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Redes sociais impulsionam mobilização bolsonarista no 7 de Setembro, avalia analista de dados

Segundo ele, o Bolsonarismo se reagrupou em torno da pauta da anistia e encontrou nas redes sociais o motor para reorganizar sua militância

Por Ryann Albuquerque Publicado em 05/09/2025 às 13:15

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O 7 de Setembro de 2025 será marcado por atos políticos de esquerda e direita em várias capitais do país.

No Recife, a polarização se traduz em manifestações distintas: pela manhã, no Parque Treze de Maio, ocorre o ato nacional do PT junto ao Grito dos Excluídos; à tarde, em Boa Viagem, Zona Sul da cidade, a oposição realiza mobilização em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além da disputa nas ruas, há também uma intensa batalha digital. É o que aponta Manuel Fernandes, diretor executivo da Bites, empresa de análise de dados, em entrevista concedida nesta sexta-feira (5) ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.

Segundo ele, o Bolsonarismo se reagrupou muito forte em torno da pauta da anistia e encontrou nas redes sociais o motor para reorganizar sua militância.

Governo tenta reagir, mas segue atrás

Fernandes avaliou que, desde a chegada do ministro Sidônio Palmeira à Secretaria de Comunicação Social, houve melhora na atuação digital do governo federal.

Ainda assim, as limitações legais e estruturais deixam a esquerda em desvantagem.

“O governo não pode ultrapassar o limite institucional, não pode fazer campanha direta. Então, criou o guarda-chuva ‘Brasil Soberano’, mas é uma atuação tímida, restrita. Do outro lado, a oposição estruturou o ‘Reage Brasil’, que se espalhou com muito mais força”, disse.

Um exemplo citado por ele é o vídeo recente do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), convocando apoiadores para o 7 de Setembro, que ultrapassou 4,2 milhões de visualizações.

“Hoje, os posts do PL têm seis vezes mais interações que os do PT. A diferença é clara”, completou.

Recife no mapa da polarização

A análise da Bites também identificou diferenças no cenário pernambucano. Enquanto a mobilização da direita em Boa Viagem já aparece de forma estruturada, o ato da esquerda no Recife não apresenta o mesmo nível de organização digital encontrado em São Paulo e Brasília.

“Em Recife, vemos uma manifestação bolsonarista consolidada em Boa Viagem. Já a oposição não apresenta sinais de uma articulação digital robusta na capital. Isso mostra que o fôlego da direita foi recuperado, especialmente impulsionado pelo julgamento no STF e pelo debate da anistia”, avaliou Fernandes.

JC Para Ouvir analisa o impacto do 7 de Setembro para o Bolsonarismo : 

Tarcísio e Michelle como novos vetores

No plano nacional, a presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na manifestação da Avenida Paulista deve projetá-lo como herdeiro político de Bolsonaro.

Apesar de um uso considerado discreto das redes sociais, Fernandes destacou que o próprio ecossistema bolsonarista tende a amplificá-lo.

“O Tarcísio usa só 20 a 30% do potencial que teria, mas, se sair do domingo como herdeiro do Bolsonarismo , o fluxo de atenção vai se concentrar nele. Nesse sistema organizado, não é preciso ser um comunicador excepcional: a rede empurra para cima quem está alinhado”, afirmou.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também foi mencionada como figura em ascensão.

Mesmo publicando pouco, cresce de forma orgânica e pode ganhar papel de destaque, seja em uma candidatura própria ou como vice em 2026.

Lula como principal voz da esquerda

Na avaliação do analista, a esquerda depende em excesso do presidente Lula como comunicador central.

“Ele é o maior influenciador digital do campo progressista. Mas, diferente da direita, que tem um ecossistema denso, o entorno de Lula é enxuto. Falta volume de vozes”, explicou.

Em Recife, no entanto, a convocação presidencial pode fortalecer a presença no ato do Parque Treze de Maio, que se soma ao Grito dos Excluídos com pautas sociais e trabalhistas.

Com atos programados para este domingo (7), a capital pernambucana se tornará palco da disputa por narrativas em duas frentes: nas ruas, com manifestações no Centro e na Zona Sul, e no ambiente digital, onde a oposição segue em vantagem.

Veja a entrevista completa: 

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