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Antonio Mendes inaugura exposição "Vestígios de um Tempo Não Linear" na Casa Guita, em Olinda

Mostra com curadoria de Filipe Campello celebra os 60 anos do artista pernambucano e propõe uma leitura sensível sobre memória, tempo e pintura

Por Catêrine Costa Publicado em 21/09/2025 às 19:18

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No dia 27 de setembro (sábado), das 14h às 18h, será aberta ao público a mostra Vestígios de um Tempo Não Linear, do artista plástico pernambucano Antonio Mendes, com curadoria de Filipe Campello, filósofo e professor da UFPE. A exposição acontece na Casa Guita, localizada na Rua Saldanha Marinho, 206, em Olinda/PE, e segue até o dia 24 de outubro.

Comemorando seus 60 anos, Mendes apresenta obras que revelam uma trajetória que transita entre o caos e a ordem, entre a memória e o tempo. O artista construiu uma poética marcada pela tensão entre cores vibrantes, traços em expansão e fragmentos de tempo que atravessam suas telas.

A mostra evidencia como Mendes elabora sua pintura a partir de lembranças, afetos e paisagens que retornam em diferentes formas: ora figurativas, ora abstratas. Esses vestígios, longe de se prenderem a uma linearidade, se organizam no que a filósofa Leda Maria Martins define como “tempo espiralar”, um movimento em que passado, presente e futuro se sobrepõem e se reatualizam.

Em Vestígios de um Tempo Não Linear, um episódio familiar ajuda a entender sua poética: ele evoca, por exemplo, a lembrança de seu avô, que, diante da escassez de recursos, ergueu uma cerca com latas de óleo e arame. Essa memória, transportada para a pintura, transforma precariedade em invenção estética, aproximando a modernidade de Rothko e Mondrian, pintores abstratos, do improviso popular.

A exposição não se configura como uma retrospectiva tradicional. Vestígios de um Tempo Não Linear propõe uma leitura aberta e em movimento da obra de Antonio Mendes. Sua pintura é feita de retornos e reinvenções, mostrando que o aparente caos guarda uma ordem própria, sensível, livre e em constante transformação.

“Este momento tem um significado especial para mim. Não é um olhar para trás, mas uma forma de revisitar meu caminho e perceber como cada fragmento da minha história ganha novas camadas e sentidos. É meu modo de dar continuidade ao que nunca se fecha: uma construção em movimento”, destaca Antonio Mendes.

Trajetória do artista

Nascido em Recife, em 1965, Antonio Mendes é artista plástico e também psicólogo. Iniciou seus estudos de desenho e pintura em 1987, com o professor Amaro Crisóthomo, e posteriormente fez cursos no Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco. Frequentou ainda o ateliê da artista Maria Carmem, experiência fundamental para sua estrutura de trabalho.

Ao longo da carreira, participou de várias coletivas e realizou individuais marcantes, entre elas: “Paisagem II” (1993), “Múltiplos” (1997), “Casa Amarela” (2003), “A Persistência da Paisagem” (2012), “Ego em Suspensão e Fragmentos de Luz” (2019) e “Entre dissonâncias e silêncios” (2022).

Sua pintura nasceu ligada à tradição paisagista figurativa, marcada pelos cenários de sua vivência. Com os anos, desloca seu foco para simplificação de formas, com um olhar mais interpretativo.

Serviço

  • Exposição: Antonio Mendes – Vestígios de um Tempo Não Linear
  • Curadoria: Filipe Campello (filósofo e professor da UFPE)
  • Abertura: 27 de setembro, das 14h às 18h
  • Período: Até 24 de outubro de 2025
  • Local: Casa Guita – Rua Saldanha Marinho, 206, Olinda/PE
  • Entrada: Gratuita
  • Mais informações: @atelierantoniomendes

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