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Crise no trabalho: afastamentos por transtornos mentais quase dobram em Pernambuco em 4 anos

Entre 2020 e 2024, casos ligados à saúde mental saltaram de 6.800 para 11.800 no estado, consolidando Recife como epicentro do problema

Por João Carneiro Publicado em 22/09/2025 às 11:36 | Atualizado em 22/09/2025 às 11:41

O mundo do trabalho em Pernambuco enfrenta um cenário alarmante de deterioração da saúde mental. Nos últimos quatro anos, os afastamentos motivados por transtornos mentais e comportamentais praticamente dobraram no estado.

Dados revelados pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, uma iniciativa Smart Lab, mostram que entre 2020 e 2024, os registros de benefícios previdenciários ligados à saúde mental aumentaram de 6.800 para 11.800 casos. A capital, Recife, concentrou 2.816 concessões apenas em 2024, destacando-se como epicentro dessa crise.

Segundo Melícia Carvalho Mesel, Procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco e Coordenadora Regional de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho, esse crescimento não se limita ao contexto local, sendo parte de uma crise de saúde mental em escala nacional e mundial.

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Aumento exponencial: mais de 470 mil afastamentos no país

A crise é sentida em todo o território nacional. Apenas em 2024, o país registrou mais de 470 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais. A Procuradora ressalta que esses números, por si só alarmantes, não refletem a realidade completa devido à subnotificação dos casos.

Os diagnósticos mais frequentes em 2024 indicam que o problema transcende o "cansaço" ou a "pressão normal do mercado". Os transtornos ansiosos e os episódios depressivos representaram mais da metade dos casos. O transtorno depressivo recorrente, reações ao estresse grave e transtornos de adaptação também tiveram grande destaque, somando mais de 25% dos afastamentos.

A gravidade do panorama atual ecoa a previsão da Organização Mundial da Saúde (OMS) feita em 2009, que indicava que a depressão seria a doença mais comum do mundo até 2030.

A raiz do problema: gestão abusiva e condições inseguras

Para a procuradora Melícia Carvalho Mesel, a origem do problema está diretamente ligada às condições de trabalho. São as condições inseguras, desfavoráveis e aquelas que não respeitam a saúde física, a saúde mental, e as características pessoais dos trabalhadores.

A gestão focada em métricas excessivas é um fator chave no adoecimento:

"Condições que sejam ali o reflexo de uma gestão que a gente chama de gestão abusiva, gestão que é por meta, por produtividade, por lucro".

O trabalho, infelizmente, tem se configurado como um cenário para esses adoecimentos e para afastamentos prematuros, levando a licenças e aposentadorias precoces.

Setores específicos lideram os afastamentos por transtornos mentais, incluindo:

  • Bancos
  • Hospitais
  • Administração Pública
  • Teleatendimento (Teleendimento)

Impacto na produtividade e atuação do MPT

O impacto da crise de saúde mental vai muito além da esfera individual. Em 2024, Pernambuco perdeu quase 18 milhões de dias de produtividade. Desse total, mais de 1 milhão e meio de dias estão diretamente ligados ao ambiente de trabalho.

Apesar de o país possuir legislação ampla voltada à prevenção de riscos psicossociais, a principal dificuldade reside na efetiva aplicação dessas normas. O MPT reconhece que o país está "muito bem municiado" de leis, mas é necessário colocar em prática o que as normas exigem.

O MPT atua em duas frentes para combater a problemática:

  • Preventiva: Focada na conscientização e na criação de políticas de gestão de riscos.
  • Repressiva: Aplicada quando as empresas se omitem, instaurando investigações e ações civis públicas para punir os responsáveis.

A pesquisa completa sobre o cenário de afastamentos pode ser conferida no site smartlabbr.org.

Texto gerado com auxílio da IA a partir de uma fonte autoral da Rádio Jornal

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