'Eu e Deus tomaremos a decisão', diz Lula sobre PL que reduz pena de Bolsonaro
Em entrevista, presidente disse que Bolsonaro "tem que pagar" por tentativa de golpe, mas evitou confirmar se vetará projeto aprovado na Câmara.
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*Com informações do Estadão Conteúdo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou antecipar, nesta quinta-feira (11), qual será sua posição oficial sobre o Projeto de Lei da Dosimetria. Em entrevista à TV Alterosa, de Minas Gerais, o petista afirmou que a sanção ou veto será definida apenas quando a proposta tramitar por completo no Congresso.
"Quando chegar à minha mesa, eu tomarei a decisão. Eu e Deus, sentado na minha mesa", declarou Lula.
O projeto, aprovado pela Câmara dos Deputados na última quarta-feira (10), reduz as penas para crimes relacionados aos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro. A medida beneficia diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cuja condenação poderia ser reduzida.
"Ele tem que pagar"
Apesar de não confirmar publicamente se vetará o texto, Lula subiu o tom ao comentar a situação do antecessor. Para o presidente, Bolsonaro precisa ser responsabilizado pela ruptura democrática.
"Eu farei aquilo que eu entendo que deva ser feito, porque ele tem que pagar pela tentativa de golpe, pela tentativa de destruir a democracia que ele fez nesse país. Ele sabe disso. Não adianta ficar choramingando agora", disparou.
Nos bastidores, a sinalização é de barreira ao projeto. Segundo apuração do Estadão, o presidente já foi alertado sobre o acordo para a "anistia" a Bolsonaro e indicou a aliados que pretende vetar a redução da pena.
Agora, o texto segue para o Senado, onde deve ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pelo plenário na próxima semana. Na Câmara, o placar foi de 291 votos a favor e 148 contra.
Ministério da Segurança Pública
Também na entrevista com a emissora mineira, Lula afirmou que o governo federal irá recriar o Ministério da Segurança Pública caso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança seja aprovada pelo Congresso Nacional.
A declaração foi dada em entrevista à TV Alterosa, de Minas Gerais. Lula justificou a medida citando a necessidade de reestruturação das forças federais.
"A Polícia Federal tem expertise, tem mais inteligência. Queremos redefinir o papel da Guarda Nacional. Se aprovada a PEC nós vamos criar o Ministério da Segurança Pública", garantiu o presidente.
A fala ocorre um dia após o relator da matéria na Câmara, o deputado pernambucano Mendonça Filho (União-PE), apresentar um relatório com mudanças drásticas em relação ao texto original do Planalto. A proposta do parlamentar foca no fortalecimento dos estados e prevê medidas como a redução da maioridade penal para crimes graves.