João Alberto | Notícia

Alegria e dedicação de Juliana Lins

Todas as segundas, a Coluna João Alberto traz entrevistas exclusivas com personalidades que se destacam na sociedade pernambucana

Por Julliana Brito Publicado em 25/08/2025 às 0:00

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Por Julliana Brito

Juliana Lins é produtora, publicitária e comunicadora. Começou a trabalhar aos 13 anos, com seu pai, Tarcísio Pereira, na Livro 7, que movimentava nosso mundo cultural na Rua Sete de Setembro. Acompanhou a fase áurea e também o fechamento da livraria. Seguiu para a Fundação Joaquim Nabuco por sete anos, passou por agências e depois começou a jornada como produtora. Além da competência profissional, Juliana tem uma alegria vista de longe. Com fé na vida, serenidade e felicidade.

Dayvson Nunes/Divulgação
Juliana Lins assina o projeto "Por Dentro" que está sendo feito em parceria com o Social1 - Dayvson Nunes/Divulgação

Como foi sua infância e adolescência?

Leve, viva e cheia de imaginação. Brincava muito na rua com os vizinhos e os amigos da comunidade que ficava atrás da minha casa, éramos todos parte do mesmo universo lúdico. Cresci cercada de livros, sim, mas também de risadas, de joelhos ralados e de muita dança. Fiz ballet clássico dos 8 até os 30 anos. Passei muitos verões em Itamaracá, e essa relação com o mar virou parte de mim. Acho que é por isso que até hoje busco, na correria da vida, aquele mesmo estado de poesia. Foi uma infância muito privilegiada.

Vivenciou a Livro 7?

Era meu quintal afetivo. Era uma cidade dentro da nossa cidade, tinha cheiro de papel novo, vozes apaixonadas por cultura e grandes ídolos meus andando pelos corredores como se estivessem em casa. O fechamento foi uma dor silenciosa. Estava ao lado de painho acompanhando cada tijolo empilhado (a parte alugada foi separada com milhares de livros dentro). Mas também me ensinou sobre ciclos, muito claramente, sobre o que permanece mesmo quando as portas se fecham. Naqueles dias, voltávamos para casa cantando “Madeira de Lei”.

Relação com seu pai?

Sou uma filha completamente apaixonada. Meu pai foi um gigante, sensível e humano. Vive agora, literalmente, num mundo paralelo, mas com a certeza que é no mesmo universo da gentileza, dos sonhos e de um entusiasmo profundo em tudo que se propõe a fazer. Um homem à frente do tempo, que me ensinou a beleza do pensamento e o poder da fé e do afeto. Tínhamos uma conexão profunda.

A referência que vê nos seus irmãos?

Meus irmãos são partes de mim. Cada um com seu brilho, sua história, sua força. São espelhos afetivos sempre conectados pela raiz mais bonita: a nossa família. Tenho duas irmãs no mundo jurídico, uma que é uma grande referência: a desembargadora Federal, Joana Carolina e a outra Maria Julia, uma brilhante advogada que vai seguindo os mesmos passos da nossa irmã, um doce. ela é, além de minha irmã, minha afilhada. Thiago é jornalista e publicitário, um xodó e o mais parecido comigo. Quando os quatro se reúnem é uma risadagem só. Trabalhamos muito, muito mesmo. E conseguir um encontro nosso é sempre um momento super importante.

O que foi mais desafiador em empreender?

A autoaprovação de que era capaz. Que o sonho pode virar realidade. Abrir algo próprio é um ato de coragem diária. Você aposta suas ideias, sua energia, sua crença. O desafio é seguir em frente mesmo nos dias nublados. Eu sou corajosa e nada é impossível para mim. Vou pra cima.

Como começou na produção de eventos?

Fundei a “Vila 7”, com livros infantis, brinquedos de madeira e eventos para crianças, somando mais de 100 festas. Lembro que teve um Natal que o Papai Noel desceu de helicóptero, lotando o local e aí vimos o sucesso dos eventos. Em 2015, a loja foi para o Shopping Recife e passei a produzir eventos infantis. Com o tempo, a Vila 7 ampliou e agregou a produtora V7 com foco em eventos e estratégias no ramo de luxo.

Porque o mercado de luxo?

Na verdade, eu nunca escolhi, aconteceu. Quando me vi, estava colecionando clientes desse nicho e terminei estudando mais esse mercado. Mas o luxo mesmo está nos detalhes, na escuta, na experiência que transforma. Por isso busco o lado afetivo e estratégico de quem está procurando meu serviço.

Qual sua maior inspiração?

Espelho nos meus pais e no meu marido, Carlos Augusto. Mas gosto de pessoas. De histórias de gente que sente, sonha, luta, cria. E também meus filhos, que me lembram todos os dias o valor do presente.

Arquivo Pessoal
Família é essencial para Juliana, ao lado do esposo Carlos Augusto e os filhos Letícia, Carlos, Eduarda e Gabriel - Arquivo Pessoal

Como conciliou a maternidade e a vida profissional?

A maternidade para mim nunca foi um drama. Sempre fui muito organizada com horário e nunca tive uma equipe grande em casa para dar suporte. Tenho muito essa coisa de mãe de brincar, de ter paciência, de estar sempre junto. Eu e Carlos Augusto criamos nossos filhos numa leveza absurda. Sou avesso ao castigo, as punições severas, ao medo. Nosso lema é o diálogo e a verdade. Eles são incrivelmente maduros, leais e de uma visão do mundo muito bacana. Aprendi a me dividir sem me perder e entender que nem sempre dá pra dar conta de tudo, e tá tudo bem.

Quando surgiu a ideia do programa Por Dentro, com o Social1?

Veio da vontade antiga de reviver o que eu vivi muito no Livro 7, os saraus, declamações, declarações, muita música e arte, buscando reviver uma época trazendo as coisas boas que as pessoas têm por dentro. De olhar no olho, ouvir de verdade e tocar o coração das pessoas. E para coroar o projeto, o Social 1 acreditou no formato, criamos algo com alma e encontramos juntos um espaço de conexão real com o público.

O que carrega de mais valioso dos períodos da Livro 7?

A certeza de que a cultura transforma e a ideia de que uma empresa pode ser também um lar de encontros, ideias, de família (fizemos mais de 10 casamentos entre os funcionários). E o mais importante: que a verdadeira herança são hábitos, referências e a bagagem intelectual.

O que mais gosta de fazer no tempo livre?

Tenho uma verdadeira paixão por música, por descobrir novos músicos, compositores e de saber das histórias que estão por trás. Amo cuidar de casa, cozinhar pra minha família, fazer festas, exercícios e dançar meu sambinha. Gosto de fazer gestos para que as pessoas se sintam amadas e cuidadas.

O que é família pra você?

Ô sentimento bom é ter família por perto. Família é afeto que segura, é chão, é ninho, é quem conhece a gente até no silêncio. E além de sangue, é de alma, de coração, de amor e sobretudo, de escolha.

RAIO-X

Time: Sport.

• Restaurante: Lasai e L'Atelier de Joël Robuchon.

• Comida: Tudo, menos vísceras.

• Filme: “Amour”, de Michael Haneke

• Música: “Chega de Saudade” e “Energia”.

• Cantor: Caetano Veloso, Gilberto Gil e Martins.

• Livro: “Noites Tropicais”, de Nelson Motta.

• Local: Praia.

• Hobby: Shows, cinemas e boas conversas.


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