PSOL-PE e Dani Portela aprofundam ruptura com troca de acusações
Deputada critica partido por "ataque cheio de inverdades" após nota oficial, enquanto PSOL reitera princípios e aponta afastamento.

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O Partido Socialismo e Liberdade de Pernambuco (PSOL-PE) aprofundou um desentendimento interno ao emitir uma nota oficial abordando as "recentes denúncias envolvendo a deputada estadual Dani Portela".
A essência da nota do PSOL-PE focou no que o partido descreve como um "distanciamento progressivo" da deputada nos últimos meses.
O partido destacou que esse afastamento ficou "evidente com a desfiliação coletiva de membros de sua equipe parlamentar — parte dos quais já se filiou a outra legenda, sinalizando clara mudança de alinhamento político".
A nota acrescentou que os assessores que optaram por permanecer no PSOL "foram exonerados do mandato".
Outro ponto de atrito levantado pelo partido foi a "ausência de participação da deputada nas atividades da chapa majoritária do PSOL para 2026, sem qualquer articulação com as pré-candidaturas que representam o projeto político do partido no estado".
O PSOL-PE afirmou que, "embora formalmente filiada, a deputada não mantém interlocução com a direção partidária nem participa da vida orgânica do PSOL-PE".
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A nota expressou ainda "sérias reservas quanto à construção de alianças na Alepe que incluam o PL de Bolsonaro, partido cujas posições são diametralmente opostas aos nossos princípios programáticos".
Como exemplo, citou a "eleição do deputado Alberto Feitosa (PL) para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça com votos do bloco PSOL, Republicanos e PSB".
O PSOL-PE também esclareceu que "não exerce qualquer ingerência sobre as decisões administrativas e financeiras do mandato parlamentar, incluindo a destinação de verbas indenizatórias", e que "não mantém mais relação contratual com as empresas do senhor Renato Lucena do Nascimento Júnior", destacando que essas empresas prestaram a maioria dos serviços quando o tesoureiro estadual era do grupo político da parlamentar.
A resposta de Dani Portela: "Ataque cheio de inverdades"
Em sua resposta, a parlamentar afirmou que, "de todos os ataques que eu sofri essa semana, e não foram poucos, o que mais me surpreendeu foi o ataque vindo do PSOL, o partido que eu ainda faço parte, por meio de uma nota cheia de inverdades".
A deputada lamentou a postura do partido, especialmente após uma de suas campanhas mais desafiadoras: "Vocês nem imaginam o que foi manter a minha candidatura a prefeita da cidade do Recife mesmo tendo feito uma das campanhas mais difíceis da minha vida, amamentando um bebê recém nascido, o partido seguiu numa linha de me desconstruir. E foi por isso que o meu grupo político rompe com esse partido".
Dani Portela rebateu diretamente a alegação sobre a exoneração de membros de sua equipe, classificando-a como "uma mentira". "Eu não exonerei pessoas do meu gabinete por quererem permanecer no PSOL, isso é uma mentira. Eu tive uma ruptura política dentro do partido e esse grupo se afastou do nosso gabinete e da nossa militância política, porque nós não atuamos juntos com esse grupo. Então isso foi uma resposta natural, da política".
A parlamentar também refutou qualquer ligação com o bolsonarismo ou a direita, declarando: "É um absurdo insinuar e afirmar que eu tenho relação com campo bolsonarista, com campo de direita. Eu sou ampla defensora do Governo Lula, da democracia, do campo popular democrático".
Ela interpretou as afirmações do partido como uma "narrativa de desconstruir a minha imagem de uma mulher negra, combativa, que me construí em defesa das lutas, de todas as lutas coletivas, pelo feminismo, pelo movimento negro, por muitos movimento sociais, de tentar ser essa voz que foi silenciada por muito tempo".
Por fim, Dani Portela criticou a postura do PSOL diante de sua iniciativa de buscar assinaturas para uma CPI, um movimento que ela descreveu como uma "luta de Davi e Golias" contra "toda uma rede gigante, organizada num gabinete do ódio, que há indícios de se organizar no Palácio do Campo das Princesas para construir a imagem da governadora e derrotar adversários, desconstruir a imagem, atacar".