Metanol: entenda como bebidas alcoólicas adulteradas afetam o organismo
Autoridades de saúde alertam para um aumento incomum de casos de intoxicação. Entenda o que é o metanol e como ele pode levar à cegueira e a morte

O Brasil está enfrentando um surto incomum de intoxicações por metanol, associado ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Normalmente, o país registra cerca de 20 casos por ano, concentrados em populações vulneráveis, como pessoas em situação de rua ou trabalhadores expostos a álcool industrial. No entanto, a situação atual foi classificada como "anormal" pelas autoridades, pois as ocorrências envolveram bares, adegas e vítimas de diferentes perfis sociais.
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O que é o Metanol e por que ele é tão perigoso?
O metanol é um tipo de álcool industrial altamente tóxico, muito mais perigoso que o etanol, o álcool presente em bebidas comuns. Trata-se de um líquido incolor e inflamável, com um cheiro muito parecido com o do álcool comum, o que torna sua identificação a olho nu extremamente difícil. Seu uso industrial é vasto, servindo como matéria-prima para solventes, tintas, plásticos e combustíveis.
O grande perigo reside em como o corpo humano o processa. Quando ingerido, o fígado transforma o metanol em duas substâncias devastadoras: primeiro em formaldeído (um produto químico usado na conservação de cadáveres) e depois em ácido fórmico. O consumo de metanol nunca é seguro, e pequenas quantidades podem ser letais.
Da intoxicação à cegueira permanente
Um dos efeitos mais trágicos e característicos da intoxicação por metanol é a cegueira. Isso ocorre porque o ácido fórmico ataca diretamente a retina, a parte do olho responsável por captar a luz. A retina precisa de muita energia para funcionar e, por isso, possui uma alta concentração de mitocôndrias. O ácido fórmico danifica essas mitocôndrias, causando a morte das células e, consequentemente, uma perda de visão que pode ser permanente, mesmo que a pessoa sobreviva à intoxicação.
Origem do contaminante: adulteração criminosa
O metanol pode aparecer em bebidas de duas formas. A primeira é natural, em quantidades residuais e seguras durante o processo de fermentação de frutas e vegetais, com limites controlados pelo Ministério da Agricultura.
A segunda, e mais perigosa, é a adulteração criminosa. O risco maior acontece quando falsificadores adicionam metanol deliberadamente às bebidas para reduzir os custos de produção e aumentar o teor alcoólico dos produtos de forma barata. A ingestão de apenas 10 ml de metanol puro (cerca de 8 gramas) já é suficiente para causar uma intoxicação grave.
Tratamento e a luta contra o tempo
Diante de uma suspeita de intoxicação por metanol, o atendimento médico imediato é essencial para reduzir os danos e aumentar as chances de sobrevivência. O tratamento em ambiente hospitalar pode incluir intubação, ventilação mecânica e diálise para filtrar o sangue.
Existem também medicamentos específicos, como o fomepisol, que inibe a produção do tóxico ácido fórmico. Curiosamente, em alguns casos, o próprio etanol (álcool comum) pode ser administrado como antídoto, pois ele compete com o metanol no metabolismo, retardando a transformação da substância em seus componentes tóxicos e dando mais tempo para o corpo eliminá-la.
*Texto gerado com auxílio de IA a partir de conteúdo autoral da Rádio Jornal com edição de jornalista profissional