A trajetória pública de Victor Marques
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Por Julliana Brito
Vice-prefeito do Recife, Victor Marques, tem 30 anos e é formado em Engenharia Civil pela UPE. Sua trajetória profissional foi moldada pela gestão pública, em funções técnicas estratégicas. Atuou ao lado de João Campos na Câmara Federal e, depois, como chefe de gabinete na Prefeitura do Recife. Hoje, assume a vice-prefeitura.
Já trabalhou em área privada? Qual a diferença para pública?
No serviço público, a missão é sempre buscar atingir todo mundo, sobretudo aquela parte da população que mais precisa. A grande questão é como priorizar quem está mais vulnerável. Já o setor privado tem muitas virtudes, como a agilidade, a busca por eficiência e o foco em resultados, mas a lógica é outra. No público, cada decisão pode transformar milhares de vidas, e isso dá outro peso ao trabalho.
Qual foi o momento decisivo que o motivou a entrar para a vida pública?
Para mim foi um processo natural. Foi a consciência de que a política é o instrumento mais eficaz de transformação social. Desde muito cedo, vi na minha própria família o exemplo de compromisso com o serviço às pessoas. Quando fui percebendo que podia usar meu conhecimento para resolver problemas concretos da população, entendi que esse era o meu caminho.
O convite para concorrer à vice-Prefeitura?
Não houve um convite formal. Foi fruto daquilo que a população do Recife demonstrava querer: dar sequência e, ao mesmo tempo, avançar no que foi feito na primeira gestão de João Campos. Eu e João temos uma relação de mais de uma década, de trabalho, confiança e sintonia, com visões muito semelhantes sobre o papel da política e da gestão pública. Essa caminhada conjunta mostrou que eu poderia contribuir ainda mais nessa nova função.
Como conheceu João Campos?
Nossos caminhos se cruzaram na universidade, em 2011, durante o curso de Engenharia. Desde então, nossas trajetórias se cruzaram. Nossa relação é de confiança absoluta, sintonia e foco total em tirar do papel os projetos que o Recife precisa.
Sua maior inspiração?
Na política e na gestão pública, me inspiro em grandes líderes, como Eduardo Campos, com sua visão de futuro e coragem de inovar. O presidente Lula é outro exemplo, pela capacidade de tirar milhões de brasileiros da pobreza. Miguel Arraes também é uma grande referência, por ter dedicado sua vida à luta por justiça social. Mas, acima de tudo, a minha maior inspiração pessoal é o meu pai, Zezinho de Sata, que foi vereador em São José do Belmonte. Ele me ensinou que a política só faz sentido quando serve às pessoas. Esse valor, que aprendi em casa, é o que me move até hoje.
Qual sua relação com o governo estadual?
É institucional, focada em garantir recursos e ações que beneficiem a cidade. Sempre vamos colocar o interesse da população do Recife acima de qualquer diferença política.
Como faz para dividir a vida pessoal da atividade pública?
Não é fácil, porque o trabalho exige presença e atenção constante. Mas aprendi que é fundamental ter momentos de qualidade com a família para manter o equilíbrio e a clareza nas decisões. Quando estou com minha esposa, meus irmãos e meus amigos, procuro estar presente de verdade.
Está 24h atento ao trabalho?
Estamos sempre atentos, porque a cidade não para e temos muitas ações para entregar nos próximos anos. Mas também sei que para trabalhar bem é preciso ter energia e foco. Então, busco organizar a agenda para estar 100% no trabalho durante o expediente, mas preservar algum tempo para recarregar.
Como é sua rotina no dia a dia?
Tenho dividido minha agenda de trabalho com visitas a obras da Secretaria de Infraestrutura, reuniões de planejamento e monitoramento, encontros com lideranças políticas, análise de projetos e decisões estratégicas. Mas sempre reservando espaço para estar na rua, ouvindo a população. Isso é essencial, porque quem vive o dia a dia da cidade e das comunidades é que sabe apontar onde a gente pode melhorar.
Qual sua principal missão?
Tirar do papel as obras e projetos que a cidade precisa, com foco em quem mais precisa.
Existe alguma decisão política da qual se orgulha particularmente?
Tenho orgulho de ter participado de uma gestão que dobrou o número de vagas de creche, que entregou três obras de contenção por dia nas áreas de morro e que colocou o Recife na vanguarda em programas como o Compaz e o Embarque Digital.
Como lida com as críticas e oposição política?
Com atenção e muito respeito. A crítica, quando é construtiva, republicana, nos ajuda a melhorar. Faz parte da democracia ouvir e assimilar quem pensa diferente.
As principais prioridades do seu mandato.
Acelerar as obras de proteção em áreas de risco, ampliar a infraestrutura, requalificar espaços públicos, devolvendo-os à população e investir em mobilidade e drenagem.
Qual é o maior problema enfrentado pela população do Recife ?
É desigualdade. Ela está por trás das dificuldades que mais afligem o dia a dia das pessoas, seja na saúde, na segurança ou na educação. Quando a gente acerta na política pública, consegue atacar as causas e os efeitos dessa desigualdade. Cada obra de infraestrutura, cada nova unidade de saúde, cada escola requalificada ajuda a reduzir a desigualdade.
Principais ações foram feitas na saúde?
Na saúde, encontramos um grande gargalo quando assumimos a gestão: uma fila imensa de cirurgias, exames e consultas acumulada pela pandemia. A Prefeitura promoveu mutirões que beneficiaram mais de 70 mil pessoas e inspiraram até o programa Agora tem Especialistas, lançado pelo presidente Lula, aqui no Recife. Hoje, seguimos ampliando os Centros TEA, modernizando o atendimento na atenção básica e construindo o Hospital da Criança.
Ações na área da segurança?
Na segurança, mesmo não sendo atribuição direta do município, o Recife vem fazendo a sua parte. Ampliamos a iluminação em LED, a iluminação pedonal, instalamos mais câmeras de videomonitoramento e criamos espaços públicos de qualidade que estimulam a presença das pessoas nas ruas. E temos políticas sociais que são referência nacional, como a rede Compaz, que une esporte, cultura, educação e cidadania, mostrando que investir em oportunidades é também investir em segurança. Com gestão, inovação e coragem para enfrentar este desafio é que estamos atacando esse problema aqui no Recife.
Como se informa no dia a dia?
Busco estar sempre bem informado, não apenas através da imprensa local e nacional, mas a partir de relatórios técnicos, dados oficiais e, principalmente, com o contato direto com a população. Nenhuma informação é mais valiosa do que ouvir quem vive a realidade da nossa cidade.
Por que a nova Avenida Mário Melo foi inaugurada de madrugada?
Uma avenida tão importante como a Mário Melo, fechada por conta de uma obra também muito importante, precisava ser devolvida ao Recife no primeiro momento em que estivesse pronta. Se ficou pronta à meia-noite, meia-noite foi aberta. A prioridade era garantir que, quando o dia amanhecesse, a população já pudesse utilizar a via, sem depender de uma agenda formal de inauguração.
RAIO X
- Time: Santa Cruz.
- Restaurante: Bar do Tonhão, na Encruzilhada.
- Comida: Baião de Dois.
- Filme: “Um Sonho de Liberdade”, de Frank Darabont.
- Música: “Um Sonho”, da Nação Zumbi.
- Cantor: Luiz Gonzaga.
- Livro: "Churchill: Uma vida", de Martin Gilbert.
- Local favorito: Minha casa.
- Hobby: Cinema.