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Segurança Pública: Socióloga faz alerta para desafios além dos números em Pernambuco

Apesar da redução de homicídios e reforço policial, especialista critica otimismo e defende investimento em investigação e direitos sociais

Por Com informações da Rádio Jornal Publicado em 08/09/2025 às 11:45 | Atualizado em 08/09/2025 às 11:45

Na coluna 'Segurança' do programa 'Balanço de Notícias' da Rádio Jornal, a socióloga e coordenadora do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares, Edna Jatobá, ponderou sobre os recentes anúncios do governo estadual a respeito da queda de índices de criminalidade e o aumento do efetivo policial, destacando a complexidade do cenário e a necessidade de uma abordagem mais abrangente.

Confira coluna na íntegra

Além do Efetivo Policial

O governo de Pernambuco anunciou a inclusão de quase 2.130 novos soldados da Polícia Militar nas ruas, parte de um plano para ter 7.000 agentes de segurança no estado até 2026. Para Edna Jatobá, a presença ostensiva de uma polícia bem treinada é, sem dúvida, benéfica: "Claro que a presença ostensiva da polícia, de uma polícia quando é bem treinada e se sente do seu papel, ela vai beneficiar a população, ela vai reduzir os índices da violência e ela tende a aumentar a sensação de segurança. Isso é fato". No entanto, a socióloga ressaltou um ponto crucial: "Quando o problema chega ao ponto de precisar ser resolvido apenas com polícia, é porque todo o resto falhou".

Edna Jatobá enfatizou que a polícia atua no momento em que "tudo deu errado", sublinhando que o recompletamento dos quadros da polícia ostensiva deve ser acompanhado de outras medidas. Ela lembrou que a questão da segurança vai muito além do trabalho da Polícia Militar, passando por questões sociais como acesso à cidade, renda, trabalho, educação e saúde. Segundo a especialista, "a gente precisa ter o recompletamento de uma polícia bem treinada, mas a gente precisa também ter ações que deem base a uma sociedade que se construa de maneira mais segura".

Outro aspecto fundamental destacado pela socióloga é a necessidade de investimento na polícia investigativa. Para ela, sem investigação, há impunidade, o que cria um ambiente propício para a atuação de grupos criminosos. "Sem investigação, a gente tem impunidade e com impunidade a gente tem mais oportunidade [...] dos grupos criminosos atuarem, porque se sentem à vontade", afirmou Jatobá. Ela defendeu que os crimes precisam ser reprimidos e investigados para que a "conta" de cometer um crime seja mais alta para o infrator, aumentando a chance de ser pego. A socióloga defendeu, assim, um equilíbrio entre a ação policial ostensiva e a investigativa, além de uma balança entre a repressão policial e a promoção de outros direitos da população pernambucana.

Redução dos Homicídios

Recentemente, o governo de Pernambuco divulgou que o estado completou 16 meses consecutivos de queda nos homicídios, registrando o melhor agosto da série histórica em crimes patrimoniais. Dados preliminares indicaram uma redução de 6,5% nas mortes violentas intencionais em agosto de 2025, com 258 registros, 18 vítimas a menos que em agosto de 2024. No acumulado entre janeiro e agosto, a redução foi de 11,1% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Crimes violentos contra o patrimônio também apresentaram queda, com agosto de 2025 registrando o menor número para o mês em toda a série histórica, uma redução de 15,6% em relação a agosto de 2024.

Apesar dos números, Edna Jatobá expressou ressalvas quanto à celebração. "Cada vida que se é salva [...] deve ser valorizado e comemorado", reconheceu. Contudo, ela alertou que "a gente não pode comemorar o fato de Pernambuco figurar ainda entre os estados com maior índice de violência letal do Brasil". Jatobá descreveu a redução como "tímida" e insuficiente, argumentando que é preciso observar uma série histórica mais ampla, não apenas recortes de tempo que possam gerar informações positivas.

A socióloga questionou a meta do governo de reduzir 10% da violência letal por ano até 2026, indicando que, ao somar todos os dados, a perspectiva é de que a meta não seja alcançada. "Pernambuco é um estado extremamente violento, as pessoas têm medo dessa violência e é um estado onde as pessoas, a sensação de insegurança ainda é muito alta", pontuou Edna Jatobá, lembrando que Pernambuco oscila entre os cinco estados mais violentos e tem pelo menos duas cidades entre as dez mais violentas do Brasil. Ela concluiu que, diante do "quadro de barbárie" no estado, a redução, embora bem-vinda, é insuficiente e que os esforços precisam ser permanentes e estratégicos para tirar Pernambuco desse ranking negativo.

*Texto gerado com auxílio da IA a partir de uma fonte autoral da Rádio Jornal, com edição de jornalistas profissionais.

 

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