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A "tríade da luz": conheça o lado bom da humanidade

Entenda o que é a "tríade da luz", conceito desenvolvido pelo psicólogo norte-americano Scott Barry Kaufman e seus colegas, com três traços positivos

Por Laura Martiniano Publicado em 09/07/2025 às 16:54

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Com guerras, polarização política, catástrofes ambientais e redes sociais tomadas por más notícias, é fácil se perguntar: onde foi parar a bondade humana? Para muitos, a resposta parece sombria. Mas segundo o psicólogo e professor de psicologia positiva Christian van Nieuwerburgh, da RCSI University of Medicine and Health Sciences, é justamente nesses momentos difíceis que devemos relembrar a luz que existe em cada um de nós.

Em artigo publicado no site The Conversation, Nieuwerburgh apresenta o conceito da "tríade da luz" (light triad), um contraponto direto à conhecida tríade sombria (dark triad), que reúne características como narcisismo, maquiavelismo e traços de psicopatia – geralmente associadas ao egoísmo, manipulação e à falta de empatia.

“Com o hábito do doomscrolling (rolar infinitamente por más notícias) e nosso viés natural para o negativo, começamos a duvidar da bondade das pessoas”, explica Nieuwerburgh.

A ciência por trás da bondade

O conceito da tríade da luz foi desenvolvido pelo psicólogo norte-americano Scott Barry Kaufman e seus colegas. Ela reúne três traços positivos:

  • Kantismo: tratar as pessoas como fins em si mesmas, e não como meios para um objetivo.
  • Humanismo: acreditar no valor e na dignidade de cada ser humano.
  • Fé na humanidade: confiar que as pessoas, no geral, são boas.

“Esses aspectos positivos da personalidade são ‘tão dignos de atenção e cultivo quanto os traços sombrios’, especialmente em uma sociedade que, às vezes, esquece que há bondade não só no mundo, mas também em cada um de nós”, destaca Kaufman em texto citado por Nieuwerburgh.

Segundo o professor da RCSI, reconhecer tanto nossos aspectos sombrios quanto os luminosos é essencial para uma visão mais equilibrada da natureza humana.

“Somos capazes de atos incríveis de gentileza e compaixão, tanto quanto de egoísmo e crueldade. A natureza humana não é preto no branco”, diz.

Como cultivar a tríade da luz no dia a dia?

No artigo, Nieuwerburgh compartilha cinco atitudes simples que ajudam a reacender a esperança na humanidade — e, de quebra, fortalecer nossa própria saúde mental:

Pratique pequenos gestos de bondade

Deixar alguém passar na fila, dar passagem no trânsito ou simplesmente sorrir. Pequenas atitudes têm grande impacto no bem-estar alheio e no seu próprio.

Mostre compaixão – inclusive com você

Comece exercitando autocompaixão: seja gentil consigo mesmo em momentos difíceis. Isso se estende aos outros, com paciência, empatia e escuta atenta.

Espalhe positividade

“Ao invés de compartilhar notícias ruins nos seus grupos do WhatsApp, que tal divulgar histórias inspiradoras da sua comunidade?”, propõe.

Mudar o foco do que compartilhamos pode ajudar a reequilibrar o excesso de negatividade que consumimos todos os dias.

Escute de forma intencional e radical

Em tempos de distrações constantes, ouvir alguém com atenção genuína é um presente. Nieuwerburgh destaca a importância da escuta radical como ferramenta de conexão humana. “Ser verdadeiramente ouvido faz a pessoa se sentir vista, valorizada e reconhecida”, afirma.

Conecte-se por meio da comunidade

Ações como voluntariar-se, participar de eventos locais ou até organizar um café entre vizinhos podem reforçar nosso senso de pertencimento e propósito.

Redescobrindo a fé na humanidade

Segundo Christian van Nieuwerburgh, é justamente nas horas mais difíceis que devemos lembrar da capacidade humana para o bem:

“Cada ação positiva e cada conversa significativa contam. Ao escolhermos ser compassivos, escutar radicalmente e enxergar o melhor nos outros, damos o primeiro passo para reacender a esperança em nossa humanidade compartilhada.”

O artigo completo foi publicado no portal The Conversation sob o título "The light triad: psychology’s answer to our darkest fears about people", escrito por Christian van Nieuwerburgh, professor de Coaching e Psicologia Positiva da RCSI University of Medicine and Health Sciences.

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