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"Segurança virou o tema que mais mexe com o eleitorado", diz diretor da Quaest

À Rádio Jornal, Guilherme Russo diz que megaoperação no Rio ampliou preocupação da população com segurança e afetou avaliação do governo

Por Ryann Albuquerque Publicado em 12/11/2025 às 12:34

O diretor de inteligência da Quaest, Guilherme Russo, avaliou que a mais recente pesquisa do instituto mostra uma interrupção na trajetória de melhora da aprovação do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

“Essa pesquisa mostra um resultado de segurar a aprovação do governo Lula, que vinha subindo. A gente viu agora uma oscilação até negativa na aprovação… parou de crescer como vinha nos últimos meses, e a avaliação piorou um pouco”, explicou, em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, nesta quarta-feira (12).

Russo atribui esse ponto de inflexão, sobretudo, ao recuo da confiança no tema segurança após a megaoperação policial no Complexo do Alemão e na Penha – ação que, segundo dados oficiais da Polícia Civil, terminou com 121 mortos e alcançou 97% da população em conhecimento do episódio.

“A questão da segurança acabou sendo a principal razão que mexeu com o eleitorado”, disse.

Segurança: sensação versus tendência estatística

O diretor ressaltou que, apesar de indicadores criminais mostrarem sinais de queda em homicídios em algumas capitais, a percepção pública de insegurança cresceu.

“A gente tem dados de que homicídios até caíram no Brasil, mas a preocupação da população e a sensação de segurança cresceu.”

Na pesquisa, o ponto que mede a segurança como principal problema do país saltou de 30% para 38% – uma mudança que, na avaliação de Russo, alterou o humor do eleitorado e contribuiu para estagnar a aprovação do Planalto.

Russo classificou a segurança como um tema especialmente sensível para governos de esquerda.

“É sempre uma área, um tema muito complicado para os governos, especialmente de esquerda, porque a população tem preferências de leis mais rígidas, e isso muda um pouco do humor da população em relação ao governo.”

Ele lembrou também que há propostas no Congresso, citou a PEC da segurança, que indicam o quanto o tema ganhou centralidade no debate público.

Confira a entrevista completa: 

Independentes

O cientista político destacou que os eleitores independentes – que representam cerca de 10% do total, concentrados nas capitais do Sudeste e nas classes C e D – têm sido determinantes na oscilação do cenário político.

Segundo ele, trata-se de um grupo pequeno, mas altamente sensível a fatores imediatos do cotidiano, como a inflação e a segurança pública.

“É um segmento que muda muito de posição, reage rápido ao que acontece. A inflação pesa, o bolso fala alto, mas grandes notícias também mexem com esse eleitor, como foi agora o impacto da megaoperação, que teve forte repercussão”, observou.

Redes sociais, TV e o enfraquecimento do bolsonarismo digital

Outro ponto que Russo explorou foi a mudança na forma como diferentes bolhas políticas se informam.

Entre eleitores ligados a Bolsonaro, ele apontou queda no uso de redes sociais como principal fonte de informação, de 51% para 42%, e crescimento do peso da televisão (28% para 31%).

Já na direita não bolsonarista, o movimento foi oposto: redes sociais subiram de 41% para 49% enquanto a TV caiu de 33% para 23%.

Para Russo, parte desse rearranjo se explica pela ausência de Bolsonaro nas redes sociais e pelo fortalecimento de portais, blogs e canais do ecossistema de direita:

“Os bolsonaristas perdem um pouco da relevância das redes sociais e começam a buscar outros meios… os blogs são muito importantes nessa bolha, nesse ecossistema da direita.”

Essa reconfiguração informacional, segundo ele, pode afetar a velocidade e o alcance das narrativas políticas nos próximos meses.

O que deve fazer o governo

Ao final, Russo avaliou que a segurança pública deve ocupar posição central na agenda do governo, tanto nas ações quanto no discurso, diante da crescente sensibilidade do eleitorado ao tema.

Ele ressaltou ainda que a disputa eleitoral segue aberta e que o comportamento dos independentes e das novas bolhas de informação será determinante para definir os rumos de 2026.

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