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Kleber Mendonça Filho destaca importância de jovens assistirem a "O Agente Secreto" e refletirem sobre o passado

Longa pernambucano estreia no topo das bilheteiras e reforça o diálogo entre memória, política e juventude no cinema brasileiro

Por Júlia Nascimento Publicado em 10/11/2025 às 10:44

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O novo filme de Kleber Mendonça Filho, O Agente Secreto, estrelado por Wagner Moura, estreou no dia 6 de novembro e já conquistou o topo das bilheteiras brasileiras em seu primeiro fim de semana de exibição.

Mesmo presente em menos salas do que grandes produções internacionais, o longa superou títulos como O Predador: Terras Selvagens e atraiu mais de 100 mil espectadores logo nos primeiros dias. O bom desempenho foi impulsionado pelo burburinho das sessões antecipadas, pela curiosidade em torno do possível representante brasileiro no Oscar 2026 e pelas críticas positivas recebidas após a estreia.

Aclamado por veículos especializados, o longa tem sido descrito como uma obra “profundamente política e ao mesmo tempo sensorial”, que combina o estilo autoral de Kleber, marcado pela ambientação no Recife e pelas críticas sociais, com uma narrativa de suspense e espionagem incomum no cinema nacional.

Divulgação
Cena de "O Agente Secreto" - Divulgação

Jovens e o novo cinema brasileiro

Ambientado no Recife, em 1977, O Agente Secreto mergulha em uma trama densa e simbólica, ambientada nos anos de repressão da ditadura militar. O protagonista, vivido por Wagner Moura, é um especialista em tecnologia que retorna à sua cidade natal e se vê envolvido em uma rede de controle, vigilância e silêncio. Com uma estética cuidadosamente construída, o filme mistura elementos de thriller e drama histórico, explorando o medo, a resistência e o apagamento da memória coletiva. 

Durante uma conversa com a jornalista e crítica de cinema Isabela Boscov, publicada no dia 4 de novembro, Kleber Mendonça Filho destacou o desejo de ver mais jovens e estudantes assistindo ao filme. O diretor ressaltou que compreender o passado é essencial para entender o presente, um dos pilares de sua nova produção.

"Os jovens descobrirem um filme que não é apenas uma história a ser contada, mas também um filme sobre uma determinada história é muito rico", afirmou o cineasta.

Filho de uma historiadora, Kleber contou que seu vínculo com o Recife e a nostalgia por determinadas épocas inspiraram a construção da narrativa. Segundo ele, revisitar espaços e memórias da cidade foi fundamental para capturar o sentimento de vigilância e pertencimento que marca o longa.

Parte de O Agente Secreto foi filmada no tradicional Ginásio Pernambucano, localizado na Rua da Aurora, no Recife. O diretor relembrou a experiência com entusiasmo: “Transformamos a escola em um pedaço de estúdio. Foram duas semanas de filmagens com uma recepção incrível dos estudantes.”

Além do conteúdo histórico e simbólico, Kleber reforçou a importância de compreender como o público jovem se conecta com o cinema nacional e com as novas linguagens audiovisuais.

Acesso e democratização da cultura

Outro ponto abordado por Kleber durante a entrevista foi a distribuição de seus filmes em regiões periféricas e o desafio de ampliar o acesso à cultura no país. O diretor enfatizou que desde seus primeiros longas, Aquarius e Bacurau, busca garantir que suas obras cheguem a públicos que muitas vezes ficam fora do circuito comercial.

“É uma questão de cidadania e de acesso à cultura. Queremos que os filmes cheguem também aos cinemas de bairro e aos espaços públicos”, destacou.

Segundo Kleber, a parceria com a Vitrine Filmes, distribuidora responsável por seus lançamentos, é essencial para que as produções nacionais não se limitem às grandes redes e atinjam diferentes realidades do público brasileiro.

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