Padilha desiste de ir aos EUA e acusa governo Trump de violar acordo da ONU
Decisão foi tomada após governo Trump proibir sua presença em fórum de saúde; ministério brasileiro acusa EUA de violarem o acordo da ONU.

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O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cancelou sua viagem aos Estados Unidos, onde integraria a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) na próxima semana. A decisão é uma resposta direta às restrições "infundadas e arbitrárias" impostas pelo governo de Donald Trump ao seu visto.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (19), o Ministério da Saúde informou que a gota d'água foi um comunicado oficial da Missão dos EUA para a ONU, que proibiu o ministro de participar presencialmente de uma reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em Washington, um dos principais compromissos de sua agenda.
"Em comunicado recebido da Missão dos Estados Unidos para as Nações Unidas, o Ministério da Saúde do Brasil foi informado da proibição imposta ao ministro Alexandre Padilha de participar presencialmente da reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)", informou o ministério.
O visto concedido pelos EUA já limitava a circulação de Padilha em Nova York, mas a proibição de participar de um fórum de saúde multilateral foi vista pelo governo brasileiro como uma violação inaceitável.
Brasil acusa EUA de violar acordo
O Ministério da Saúde acusou formalmente os Estados Unidos de violarem o Acordo de Sede com a ONU, que obriga o país anfitrião a garantir o acesso de autoridades convidadas para eventos oficiais.
A pasta também enquadrou a medida em um contexto político mais amplo. "Não se trata de uma medida de retaliação ao ministro, mas ao que o Brasil representa na luta contra o negacionismo que retira o direito de crianças de se vacinarem e guia os retrocessos relacionados à saúde que a população norte-americana enfrenta", afirma a nota.
Com a desistência da viagem, o ministro informou que permanecerá no Brasil para se dedicar à votação da Medida Provisória do programa "Agora Tem Especialistas" no Congresso.
A crise dos vistos começou em agosto, quando os EUA cancelaram os vistos da esposa e da filha de 10 anos de Padilha, além de outros servidores do ministério, justificando a medida pela ligação dos funcionários com o programa Mais Médicos.
(Com informações da Agência Brasil)