Debate na Rádio Jornal: especialistas discutem impacto e possíveis soluções à tarifa de 50% dos EUA
Conversa reuniu especialistas e líderes de associações para discutir os impactos profundos dessa medida na economia brasileira; confira

O "tarifaço" de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras entrou em vigor de forma imediata, sem adiamento, gerando grande preocupação em diversos setores produtivos do Brasil.
As tarifas, anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos em 9 de julho, são as mais elevadas entre as impostas a países que exportam para o mercado norte-americano.
A sobretaxa imposta entrou em vigor nesta quarta-feira, 6 de agosto, para mercadorias importadas ou retiradas de armazém para consumo.
O tema foi o centro de um debate aprofundado na Rádio Jornal, na manhã desta quarta, que reuniu especialistas e líderes de associações para discutir os impactos profundos dessa medida na economia brasileira.
Quem participou do debate?
- Guilherme Coelho: Presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (ABRAFRUTAS)
- Bruno Veloso: Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE)
- Márcio Rodrigues: Especialista em comércio exterior e diretor de comércio exterior da Masterboi
- Professor Sandro Prado: Economista e cientista político
- Dr. Eduardo Lobo: Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (AB Pesca)
Diálogo com os EUA e o que fazer agora
Para Bruno Veloso, presidente da FIEPE, o governo americano "acenou uma conversa", mas o diálogo nunca aconteceu.
Nós estamos muito preocupados porque houve esse aceno de diálogo, e ele não está acontecendo. Esse diálogo é fundamental. É um silêncio ensurdecedor", disse.
"Agora, diante de tudo isso que nós estamos observando, precisávamos ter um plano B e pensar a partir do dia 6. Então, a Federação das Indústrias, junto com o SENAI, temos um observatório, que é uma plataforma digital de inteligência", disse.
"Fazemos um trabalho para as prefeituras, Estado, SUAPE, diversas coisas. Fizemos um estudo sobre onde os produtos de Pernambuco impactados poderão ser acolhidos em outros mercados que não sejam os americanos", concluiu.
Impacto do tarifaço no mercado da carne
Márcio Rodrigues, especialista em comércio exterior e diretor da Masterboi, avaliou os impactos da suspensão das exportações brasileiras de carne para os Estados Unidos.
Segundo ele, a medida afeta diretamente o setor e exigirá estratégias para redirecionar a produção a outros mercados.
"Para o mercado da carne, o impacto beira 1 bilhão de dólares. Cerca de 200 mil toneladas que o Brasil previa exportar para os Estados Unidos agora, no segundo semestre. Isso vai ter que ser reacomodado de alguma forma", disse.
Busca por novos mercados
"Dos mercados que ainda faltam ser acessados pelo Brasil hoje, temos Coreia do Sul, Japão e Turquia. O Japão, as negociações estão bem avançadas, e está muito próximo de haver uma liberação desse mercado. A Coreia do Sul também gera expectativa. Eu não acredito que aconteça em 2025, mas talvez em 2026 haja a liberação. E a Turquia está avançando nas negociações", revelou.
Público consumidor de carne no Brasil
"O resto do mundo está de portas abertas, além de termos aqui um público consumidor de mais de 220 milhões de pessoas. O Brasil é um grande consumidor: exporta cerca de 30% daquilo que produz e 70% fica aqui para o consumo interno. Então, temos um enorme mercado interno", argumentou o diretor da Masterboi.