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Lula quer diálogo e diz esperar que Trump aja como no mundo 'civilizado'

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, por sua vez, que o Brasil não pode se deter "diante de qualquer tipo de ameaça, interna ou externa"

Por JC Publicado em 28/07/2025 às 21:47 | Atualizado em 28/07/2025 às 21:52

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*Com Estadão Conteúdo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (28) que espera que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "reflita sobre a importância do Brasil" e passe a adotar uma postura de diálogo quanto à proposta de aplicar uma tarifa de 50% aos produtos importados do País. 

Durante cerimônia de inauguração de uma usina de gás natural no estado do Rio de Janeiro, Lula disse que Trump não deve tomar decisão de forma abrupta, "individual, tomar a decisão de que vai multar, taxar o Brasil em 50%".

"Eu espero que o presidente dos EUA reflita a importância do Brasil e resolva fazer aquilo que no mundo civilizado a gente faz. Tem divergência? Senta numa mesa, coloca a divergência do lado e vamos tentar resolver", disse Lula.

GERALDO ALCKMIN AINDA ACREDITA EM DIÁLOGO

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira que o foco do governo federal nesta semana é negociar com os Estados Unidos uma alternativa para a tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros. Mesmo assim, Alckmin avaliou como "importante" a consolidação de um plano de contingência.

"O plano de contingência é um plano que está sendo elaborado, bastante completo e bem feito, mas todo o empenho nesta semana é para a gente buscar resolver o problema. Nós estamos permanentemente no diálogo, estamos dialogando neste momento pelos canais constitucionais e na reserva", afirmou Alckmin.

Alckmin disse que Lula é um homem de diálogo e que o presidente não foi contatado sobre uma possível ligação dele para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o vice-presidente, as tratativas com o governo americano começaram ainda em março.

Segundo Alckmin, o governo brasileiro encaminhou aos EUA, por meio de uma carta de caráter confidencial, explicações sobre pontos comerciais entre os dois países.

"Com esse mesmo espírito, o governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas", afirmou Alckmin.

Em conversa com jornalistas, Alckmin declarou também que a alíquota para carros elétricos vai ficar no mesmo patamar da alíquota da motor a combustão. O vice-presidente reforçou que o Brasil avançou em acordos comerciais com o Mercosul, inclusive a União Europeia.

FERNANDO HADDAD

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, por sua vez, que o Brasil não pode se deter "diante de qualquer tipo de ameaça, interna ou externa". Embora sem menção explícita, a declaração foi vista como referência ao tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros, previsto para vigorar a partir de 1.º de agosto.

"Temos de construir juntos as saídas necessárias para o Brasil continuar crescendo", disse. Em seguida, ele afirmou que o País "pode e vai crescer a uma média de 3% ao ano". "Nós já fizemos o próprio FMI reconsiderar o nosso PIB potencial, que quando nós assumimos era estimado em 1,5% de crescimento ao ano. O próprio FMI já reconhece que o nosso PIB potencial é de 2,5% e nós achamos pouco para o potencial da economia brasileira."

As declarações do ministro foram dadas durante cerimônia de sanção do projeto de lei que cria o programa Acredita Exportação, que tem o foco voltado à atuação das micro e pequenas empresas no mercado internacional.


 

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