Em artigo no New York Times, Lula critica tarifas dos EUA e diz que soberania brasileira é inegociável
Presidente da República criticou tarifas dos EUA e apontou que sanções buscam garantir impunidade ao ex-presidente Jair Bolsonaro

Clique aqui e escute a matéria
*Com informações de Estadão Conteúdo
O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou, neste domingo (14), um artigo no jornal norte-americano The New York Times, no qual acusa os Estados Unidos de tentarem garantir “impunidade” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por meio da aplicação de tarifas contra produtos brasileiros e do uso da Lei Magnitsky.
Segundo Lula, as medidas anunciadas pelo governo de Donald Trump, incluindo a tarifa de 50% sobre importações brasileiras, representam um ataque injustificado e unilateral. O presidente norte-americano havia justificado o aumento das taxas como resposta à condenação de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), classificando o julgamento como “uma vergonha internacional”.
Defesa do STF e resposta a Trump
No texto, Lula rebateu as críticas e defendeu a atuação da Suprema Corte brasileira, que condenou Bolsonaro e outros réus por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Para o presidente, o processo respeitou a Constituição de 1988 e foi resultado de meses de investigações, que revelaram planos para assassiná-lo, além do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.
O artigo também cita que as autoridades brasileiras encontraram um projeto de decreto que poderia ter anulado o resultado das eleições. Lula negou que o julgamento de Bolsonaro tenha sido uma “caça às bruxas”, como classificaram Trump e o secretário de Estado americano, Marco Rubio.
Comércio, Pix e big techs
Outro ponto do artigo foi a defesa do sistema de pagamentos instantâneos Pix, que se tornou alvo de investigação nos Estados Unidos sob a alegação de prejudicar empresas de tecnologia e operadores financeiros americanos. Lula argumentou que o Pix promoveu a inclusão financeira de milhões de brasileiros e não pode ser tratado como prática desleal.
O presidente também rejeitou críticas de que o Judiciário brasileiro persegue empresas de tecnologia estrangeiras. Ele afirmou que todas as plataformas, nacionais ou internacionais, estão sujeitas às mesmas leis no País, destacando que a regulação digital é voltada à proteção contra fraudes, desinformação e discurso de ódio.
Meio ambiente e Amazônia
A administração Trump também levantou questionamentos sobre o combate ao desmatamento no Brasil. Lula respondeu afirmando que, em seu governo, a taxa de desmatamento na Amazônia foi reduzida pela metade em dois anos. Em 2024, segundo ele, a polícia brasileira apreendeu centenas de milhões de dólares em bens ligados a crimes ambientais.
O presidente alertou ainda que, sem esforços globais de redução das emissões de gases de efeito estufa, a floresta amazônica pode atingir um ponto de degradação irreversível, com impactos no regime de chuvas até mesmo no Meio-Oeste americano.
Relação com os EUA
Apesar das críticas, Lula afirmou no artigo que o Brasil está aberto ao diálogo com os Estados Unidos, mas reforçou que “democracia e soberania não estão na mesa”. Ele lembrou um discurso de Trump na ONU em 2017 sobre o respeito entre nações soberanas e disse esperar que a relação entre os dois países siga baseada no benefício mútuo e na cooperação.