Lula prevê acordo comercial com os EUA após reunião com Trump na Malásia
Presidente diz que conversa foi "surpreendentemente boa" e afirma que divergências ideológicas não impedirão avanços nas negociações
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (27), em entrevista coletiva em Kuala Lumpur, estar confiante de que Brasil e Estados Unidos chegarão a um novo acordo comercial em breve.
A declaração ocorreu após a reunião com o presidente norte-americano Donald Trump, realizada no sábado (25), durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia.
“Se depender do Trump e de mim, haverá acordo”, afirmou Lula, ao classificar o encontro como “surpreendentemente bom” e conduzido com respeito mútuo, apesar das diferenças ideológicas entre os dois.
“O fato de termos posições políticas distintas não impede que tratemos a relação entre nossos países com respeito. Ele me respeita porque fui eleito pelo povo brasileiro, e eu o respeito porque foi eleito pelo povo americano”, acrescentou.
O encontro na Malásia foi o segundo contato direto entre os dois presidentes desde que Trump voltou à Casa Branca.
Os líderes já haviam se cumprimentado brevemente durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, e mantiveram uma conversa telefônica semanas depois.
Na ocasião, Lula fez um apelo pela revisão das tarifas impostas a produtos brasileiros, o que abriu caminho para a reunião bilateral.
Tarifas e retomada do diálogo
Durante a conversa de sábado, Lula entregou por escrito as demandas do governo brasileiro e reforçou o pedido para suspensão das tarifas impostas a produtos nacionais, que classificou como “injustas e baseadas em informações equivocadas”.
O presidente afirmou ter mostrado a Trump que os Estados Unidos acumularam um superávit de US$ 410 bilhões na relação comercial com o Brasil nos últimos 15 anos.
Segundo Lula, o republicano demonstrou disposição em resolver o impasse rapidamente e orientou sua equipe a buscar uma solução em poucas semanas.
“Quando duas pessoas querem negociar de verdade, tudo fica mais fácil. Nós dois queremos o mesmo: que Brasil e Estados Unidos voltem a ter uma relação de confiança e benefício mútuo”, declarou.
Política e respeito institucional
Lula afirmou ainda ter rechaçado qualquer tentativa de politização das relações bilaterais e defendeu a solidez das instituições brasileiras. Disse também ter explicado a Trump que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi conduzido “com provas contundentes e base legal sólida”.
“Havia um plano para matar o presidente, o vice e o ministro Alexandre de Moraes. Ele entendeu a gravidade do caso e ficou surpreso com as informações”, relatou Lula.
O petista encerrou a entrevista afirmando que o diálogo foi “franco e respeitoso” e que as divergências ideológicas não devem interferir nas tratativas.
“Quem imaginava que eu não teria relação com os Estados Unidos se enganou. Vai ter — e será uma relação produtiva entre dois países democráticos”, concluiu.
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