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Olinda recebe estreia de filmes sobre o Rio Paratibe e o Coco do Amaro Branco

Mostra audiovisual reúne curtas de Karin Ursula e Sérgio Melo em sessão gratuita no Mercado Eufrásio Barbosa. Saiba mais detalhes sobre o evento

Por Alice Lins Publicado em 14/10/2025 às 19:21

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O cinema pernambucano volta a lançar luz sobre sua cultura e seus territórios com a estreia de dois curtas-metragens na I Mostra Audiovisual Terno da Mata, marcada para esta sexta-feira (17 de outubro), às 18h, no Teatro Fernando Santa Cruz, no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda.

A sessão, gratuita, reúne Vozes do Samba de Coco do Amaro Branco, documentário dirigido por Sérgio Melo, e Contos e Cantos do Rio Paratibe, ficção dirigida por Karin Ursula.

Em Vozes do Samba de Coco do Amaro Branco, Sérgio Melo, sociólogo e produtor cultural, revisita um dos bairros mais emblemáticos de Olinda para registrar a força das sambadas que atravessam gerações.

O filme dá protagonismo à mestras e mestres do coco de roda — Dona Nininha do Coco, 82 anos, Mestre Gervásio, 83, Mestre Arnaldo, 60, Mestre Lu do Pneu, 62, e a saudosa Mestra Beata — ao lado de artistas da nova geração, como Marcela Souza, e percussionistas Mestre Carlinhos Cavalo, Mestre Lu Guaru, e Seu Alvinho.

Narrado a partir das rodas do Coco do Pneu, da Praça do Amaro Branco e da Praia do Carmo, o curta revela como o coco se liga à pesca artesanal, que há décadas molda a identidade do território. O resultado é um retrato afetivo e pulsante de uma cultura que se reinventa a cada batida, entre zabumba, pandeiro, ganzá e o coro das vozes em roda.

Contos e Cantos do Rio Paratibe, assinado por Karin Ursula, doutoranda em Ciência da Informação pela UFPE e produtora cultural, leva o espectador para o manguezal e para o rio que corta Paulista e Olinda.

Misturando ficção, música e religiosidade, o curta traz atores que também são músicos e recria vivências ligadas à história, memória e ao território, transformando o rio em personagem e voz, com a participação de Diego Leon, Nilo Baj, Mestre Barachinha, Márcio Rastaman, Juninho do Coco, Grupo Indígena Fulni-ô Flishimaya, Luciano Dias e Thiago Ferraz.

Divulgação
Contos e Cantos do Rio Paratibe - Divulgação

“A ideia é percorrer o Rio Paratibe, delineado pelas consequências da colonização e dominação do corpo humano pelos dogmas, luta de classes, trabalho escravo e exploração do corpo feminino”, diz a diretora.

“O filme traz muitos recado, mas tem como plano principal o meio ambiente, onde o protagonista Jerônimo se encontra com diversos desejos de reparação histórica em 500 anos de ocupação territorial, incrivelmente atuais. Ficamos felizes com o resultado”, completa a diretora. O projeto incentivado pela Lei Paulo Gustavo - LPG já realizou contrapartida social de exibição na Escola Municipal Cônego Costa Carvalho em Paulista-PE, com apoio da Gestora Escolar Taciana Ferreira e no Terreiro Axé Talabi, Patrimônio Vivo de Pernambuco, com apoio de Mãe Aline, Mãe Lu e Pai Júnior.

A I Mostra Audiovisual Terno da Mata é realizada pela Terno da Mata Produções, com apoio da FUNDARPE, Governo de Pernambuco e Mercado Eufrásio Barbosa. Incentivo da Lei Paulo Gustavo do Município de Olinda (LPG), Lei Paulo Gustavo do Município de Paulista (LPG), Ministério da Cultura e Governo Federal.

A Mostra coloca lado a lado duas obras distintas, mas atravessadas por uma mesma preocupação: a preservação da memória. Se em Amaro Branco o foco está na continuidade do coco como prática comunitária, no Paratibe o olhar se volta para o impacto ambiental e espiritual e social de um rio que molda o cotidiano das populações ribeirinhas. Juntas, as produções reafirmam a vocação do audiovisual pernambucano de valorizar a tradição e o território, aproximando o público daquilo que compõe sua identidade.

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