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Vídeo: Bolsonaro admite que tentou violar tornozeleira com ferro quente; assista

Gravação mostra tornozeleira danificada e derretida; ex-presidente diz que usou calor do ferro de solda para tentar abrir equipamento

Por JC Publicado em 22/11/2025 às 16:57 | Atualizado em 22/11/2025 às 18:27

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O ex-presidente Jair Bolsonaro confessou, em vídeo, ter usado um ferro de solda para danificar a tornozeleira eletrônica que utilizava desde que foi colocado sob monitoramento judicial.

A admissão consta em um vídeo anexado ao processo e integra o conjunto de provas que embasou a prisão do ex-mandatário neste sábado (22).

Nas imagens, anexadas ao processo pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, o equipamento aparece com marcas de queimadura em toda sua circunferência.

No vídeo, a diretora adjunta do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica questiona Bolsonaro sobre o estado do dispositivo. O ex-presidente responde de maneira direta que havia aplicado calor na estrutura. “Meti um ferro quente aqui”, afirma. Assista abaixo.

Ao ser perguntado que tipo de ferramenta utilizou, diz que se tratava de “um ferro de soldar”, equipamento que atinge altas temperaturas em poucos segundos.

Apesar de admitir que provocou o dano, Bolsonaro afirmou à servidora que não tentou romper a pulseira nem retirar o dispositivo do tornozelo, alegando apenas “curiosidade” diante do equipamento.

No relatório, os agentes apontam que o case da tornozeleira apresentava fissuras e queimaduras compatíveis com a aplicação de calor direto. A pulseira em si não chegou a ser rompida, mas a estrutura do aparelho ficou danificada, o que caracterizou tentativa de adulteração e acionou o protocolo de segurança previsto para esses casos.

De acordo com a Seape, o alarme do dispositivo disparou às 0h07, indicando exposição do equipamento a condições anormais. A central de monitoramento acionou imediatamente a equipe responsável pela escolta do ex-presidente, que se deslocou até o local para verificar a ocorrência.

Pouco depois, os agentes confirmaram que havia violação no case da tornozeleira. A substituição foi realizada às 1h09, cerca de uma hora após o primeiro alerta, para garantir a continuidade do monitoramento eletrônico.

Após a violação do equipamento, o ministro Alexandre de Moraes expediu o mandado de prisão preventiva contra o ex-presidente.

Moraes dá 24h para defesa se explicar

O ministro Alexandre de Moraes deu 24 horas para que a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro se manifeste sobre a violação de tornozeleira eletrônica.

O relatório sobre a violação da tornozeleira foi tornado público pelo ministro junto do vídeo feito durante a vistoria do equipamento.

No despacho, Moraes afirmou que retiraria o sigilo do relatório da Seape e do vídeo de vido a "inúmeras informações errôneas que vem sendo divulgadas sobre a ocorrência da violação".

Aliados falam em 'surto'

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmam que ele estava em "surto" quando usou um ferro de solda para tentar romper a tornozeleira eletrônica. Pessoas próximas à família dizem que Bolsonaro acreditava estar ouvindo vozes vindas do aparelho.

A versão ganhou força após o vídeo em que o ex-presidente admite ter "metido ferro" na tornozeleira vir à tona. Antes disso, alguns aliados negaram publicamente a violação, citada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes para decretar a prisão do ex-presidente.

À Folha de S.Paulo, Renato Bolsonaro (PL), irmão do ex-presidente, disse que não passava de "história da Chapeuzinho Vermelho". Líder do PL na Câmara, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ) afirmou ao Estadão que o episódio mostra como o estado emocional de Bolsonaro está "totalmente alterado".

Aliados afirmam, porém, que Bolsonaro sofreu um surto, mas não planejava fugir. Dizem que, se essa fosse a intenção, ele teria removido a tornozeleira na hora de sair, e não 24 horas antes.

"Se você estivesse com uma tornozeleira eletrônica e quisesse fugir em meio a uma vigília, mexeria no computador de monitoramento do equipamento 24h antes do evento ou cortaria rapidamente o aro segundos antes da fuga, com tudo pronto para zarpar?", questionou o deputado estadual Lucas Bove (PL), aliado de Bolsonaro, pelas redes sociais.

Questionado sobre as imagens do relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do governo do Distrito Federal enviado ao STF, do objeto danificado, o advogado Paulo Bueno, representante de Bolsonaro, disse somente que a tornozeleira foi colocada para "causar humilhação" ao ex-presidente.

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