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Eduardo Bolsonaro diz ter negociado defesa do pai com Trump e que deixará mandato

Na mesma entrevista, o filho "03" do ex-presidente disse que vai abrir mão do mandato, já que não pode prorrogar o período fora da Câmara

Por Estadão Conteúdo Publicado em 14/07/2025 às 20:41

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta segunda-feira (14) em entrevista à Coluna do Estadão, que o resultado da negociação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a defesa ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é "quase um milagre".

"Então, muito modéstia à parte, o que a gente fez foi quase um milagre. Sem um escritório de lobby, sem dinheiro, sem apoio partidário, e a gente conseguiu colocar na mesa o único fator que está possibilitando a gente sonhar com Bolsonaro não condenado, com Bolsonaro na corrida presidencial", disse Eduardo à Coluna.

TARIFAS DE TRUMP

No dia 9 de julho, Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil. A decisão foi justificada principalmente como resposta ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente e a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas de tecnologia.

"O modo como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo, é uma desgraça internacional", disse Trump. "Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!", escreveu o presidente dos EUA.

Na mesma entrevista, o filho "03" do ex-presidente disse que vai abrir mão do mandato, já que não pode prorrogar o período fora da Câmara. O deputado pediu licença da Câmara em março e foi morar no Estados Unidos, afirmando pretender atuar para combater as ameaças à liberdade de expressão no Brasil. A licença parlamentar concedida a Eduardo termina no próximo domingo (20). 

MANDATO DE EDUARDO BOLSONARO

Caso renuncie do mandato de deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) abrirá mão de R$ 46.366,19 de salário mensal. O político ainda perde até R$ 42.837,33 mensais de cota parlamentar, R$ 4.148,80 por mês de auxílio moradia e reembolsos de gastos com saúde que podem chegar a até R$ 135,4 mil.

Como deputado ele ainda tem direito a R$ 133,2 mil por mês para pagar o salário de 25 secretários parlamentares e indicar R$ 37 8 milhões anuais em emendas parlamentares ao Orçamento.

Há mais vantagens que Eduardo poderá perder. Como parlamentar, ele não pode ser preso, ao menos que em flagrante de crime inafiançável e com o aval do plenário da Casa e é inviolável civil ou penalmente por qualquer opinião ou voto. Deputados também têm direito a foro privilegiado e só podem ser julgados no Supremo Tribunal Federal por crimes cometidos no exercício do mandato. Sem esse direito, os processos tramitam na primeira instância do Judiciário.

A Coluna do Estadão revelou mais cedo que Eduardo pretende permanecer nos Estados Unidos e cogita a renúncia caso não consiga uma nova licença - algo que o regimento interno da Câmara dos Deputados proíbe. Neste ano, Eduardo gastou R$ 68 mil com cota parlamentar e indicou R$ 3,7 milhões em emendas individuais.

Por enquanto, em 2025, apenas R$ 477 mil das emendas indicadas foram empenhadas - o recurso foi destinado para a cidade de Caçapava (SP), para a compra de uma retroescavadeira.

Caso não renuncie o mandato, Eduardo Bolsonaro poderia perder o cargo por decreto da Mesa Diretora, quando tiver mais de um terço de faltas num ano.

Enquanto esteve licenciado, o deputado suplente Missionário José Olímpio (PL-SP) o substituiu. Desde que assumiu a função, em março, Olímpio não apresentou um projeto de lei e discursou 11 vezes no plenário.

Olímpio emprega apenas um funcionário no gabinete - Eduardo Nonato de Oliveira, que trabalhava com Eduardo, e recebe R$ 23.732,92 por mês.

 

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