"Jamais faremos o debate rasteiro", diz João Campos ao reforçar apoio a Lula em 2026
O tom de aliado de primeira hora do PT dá claros sinais de uma tentativa de consolidação política já em curso, que pode se repetir em 2026, em PE

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A abertura do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), realizada na noite desta sexta-feira (1º), em Brasília, contou com a presença de lideranças de partidos aliados ao governo federal.
Entre elas, o presidente nacional do PSB e prefeito do Recife, João Campos, que reforçou, em discurso, a aliança da legenda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que o partido marchará junto com o petista nas eleições de 2026.
Hoje, o PSB ocupa a vice-presidência da República, com Geraldo Alckmin. Segundo Campos, o próximo ano será importante para fortalecer o compromisso da sigla com a ampliação da representatividade no Parlamento, nas prefeituras e em todos os espaços de poder — o que, em sua avaliação, é fundamental para garantir a governabilidade do país e viabilizar a reeleição de Lula.
“Que possamos contar com partidos que verdadeiramente representem os legítimos anseios da população, fortalecidos e comprometidos com a democracia. Afinal, partidos fortes significam uma democracia fortalecida”, afirmou o dirigente.
Sem 'toma lá, dá cá'
Em meio às tensões entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional e às dificuldades de articulação na aprovação de pautas prioritárias do Executivo, João Campos, ao comentar o atual cenário político, defendeu a necessidade de diálogo com o Parlamento, mas criticou práticas de troca de apoio por cargos.
“Nós entendemos que é preciso ter governabilidade, construir maioria circunstanciais no Congresso. É difícil montar um governo num Congresso tão desafiador como esse, mas nosso partido jamais vai fazer o debate rasteiro e querer trocar, pelo toma lá dá cá, espaço, cargo no ministério. Em qualquer circunstância, estaremos na linha de frente para reeleger o Lula presidente do Brasil", declarou.
Acenos a Humberto Costa
Ainda durante seu discurso na abertura do 17º Encontro Nacional do PT, o prefeito do Recife fez questão de destacar o papel do senador Humberto Costa, que encerrou seu período como presidente interino da legenda com a posse de Edinho Silva na presidência nacional do partido.
“Quero parabenizar, Humberto, pela sua forma correta de conduzir a sua vida pública, eu sou testemunha disso. A gente faz política no mesmo Estado e tenho certeza que essa condução que você fez nesse período foi importante”, declarou Campos.
O gesto em direção ao senador petista, no entanto, não é lido apenas como cortesia institucional ou em virtude da aliança majoritária entre PSB e PT, consolidada com a chapa Lula-Alckmin. Hoje, João Campos é o principal nome cotado dentro do PSB para disputar o Governo de Pernambuco em 2026 e já começou a intensificar agendas estratégicas pelo Estado.
O tom de aliado de primeira hora, especialmente em relação ao PT, indica uma tentativa de consolidação política já em curso. Isso porque alas do PT defendem a manutenção de um diálogo mais próximo com a governadora Raquel Lyra (PSD), e também não descartam um possível apoio do presidente Lula à sua reeleição.
Em entrevista recente ao programa Cena Política, do JC, Humberto Costa chegou a elogiar a gestão de Raquel Lyra à frente do Palácio do Campo das Princesas. Questionado se a governadora tem feito um bom trabalho, respondeu:
“Administrativamente, sim. Eu tenho andado pelo interior, vejo o trabalho de recuperação de estradas, vejo preocupações com o tema do abastecimento d'água. Vejo a questão habitacional, vejo esse trabalho, os prefeitos falando quando a gente vai conversar com eles e a gente vê e observa”, declarou.