de equilíbrio. A vida pública exige muita exposição, mas é importante preservar espaços de privacidade e manter uma rotina familiar sólida. Isso me fortalece para enfrentar os desafios da política.

Quais são seus próximos planos?

Continuar cuidando de gente.

Algum projeto ou programa em andamento?

A segurança pública é o carro-chefe. Essa é uma pauta que acompanhamos de perto, com reuniões de monitoramento constantes. A governadora Raquel Lyra lidera pessoalmente o Juntos pela Segurança. Houve avanços importantes. Estamos no 16º mês de redução nos homicídios, chegamos ao menor número de roubos e furtos da série histórica e colocamos nas ruas 2.299 novos soldados, nossos “Laranjinhas”. Em maio do ano que vem, serão mais 2.250 que já estão em formação.

Conselho aos jovens que sonham em atuar na política?

Um que recebi lá atrás de Marco Maciel, uma das minhas principais referências políticas. Ele dizia: ‘’Devemos buscar sempre, entre o que nos separa, aquilo que pode nos unir, porque, se queremos viver juntos na divergência, que é o princípio vital da democracia, estamos condenados a nos entender." Venham e acreditem no seu potencial. Não se afastem dos seus valores. A política precisa de ousadia, mas também de prudência e, sobretudo, de capacidade de ouvir.

Como é sua relação de amizade com a governadora Raquel Lyra?

Nossa amizade aconteceu de maneira natural. Fomos unidas pelos nossos valores. Raquel é uma pessoa muito especial pra mim e pra minha família. Sou grata a Deus por ter chegado ao cargo de vice-governadora ao lado dela. Nosso dia a dia é leve. Muito já se inventou, de vez em quando dizem que estamos brigadas. Hoje em dia a gente se diverte com isso. Às vezes penso quem é o besta que perde tempo soltando essas peruas.

Um sonho que já realizou e um sonho que deseja realizar:

Desde pequena eu queria ter um cachorro da raça Chiuhaua. Quando casei, meu marido Jorge me deu de presente de um ano de casados. "Pitufo" viveu conosco por 15 anos. E o sonho que ainda tenho, ter vários cachorros em casa. Só tenho um que mora comigo. O outro fica em Garanhuns.

RAIO X

Time: Náutico

Cor: Azul

Lugar: Minha casa

Filme: “Amistad”. de Steven Spielberg

Livro: “O Sari Vermelho — a saga de família Gandhi”, de Javier Moro

Restaurante: Bar do Zaqueu

Chef: Cris, que trabalha comigo

Música: “Todo Azul do Mar”, de Flávio Venturini

Hobby: Cuidar de plantas

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Ao lado da governadora Raquel Lyra, Priscila constrói uma gestão marcada pela presença e seriedade - Divulgação

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