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Governo Lula aumentou impostos 27 vezes no terceiro mandato enquanto amplia benefícios sociais

Tema voltou ao debate após Câmara derrubar Medida Provisória que servia de alternativa ao aumento do IOF, eliminando arrecadação de R$ 17 bilhões

Por JC Publicado em 09/10/2025 às 10:40 | Atualizado em 09/10/2025 às 10:41

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O governo federal tem recorrido a uma série de medidas que, na prática, elevaram a carga tributária em diversos setores da economia desde o início do terceiro mandato do presidente Lula (PT). em 2023. Ao menos 27 iniciativas resultaram em aumento de impostos, segundo levantamento do site Poder360.

Entre elas, estão a elevação de alíquotas de importação, o aumento do PIS/Cofins e do IOF, além da criação de taxas adicionais sobre a exploração de petróleo e sobre as mercadorias exportadas via apps estrangeiros. O governo também revogou benefícios fiscais concedidos a segmentos específicos, o que ampliou o peso dos tributos para empresas antes desoneradas.

O movimento integra a estratégia do Ministério da Fazenda de recompor receitas e sustentar o novo arcabouço fiscal.

O tema voltou ao centro do debate político depois que a Câmara dos Deputados decidiu, na última quarta-feira (8), deixar caducar a Medida Provisória que servia como alternativa ao aumento do IOF sobre investimentos e previa também cobranças retroativas de empresas do mercado de apostas esportivas.

Com 251 votos contrários à análise do texto e 193 favoráveis, a maioria dos parlamentares optou por não levar o tema ao plenário, o que, na prática, significou a rejeição da medida. O governo previa arrecadar R$ 17 bilhões em 2026 com a proposta, valor que chegou a R$ 20,5 bilhões na primeira versão do texto.

Confira, a seguir, a lista completa de impostos aumentados pelo governo Lula 3.

2023 - 11 impostos aumentados

  • PIS/Cofins sobre combustíveis: reoneração parcial da gasolina e do etanol;
  • Petróleo cru: imposto temporário sobre a exportação (de março a junho)
  • Créditos tributários: limites para compensação de créditos tributários;
  • Fundos de investimentos offshore: passaram a pagar 15% de IR sobre rendimentos;
  • Fundos exclusivos: passaram a pagar 15% de IR sobre rendimentos;
  • IPI sobre armas e munições: aumento de 29%-55% para armas de fogo e de 13%-25% para munições;
  • Limitação de JCP (Juros sobre Capital Próprio): restrições reduziram a base de cálculo e deduções;
  • Carf: restabelecido o voto de desempate no colegiado;
  • Base de cálculo de PIS/Cofins: retirados os créditos do ICMS;
  • Carros elétricos e híbridos: elaborado cronograma para aumento do Imposto de Importação;
  • Painéis solares: aumento do Imposto de Importação sobre insumos.

2024 - 8 impostos aumentados

  • PIS/Cofins sobre combustíveis: retomada a cobrança integral dos tributos;
  • Impostos sobre benefícios fiscais: fim da isenção do IRPJ e da CSLL;
  • Taxa das blusinhas: tributação de 20% sobre compras de outros países acima de US$ 50;
  • PIS/Cofins: STF reverteu a redução de alíquotas, que havia sido derrubada em 2023;
  • Multinacionais: tributação mínima de 15% sobre o lucro de multinacionais (a partir de 2026);
  • Regulação das bets: outorga de R$ 30 milhões + imposto sobre o faturamento e lucro;
  • Aço e ferro: aumento do Imposto de Importação;
  • Reoneração da folha: reonera gradualmente 17 setores da economia.

2025 - 7 impostos aumentados

  • Perse: fim do programa iniciado na pandemia
  • IOF sobre cartões: aumento de 3,38% para 3,5% para compras internacionais
  • IOF sobre o câmbio: aumento de 1,1% para 3,5% nas compras de papel moeda
  • IOF sobre crédito para empresas: alíquota diária subiu para 0,0082% + taxa fixa de 0,38%
  • IOF sobre seguro de vida: alíquota de 5% sobre aportes mensais superiores a R$ 300 mil
  • IOF sobre FIDC: instituída alíquota de 0,38% sobre aquisição primária de cotas
  • IOF sobre cooperativas de crédito: tributadas como outras empresas no caso de operações acima de R$ 100 milhões/ano

2026 - 1 imposto aumentará

  • Imposto de Renda: isenção para quem ganha até R$ 5.000 e imposto mínimo para quem ganha mais de R$ 50 mil

O levantamento só considerou tributos de grande impacto e que resultaram em aumento consistente de arrecadação por um período prolongado. Foram desconsideradas medidas pontuais, acordos que barraram cobranças e reajustes específicos sobre importação ou exportação com efeito limitado.

Aumento de arrecadação para sustentar benefícios

Segundo o Planalto, o pacote de aumento de impostos é necessário para sustentar programas sociais e recompor as contas públicas. Entre as iniciativas citadas estão o Bolsa Família, o Pé-de-Meia e o recém-criado Gás do Povo.

O aumento da arrecadação ampliou a receita federal ao recorde de R$ 2,71 trilhões em 2024, o maior valor desde o início da série histórica em 1995, mas os gastos públicos também avançaram em ritmo mais acelerado.

Em 2023, a arrecadação havia ficado abaixo da de 2022, em valores corrigidos pela inflação. O déficit nominal atingiu R$ 998 bilhões em 2024, também o maior desde o início da série em 2002. A dívida bruta encerrou o ano em 76,1% do PIB, uma alta de 4,4 pontos percentuais entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024.

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