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Em Caruaru, Janja prega valorização da Caatinga e diz que COP 30 vai além da Amazônia

Em discurso, primeira-dama criticou o presidente norte-americano Donald Trump por negar, na ONU, a existência de mudanças climáticas

Por Rodrigo Fernandes Publicado em 01/10/2025 às 13:23 | Atualizado em 01/10/2025 às 13:26

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A primeira-dama Janja Lula da Silva participou, nesta quarta-feira (1º), da coletiva de imprensa de abertura da Caatinga Climate Week, evento realizado em Caruaru, no Agreste pernambucano, que busca colocar o semiárido no centro do debate climático global.

Janja esteve presente na condição de enviada especial para temas relacionados a Mulheres da COP 30, conferência do clima organizada pela ONU que acontece no mês que vem, em Belém do Pará.

Ela reforçou a importância de se discutir a Amazônia, palco da COP 30, mas lembrou que outros biomas brasileiros também deverão ser discutidos no encontro.

"A COP 30 vai ser no coração da Amazônia, mas não vai ser só sobre Amazônia. Quando se fala no Brasil, se centra muito a discussão sobre Amazônia, masa gente tem no Brasil seis biomas. A Caatinga é um bioma importante que não é reconhecido, assim como a Pampa. Acho que talvez o legado que a gente, como enviada especial, possa deixar é deixar essa proposição desses biomas serem oficialmente reconhecidos e terem a visibilidade que eles precisam", afirmou a primeira-dama.

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Janja ladeada pelo ministro Márcio Macêdo, Carlos Magno Morais, Denise Dora e Jurema Werneck na Caatinga Climate Week, em Caruaru - RODRIGO FERNANDES/JC

Durante o discurso de abertura, Janja afirmou que os temas tratados em Caruaru e que estarão em pauta na COP 30 têm potencial de se transformar em políticas públicas estruturantes para o Brasil.

Além dela, também participaram da coletiva Denise Dora, enviada da COP para Direitos Humanos, e Jurema Werneck, representante para Igualdade Racial, além de Carlos Magno Morais, coordenador do Centro Sabiá, organizador da semana climática.

Janja também aproveitou o evento para criticar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que em discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU negou os impactos da crise climática no mundo.

"Ver um presidente falando que não existe mudança climática, que isso é invenção de um bando de idiota... A gente pergunta como é que se vai resolver isso. [...] Um cara falar um negócio desse é realmente muito preocupante com o futuro da nossa humanidade, que é o futuro que vamos discutir lá na COP 30. Não é sobre nós, mas sobre os que virão. Então, o futuro é agora. Precisamos fazer algo e já estamos atrasados", disse Janja Lula da Silva.

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Janja e comitiva ganharam kit com produtos feitos por mulheres apoiadas pela Caatinga Climate Week - RODRIGO FERNANDES/JC

'Maior delegação da história'

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, também participou do evento  em Caruaru e afirmou que o Brasil terá a maior delegação de sua história na COP 30.

Ao todo, foram registradas 4.573 inscrições para participar do evento. Desse total, 2.194 vagas correspondem a organizações da sociedade civil, incluindo ONGs, movimentos sociais, povos e comunidades tradicionais, sindicatos e instituições acadêmicas. Para efeito de comparação, na COP 29, em Dubai, esse número foi de aproximadamente 1.300 representantes.

O setor privado aparece com 1.378 inscrições, enquanto os entes subnacionais – representantes de estados, municípios e do Distrito Federal – somam 1.001 inscritos.

Reprodução/Caatinga Climate Week/Beto Figueiroa
Ministro Márcio Macêdo na abertura da Caatinga Climate Week, em Caruaru - Reprodução/Caatinga Climate Week/Beto Figueiroa

Além disso, os povos indígenas tiveram um credenciamento específico conduzido pelo Ministério dos Povos Indígenas. O resultado final da seleção dos credenciados será divulgado em meados de outubro.

Durante a coletiva, Macedo ressaltou que a preparação para a COP 30 não se restringe aos dias do evento em Belém. “A COP não vai acontecer só em Belém no período oficial. Isso aqui já é COP. COP é um processo, não é uma festa. O que está sendo feito aqui e o que as enviadas estão conduzindo já faz parte desse processo”, afirmou.

Macedo também afirmou que a escolha do Brasil pela ONU como sede do encontro foi motivada pelo prestígio internacional do presidente Lula e pelo compromisso do governo brasileiro com a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável. “O presidente Lula escolheu a Amazônia como sede pelo simbolismo de a floresta falar para o mundo”, concluiu.

Visita a comunidade agrícola

Após a coletiva, Janja e a comitiva seguiram para o Sítio Carneirinho, na zona rural de Caruaru, onde conheceram uma comunidade de mulheres que trocaram a produção têxtil pela atividade agrícola. O grupo é beneficiário do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), política do governo federal que garante a compra direta da produção para abastecer escolas, hospitais e outras instituições públicas.

No local, a comitiva almoçou uma refeição preparada com alimentos cultivados pelas próprias famílias agricultoras.

Durante a tarde, Janja, Denise Dora e Jurema Werneck participaram de uma oficina com mulheres, quilombolas e representantes de comunidades indígenas. Elas elaboraram cartas que serão entregues ao presidente da COP 30, reunindo demandas e propostas de diferentes grupos sociais para o enfrentamento das mudanças climáticas.

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