Mendonça Filho critica centralização proposta pela PEC da Segurança e pede enquadramento de facções como terroristas
Em entrevista ao videocast Cena Política, do JC Play, relator da PEC afirmou que país está sem controle do território e comentou eleição local de 2026
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O deputado federal Mendonça Filho (União Brasil-PE), relator da PEC da Segurança na Câmara, defendeu o uso de força policial e o enquadramento de facções criminosas como terroristas. O parlamentar se manifestou após a megaoperação realizada na última segunda-feira (27) contra o Comando Vermelho, no Rio de Janeiro, que resultou na morte de mais de 100 pessoas.
Em entrevista concedida nesta sexta-feira (31) ao videocast Cena Política, do JC Play, Mendonça afirmou que o crime organizado impõe um controle territorial que enfraquece o poder estatal.
"O estado brasileiro está sem controle do território, a gente tem uma soberania meia boca, não é exercida plenamente. As pessoas não têm o direito de ir e vir, barricada nas ruas, cidadão de bem não pode circular", criticou.
Ao comentar o confronto com o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, ele reconheceu que a situação representa um estado de guerra, mas que o poderio do tráfico é enorme. Ele também defendeu que o uso da força é inevitável para a reconquista de territórios.
"Você pode até dimensionar a dosimetria do uso da força, mas o uso da força para reconquistar um território como aquele é indispensável e inevitável. Como você vai enfrentar centenas de traficantes fortemente armados com drone, barricadas, fuzis e 70 mil projéteis? Você entra lá só com planejamento e boa intenção? Impossível. Se entrar sem devido preparo você vai ser massacrado", declarou.
O relator da PEC também foi enfático ao defender o enquadramento de grupos criminosos como organizações terroristas. "Elas devem ser enquadradas sim, pois atuam como organizações terroristas. Sentenciam inocentes à morte, aterrorizam população, estão fortemente armados. Se isso não é organização terrorista, o que seria?", questionou.
PEC da segurança: críticas à centralização
A principal crítica do relator à PEC da Segurança, apresentada pelo governo federal, é a tentativa de centralizar a política de segurança em Brasília. Ele defende o papel dos estados.
"Essa legislação impõe um quadro onde se centraliza toda política de segurança pública. Concordo com a governadora Raquel Lyra dizendo que não dá para fazer segurança pública e concentrar poder em Brasília, porque a luta em defesa da população, o combate à violência, a política de segurança pública está nas mãos dos estados", defendeu.
O deputado defende que o modelo ideal deve ser de cooperação, e não de comando. Para Mendonça Filho, o governo federal deve aumentar os investimentos no setor, especialmente no sistema prisional.
"O governo federal se mostra preocupado, mas tem que colocar dinheiro para financiar equipamento, treinamento e ao mesmo tempo contexto do sistema penitenciário, que é falido, e um dos maiores gargalos que a gente precisa enfrentar", indicou.
Sobre a proposta de alteração do Artigo 5º da Constituição para permitir a prisão perpétua, cogitada pelo deputado Capitão Derrite, Mendonça Filho se declarou favorável.
"É um dilema. Sou contra pena de morte, mas prisão perpétua eu defendo. Mas o artigo 5 é uma cláusula pétrea, há uma discussão sobre se há espaço para modificar ou não. A grande maioria dos juristas entendem que não. Acho que uma modificação como esta ensejaria pelo menos um referendo popular", refletiu.
Disputa local entre João Campos e Raquel Lyra
Questionado sobre as eleições locais de 2026, Mendonça reforçou o apoio à governadora Raquel Lyra.
"Tenho uma posição muito clara, não hesito, sou aliado e apoiador da governadora Raquel Lyra. Acho que ela está fazendo uma gestão extraordinária, muito competente, séria, trabalhadora, pegou o estado no fundo do poço, quebrado, e tudo ela está recuperando. O governo dela está muito bem, as pesquisas começam a mostrar. Ela tem uma aprovação elevada. Então para mim ela é favorita, ela será reeleita governadora de Pernambuco em 2026", apontou.
O deputado ainda criticou a gestão do prefeito João Campos (PSB), possível adversário de Raquel Lyra na disputa pelo governo do estado em 2026.
"Não acompanho a movimentação do prefeito João Campos em relação à sua hipotética candidatura a governador. Acho que há uma grande interrogação ainda presente. Se ele será candidato ou não, não me diz respeito, mas ele tem muita coisa para cuidar no Recife, e como pernambucano, acho que Recife está muito mal cuidado, perdeu tração", criticou.
Opositor ferrnho ao governo federal, Mendonça disse adotar adotar uma postura de cooperação em temas de interesse nacional, criticando a oposição feita à governadora na Assembleia Legislativa de Pernambuco.
"Sou opositor a nível federal, muita coisa eu discordo, critico, cobro, mas tenho espírito de cooperação. Exerço o papel de parlamentar de oposição mas em matéria de interesse público estou alinhado para ajudar. Em Pernambuco ocorre o contrário, tem todo tipo de dificuldade. Os empréstimos tiveram a tramitação mais demorada da história. Nunca houve isso. No caso de Raquel infelizmente ela foi intimidada, hostilizada, fizeram uma verdadeira blitz de ataques, o que para mim é lamentável", comentou.
Federação entre União Brasil e Progressistas
Sobre a federação anunciada entre União Brasil (UB) e Partido Progressistas (PP), o deputado se mostrou cauteloso. "Tenho acompanhado os desdobramentos, e tenho que aguardar. Está na fase final, foi celebrado o noivado, marcada a data do casamento, resta saber se o noivo ou a noiva ficarão esperando um pelo outro na igreja", disse em tom bem humorado.
Como vice-presidente estadual do União Brasil, ele comentou a disputa interna pela vaga ao Senado, que envolve o presidente estadual do partido, Miguel Coelho, e o presidente estadual do PP, Eduardo da Fonte.
"Cada um manifesta sua pretensão e é legítimo. Na hora certa, a gente avalia em que contexto eu me coloco, como sou visto, acolhido, e evidentemente tomarei a posição a partir dessa visão, tanto a nível nacional como principalmente a nível local", finalizou.