Carlinhos de Jesus se apresenta na primeira edição do Mirante Dançante, no Recife, e fala sobre diagnóstico de doença autoimune
O dançarino e coreógrafo se junta à bailarina Andrea Carvalho na primeira edição de um evento que promete agitar o cenário cultural da cidade

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O projeto Mirante Dançante promete tornar o Mirante do Paço um ponto de encontro para amantes de dança de salão. Com sua primeira edição marcada para este sábado (27), o evento traz na programação a Orquestra Super Oara, Los Cubanos e um bailarino e coreógrafo referência no Brasil: Carlinhos de Jesus.
Atualmente se locomovendo com o auxílio de uma cadeira de rodas, o dançarino se junta à bailarina pernambucana Andrea Carvalho, que está à frente do projeto, e faz questão de deixar claro que veio para ficar e pretende marcar presenta em todas as próximas edições do Mirante Dançante — em um futuro próximo, quem sabe, já sem a cadeira de rodas.
Pela primeira vez, durante coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (26), o bailarino surgiu em público de pé, fora da cadeira, e até deu alguns passos de dança. Essa demonstração, justamente no Recife, é emblemática por sua história com a cidade. Foi por causa dela que ele passou a enxergar a dança com um olhar de maior seriedade e profissionalismo: "Quando eu começo a trabalhar com a dança, eu ainda não tinha alcance do quer ela poderia se tornar e do que minha vida se tornaria. Foi no Recife, em um evento de Andrea, que eu fiz parte de uma banca examinadora para aprovar dançarinos a tirarem a carteira no sindicato".
Essa foi a primeira prova pública de dança de salão, criada por Andrea. Antes disso, conforme ela reforça, não havia muito parâmetro para decidir quem poderia se declarar um professor de dança. "Recife é a primeira cidade do Brasil a oficializar o dançarino. O Rio não quis fazer, mas eu fiz para mim. Na minha carteira profissional está: artista dançarino de show, reconhecido pelo Ministério do Trabalho"
Diagnóstico de doença autoimune
Carlinhos de Jesus é, desde 2022, diagnosticado com neuroradiculopatia desmielinizante crônica, uma doença autoimune que gerou os sintomas que comprometem sua mobilidade. "A dança me aliviou muito. Tenho 72 anos, tenho uma estrutura corporal muito bem formada, no sentido de alicerce, de musculatura [...] Eu tenho uma capacidade de recuperação muito alta por causa da dança. Não foi a dança que me trouxe a isso", esclareceu o bailarino.
"Tô fazendo um tratamento muito caro, mas quero lembrar que qualquer ser humano pode ter acesso. O SUS tem o tratamento que eu faço. Eu faço infusão de imunoglobolina [...] Fico muito fragilizado quando faço a infusão, fico totalmente sem imunidade, então são cuidados que tenho que manter. A medicina, os médicos, papai do céu e a torcida brasileira é que vão me curar", disse.
Próximas edições do Mirante Dançante
Andrea e Carlinhos já deram alguns spoilers: em 25 de novembro e 31 de janeiro, o Mirante do Paço vai se abrir novamente para o Mirante Dançante, sempre trazendo a presença do coreógrafo e, como atrações, dançarinos e músicos pernambucanos.