Vereadores e protetores cobram políticas públicas para a causa animal no Recife
audiência pública realizada nesta quarta-feira (22) na Câmara Municipal do Recife uniu os vereadores Gilson Machado Filho e Eduardo Moura

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A falta de políticas públicas estruturadas para a causa animal na capital pernambucana e a sobrecarga de protetores independentes foram o foco de uma audiência pública realizada nesta quarta-feira (22) na Câmara Municipal do Recife. A iniciativa uniu os vereadores Gilson Machado Filho (PL) e Eduardo Moura (NOVO) para pressionar o poder público por soluções concretas.
O evento, que debateu o tema “Proteção Animal e Saúde Mental dos Protetores: desafios e políticas públicas”, reuniu especialistas, representantes de ONGs, como Laura Ferraz (Anjos do Poço), e autoridades, incluindo o delegado do DEPOMA, Ademar Cândido.
Na abertura, o vereador Gilson Machado Filho prometeu dar continuidade ao debate. "A gente abraçou essa causa, e posso garantir: essa não será a primeira audiência pública que faremos. Infelizmente, o Recife ainda não possui políticas públicas estruturadas para os animais. A causa animal está abandonada”, declarou o parlamentar.
O vereador Eduardo Moura reforçou a dimensão da crise. “A gente sabe a luta que vocês enfrentam todos os dias. O foco é a causa animal, mas o impacto vai muito além… É uma questão de saúde pública. Vocês fazem um serviço que deveria ser feito e apoiado pelo poder público, por isso nós estamos aqui para cobrar esse apoio”, afirmou.
Sobrecarga e descaso
Durante o encontro, protetores relataram a exaustão e o sentimento de abandono. A protetora Ieda Lins desabafou: “Nós nos sentimos impotentes, precisamos de ajuda, pois o descaso é muito grande.”
As críticas foram direcionadas à inatividade de órgãos e projetos municipais. Foram citados o atraso na conclusão da área 24h do Hospital Veterinário do Recife, a ausência de políticas permanentes de castração em massa e o Conselho Municipal de Direitos e Bem-Estar Animal inoperante.
O delegado Ademar Cândido corroborou o cenário de precariedade, citando as dificuldades da fiscalização. “Somos apenas quatro policiais no DEPOMA e a demanda é muito grande. Se aparece um animal para resgatar, nós não temos para onde levá-lo, não há local disponível. A Prefeitura não oferece um espaço adequado para esses animais,” lamentou.
Laura Ferraz, advogada e representante de ONGs, sublinhou que os protetores mantêm a causa sem apoio financeiro público. “Nós não recebemos um centavo de ente público. Sem a gente, tudo seria um caos. Em outras capitais, há doação mensal de ração aos protetores através da Prefeitura. Queremos isso aqui em Recife também. Fazemos esse trabalho por amor, mas precisamos de ajuda para continuar com qualidade.”
Propostas e adoecimento mental
Os vereadores destacaram ainda o impacto psicológico da falta de suporte na vida dos ativistas. “Muitos estão sobrecarregados e adoecendo mentalmente por conta do descaso. Isso é uma questão de justiça social e de saúde pública. Está claro que a Prefeitura do Recife não tem amor pelos animais, mas eu e Eduardo crescemos ao lado deles e temos muito amor e respeito pela causa,” declarou Gilson Filho.
Ao final da audiência, três projetos de lei foram entregues aos parlamentares, que se comprometeram a acelerar a tramitação. “Eu garanto que esses projetos de lei serão colocados na Câmara ainda neste mês,” disse Eduardo Moura. “Em conjunto, vamos pautar essas propostas a favor da causa animal,” completou Gilson Machado Filho.