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'12 por 8 já não é sinal que está tudo perfeito, mas não é catastrófico', alerta especialista sobre pressão arterial

Nova diretriz reforça cuidados com hábitos de vida; especialista explica impacto da ansiedade, do exercício e até do café na pressão arterial

Por Maria Clara Trajano Publicado em 30/09/2025 às 16:29

Durante décadas, o 12 por 8 foi sinônimo de pressão perfeita — virou até expressão popular para resumir que a saúde ia bem. Mas essa referência mudou. Agora, segundo novas diretrizes médicas, esse índice deixou de ser considerado “normal” e passou a representar um estado de pré-hipertensão. A alteração não significa doença, mas exige atenção.

“O 12 por 8 hoje não é mais doença, mas um estágio de pré-intervenção. Se nada for feito, há risco de evolução para hipertensão”, explicou o cirurgião cardiovascular Fernando Figueira, diretor do Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência do Ministério da Saúde, em entrevista à Rádio Jornal.

O que significa o novo parâmetro

A mudança busca alertar médicos e pacientes para a importância de intervir cedo. “O profissional de saúde, ao encontrar 12 por 8, deve orientar o paciente a praticar exercícios, perder peso, controlar fatores de risco como fumo, estresse e alimentação rica em gordura, além de cuidar do sono”, afirmou Figueira.

Não se trata de iniciar medicamentos. “É fundamental reforçar: 12 por 8 não indica uso de remédios. O caminho é investir em medidas não farmacológicas e acompanhar mais de perto”, destacou o especialista.

Cuidados recomendados para quem está em pré-hipertensão:

  • Praticar atividade física regular;
  • Reduzir o consumo de sal e gordura saturada;
  • Manter o peso adequado;
  • Evitar cigarro e excesso de álcool;
  • Controlar o estresse e dormir bem.

Ansiedade e pressão: qual é a relação?

A vida corrida e a ansiedade são fatores que podem levar à elevação momentânea da pressão arterial. Segundo Figueira, muitas vezes o problema não está no coração, mas no estado emocional.

“Já atendi pacientes que chegavam à emergência com pressão alta apenas por ansiedade. Muitas vezes, bastava acolher, conversar, tranquilizar. Em alguns casos, um ansiolítico reduzia a pressão”, relatou.

O médico lembra ainda da “síndrome do jaleco branco”, quando a pressão sobe só porque o paciente está ansioso diante do médico. Por isso, uma única aferição não basta para diagnóstico.

Exercício físico: aliado direto e indireto

Se há uma medida poderosa para prevenir a hipertensão, é o exercício. “A atividade física melhora a eficiência do coração e relaxa as artérias. Indiretamente, ajuda a controlar peso, açúcar e gordura no sangue, reduz o estresse e melhora o sono”, explicou Figueira.

Ou seja, ao mexer o corpo, o paciente atua em várias frentes que impactam a saúde cardiovascular.

E o café, pode?

Outro ponto levantado na entrevista foi o consumo de café. Um ou dois cafezinhos por dia não costumam causar problemas, mas exageros podem trazer riscos. “Meio litro de café por dia é muito. A cafeína é estimulante, aumenta a frequência cardíaca e pode elevar a pressão”, alertou o cirurgião.

Figueira lembrou ainda que o tipo de preparo faz diferença: o café coado costuma ter mais cafeína do que o expresso.

Um alerta, não um diagnóstico definitivo

Apesar da mudança, o médico reforça que ninguém deve entrar em pânico. “Não existe um valor único de normalidade. Há pessoas com pressão de 10 por 6 que são saudáveis. O importante é acompanhar, sem rótulos precipitados”, disse.

Mais do que números fixos, a nova classificação busca incentivar hábitos de vida saudáveis antes que a pressão evolua para doença crônica.

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