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Presidente da Condepe/Fidem não garante aprovação de plano de desenvolvimento da RMR em 2026

Em entrevista ao Giro Metropolitano, Diogo Bezerra detalhou ações à frente da Condepe/Fidem e os planos para a Região Metropolitana do Recife (RMR)

Por Pedro Beija Publicado em 06/09/2025 às 12:00

Em entrevista ao programa Giro Metropolitano, do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC), veiculado neste sábado (6), o presidente da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem), Diogo Bezerra, afirmou que o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Recife (PDUI-RMR) corre risco de não ser aprovado até o final de 2026, por conta do ano eleitoral.

Diogo, no entanto, afirmou que o plano está em pauta na Condepe/Fidem e pode ser concluído até o final de 2026, mas ressaltou que o impacto do calendário eleitoral tende a reduzir o espaço da pauta técnica no Legislativo.

“Eu acho que em 2026 é possível a gente finalizar. Eu não sei se vai ser o momento de apresentar à Assembleia, até porque há discussões, é um ano eleitoral, então há todo um processo onde a Assembleia volta o seu olhar, apesar da importância”, declarou.

O Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Recife é discutido há pelo menos duas décadas e voltou à pauta após a reativação do Condepe/Fidem, em março deste ano.

Diogo destacou que a revisão do plano tem como foco central a mobilidade urbana, destacando que o tema é hoje a principal demanda da população.

“O grande anseio é ter transporte mais eficiente, e 80% das pessoas ainda dependem do ônibus. Precisamos de corredores exclusivos e integração entre Estado e municípios”, disse.

De acordo com ele, a Condepe/Fidem está estruturando um plano de mobilidade metropolitana em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que deve incluir simulações técnicas para orientar decisões viárias e melhorar o fluxo de trânsito.

Investimentos na RMR

Ainda na entrevista, Diogo também destacou o plano de investimentos de R$ 1 bilhão anunciado pelo governo estadual para a Região Metropolitana do Recife (RMR). O pacote inclui obras e equipamentos voltados para saúde, segurança, educação e infraestrutura.

De acordo com Diogo, o pacote de investimentos representa um "olhar desenvolvimentista e municipalista" da governadora Raquel Lyra (PSD).

“Esse investimento é fruto das demandas apresentadas e vai contemplar todos os pontos da região metropolitana”, afirmou.

Entre as entregas previstas estão a construção de novas creches, batalhões de polícia, delegacias e maternidades, com destaque para a ordem de serviço da Maternidade de Igarassu, voltada a atender a RMR e a Zona da Mata Norte.

Um dos projetos citados como prioritários é o Arco Metropolitano. Diogo avalia que a obra deve melhorar a conexão entre os municípios, reduzir custos logísticos e evitar sobrecarga viária nas áreas urbanas.

"O Arco Metropolitano é algo que vai conectar de fato mais rápido, não só em termos de tempo, mas em termos de custo as duas regiões, sem a gente ter a questão da mobilidade passando por dentro das cidades", explicou.

O traçado será dividido em dois trechos: da BR-101 até a BR-232, sob responsabilidade do Estado, e da BR-232 até a BR-408, com investimento do governo federal.

Litoral norte e engorda das praias

Questionado sobre as demandas do litoral norte, Diogo destacou que há ações específicas para a região, como uma nova estrada em Itapissuma, que pode viabilizar um distrito industrial no município. Ele também mencionou a revisão do plano diretor de Itamaracá, voltada a estimular o turismo após a retirada do presídio da ilha.

Em relação à engorda das praias, o gestor afirmou que o projeto foi ampliado e hoje contempla todo o litoral, com atenção aos impactos nas cidades da região.

“Se você mexe na engorda de Paulista, pode impactar Itamaracá. Por isso o trabalho precisa ser feito de forma integrada, sob coordenação do Estado e em parceria com as universidades”, destacou.

Diogo ressaltou que a Condepe/Fidem tem atuado em gestão compartilhada com os municípios, apoiando a revisão de planos diretores e solucionando conflitos em áreas limítrofes. Ele citou como exemplo canais e encostas que atravessam mais de um município.

“Quando há um canal entre dois municípios, não adianta cada um agir de forma isolada. É papel do Estado coordenar essas intervenções, assim como no caso de encostas em áreas limítrofes”, explicou.

Transnordestina e novos corredores de desenvolvimento

Diogo também apontou a importância da Ferrovia Transnordestina, que deve fortalecer o Porto de Suape e abrir novas áreas para instalação de indústrias.

“Projetos como a transnordestina e o arco metropolitano abrem corredores de desenvolvimento, permitindo a instalação de novas indústrias e fortalecendo a logística do Estado”, disse.

Ele lembrou que a chegada da fábrica Stellantis impulsionou a participação da indústria no PIB estadual, que hoje responde por cerca de 20%, e que empreendimentos logísticos podem gerar efeitos semelhantes.

Concessão do Metrô do Recife

Outro ponto discutido foi a crise do Metrô do Recife, que enfrenta falhas frequentes e pode ser alvo de uma concessão à iniciativa privada. Segundo Diogo, os estudos feitos pelo BNDES já estão prontos e preveem um aporte inicial de R$ 3 bilhões apenas para recuperação do sistema.

"O metrô teve seu investimento ali na década de 80 e, hoje, a gente vê, de fato, uma falta de condições de manutenção, toda a instabilidade que acontece. E aí vem a necessidade de ter um investimento, um aporte de 3 bilhões para colocar o metrô de pé, não é, nem pensando em nenhum novo investimento, mas pra colocar de pé", disse.

Diogo avalia que o plano de mobilidade que vem sendo elaborado pela agência permitirá a discussão de uma ampliação do metrô do Recife.

"A gente tem que ter um olhar de fiscalização, que é parte do papel do Estado, e o Condepe/Fidem entra dentro do plano de mobilidade com o olhar de observar a ampliação", disse.

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