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"Agressão chocante": The Economist critica ação de Trump contra o Brasil

Revista britânica classifica medida como uma das maiores interferências na América Latina desde a Guerra Fria, com tensões políticas e comerciais

Por JC Publicado em 25/07/2025 às 22:05

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A influente revista britânica The Economist classificou a recente tentativa do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de interferir nos assuntos internos do Brasil por meio de um "tarifaço" como uma "agressão chocante". A publicação, em matéria divulgada nesta sexta-feira (25), argumenta que tal medida representa uma das maiores intromissões na América Latina desde o período da Guerra Fria.

A movimentação tarifária, que ameaça impor uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025, foi anunciada em uma carta postada em redes sociais.

Analistas apontam que a medida de Trump funde política externa com alinhamento ideológico, buscando influenciar diretamente questões domésticas brasileiras. A ameaça tarifária estaria ligada a processos judiciais em andamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem Trump descreveu como vítima de uma "caça às bruxas" política. Essa abordagem, que utiliza pressão econômica para fins políticos, é vista como um claro abuso de poder e um ataque à soberania brasileira.

PRESSÃO CONTRA TRUMP

Senadores democratas dos EUA já enviaram cartas a Trump criticando o tarifaço, ressaltando o precedente perigoso de tais ações. Por sua vez, o governo brasileiro tem tentado contatar a Casa Branca desde maio para negociar um acordo comercial, mas seus apelos, segundo relatos, têm sido ignorados.

Apesar da potencial devastação econômica que uma tarifa de 50% poderia causar, especialistas sugerem que o Brasil possui resiliência e ferramentas diplomáticas para enfrentar a situação. Medidas retaliatórias, como aumento de tarifas sobre bens norte-americanos, suspensão de cláusulas em acordos comerciais e, em casos excepcionais, retenção de reconhecimento de patentes ou pagamentos de royalties a empresas americanas, estão sendo consideradas. Setores como suco de laranja, aço, alumínio e carnes estão entre os mais afetados pela potencial taxação.

A situação também gerou debates internos no Brasil, com parlamentares e setores produtivos pedindo uma resposta firme. A ironia reside no fato de que a agressão de Trump pode, paradoxalmente, fortalecer a posição política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem criticado duramente as políticas tarifárias de Trump e defendido a soberania nacional. 

 

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