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Álvaro Porto rebate secretário e diz que governo Raquel Lyra só contratou 25% dos empréstimos aprovados pela Alepe

Em resposta às declarações de Guilherme Cavalcanti, o presidente da Alepe afirmou que gestão Raquel Lyra executou pouco dos recursos autorizados

Por Pedro Beija Publicado em 21/11/2025 às 16:17

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O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Álvaro Porto (PSDB), rebateu, nesta sexta-feira (21), as declarações do secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, em entrevista ao JC, na última quinta-feira (20).

Em nota, Álvaro questionou a responsabilidade do governo pelos atrasos em obras e rebateu a crítica de que “meia dúzia de deputados” estaria travando o empréstimo de R$ 1,7 bilhão solicitado pela gestão Raquel Lyra (PSD).

Álvaro apresentou um quadro detalhado das operações de crédito pedidas pelo Executivo desde 2023. De acordo com o presidente da Alepe, o Legislativo autorizou R$ 11,3 bilhões até o momento, mas, segundo ele, o governo só teria conseguido contratar efetivamente R$ 5,5 bilhões, e que apenas R$ 2,8 bilhões chegaram ao caixa estadual.

"Como se observa, todos os instrumentos de crédito foram colocados à disposição do Poder Executivo, que, até agora, não conseguiu transformá-los em obras. A responsabilidade desta situação não pode ser atribuída ao Poder Legislativo", disse Porto.

Álvaro diz que operação de crédito não poderia ser contratada agora; Governo teme impacto econômico

Na entrevista ao JC, na última quinta-feira, Guilherme Cavalcanti afirmou que a paralisação do projeto que solicita a contratação de empréstimo de R$ 1,7 bilhão traria impacto fiscal imediato, comprometendo previsibilidade orçamentária, cronograma de obras e capacidade de investimento — sobretudo em um momento de desaceleração econômica nacional e de pressão sobre os estados para entregar resultados antes de 2026.

Porto, por sua vez, afirmou que a operação pedida pelo governo é vinculada ao exercício fiscal de 2026 e depende de espaço fiscal a ser definido pelo Tesouro Nacional no próximo ano. Isso significa que, segundo o presidente da Alepe, o empréstimo não poderia ser contratado em 2025, mesmo que fosse aprovado hoje.

Álvaro também questionou declarações da governadora Raquel Lyra (PSD), de integrantes da gestão estadual e de deputados governistas, de que obras previstas para o atual exercício estariam em risco por falta da autorização legislativa.

"É de se perguntar quais obras estão paralisadas ou deixaram de ser feitas pelo Governo do Estado por conta da não aprovação de empréstimos por parte da Assembleia", provocou.

Presidente da Alepe diz que fala de secretário sobre"meia dúzia de deputados" foi "desrespeitosa"

A declaração de Cavalcanti de que “meia dúzia de deputados” estaria travando o projeto foi recebida como afronta pelo presidente da Alepe. Ainda de acordo com a nota enviada ao JC, Porto afirmou que a fala do secretário foi "pouco convencional e desrespeitosa" e exigiu respeito, enfatizando que o Parlamento é formado por 49 deputados legitimamente eleitos.

"A Assembleia repudia a forma pouco convencional e desrespeitosa com que o secretário se referiu a parlamentares definindo-os como “meia dúzia de deputados”. É importante que o secretário Guilherme Cavalcanti saiba que a Assembleia Legislativa de Pernambuco é constituída coletivamente por 49 deputados que exercem mandatos legitimamente assegurados pelos voto dos eleitores de Pernambuco. Nós exigimos respeito"

A resposta de Álvaro ao secretário Guilherme Cavalcanti é mais um capítulo da relação conturbada vivida entre Executivo e Legislativo em Pernambuco. Ao longo da semana, as tensões se acirraram, com as propostas sobre emendas enviadas pela Mesa Diretora da Alepe, o esvaziamento do plenário por parte dos governistas, e a retirada de pauta do empréstimo de R$ 1,7 bilhões.

Ao JC, o secretário Guilherme Cavalcanti afirmou que o atraso na votação do empréstimo compromete o fluxo de iniciativas voltadas para o desenvolvimento de Pernambuco. A Alepe, porém, sustenta que o Executivo aprovou ‘muito e contratou pouco’, ampliando o impasse entre os Poderes.

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