Eduardo Bolsonaro diz ter negociado defesa do pai com Trump e que deixará mandato
Na mesma entrevista, o filho "03" do ex-presidente disse que vai abrir mão do mandato, já que não pode prorrogar o período fora da Câmara

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta segunda-feira (14) em entrevista à Coluna do Estadão, que o resultado da negociação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a defesa ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é "quase um milagre".
"Então, muito modéstia à parte, o que a gente fez foi quase um milagre. Sem um escritório de lobby, sem dinheiro, sem apoio partidário, e a gente conseguiu colocar na mesa o único fator que está possibilitando a gente sonhar com Bolsonaro não condenado, com Bolsonaro na corrida presidencial", disse Eduardo à Coluna.
TARIFAS DE TRUMP
No dia 9 de julho, Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil. A decisão foi justificada principalmente como resposta ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente e a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas de tecnologia.
"O modo como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo, é uma desgraça internacional", disse Trump. "Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!", escreveu o presidente dos EUA.
Na mesma entrevista, o filho "03" do ex-presidente disse que vai abrir mão do mandato, já que não pode prorrogar o período fora da Câmara. O deputado pediu licença da Câmara em março e foi morar no Estados Unidos, afirmando pretender atuar para combater as ameaças à liberdade de expressão no Brasil. A licença parlamentar concedida a Eduardo termina no próximo domingo (20).
MANDATO DE EDUARDO BOLSONARO
Caso renuncie do mandato de deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) abrirá mão de R$ 46.366,19 de salário mensal. O político ainda perde até R$ 42.837,33 mensais de cota parlamentar, R$ 4.148,80 por mês de auxílio moradia e reembolsos de gastos com saúde que podem chegar a até R$ 135,4 mil.
Como deputado ele ainda tem direito a R$ 133,2 mil por mês para pagar o salário de 25 secretários parlamentares e indicar R$ 37 8 milhões anuais em emendas parlamentares ao Orçamento.
Há mais vantagens que Eduardo poderá perder. Como parlamentar, ele não pode ser preso, ao menos que em flagrante de crime inafiançável e com o aval do plenário da Casa e é inviolável civil ou penalmente por qualquer opinião ou voto. Deputados também têm direito a foro privilegiado e só podem ser julgados no Supremo Tribunal Federal por crimes cometidos no exercício do mandato. Sem esse direito, os processos tramitam na primeira instância do Judiciário.
A Coluna do Estadão revelou mais cedo que Eduardo pretende permanecer nos Estados Unidos e cogita a renúncia caso não consiga uma nova licença - algo que o regimento interno da Câmara dos Deputados proíbe. Neste ano, Eduardo gastou R$ 68 mil com cota parlamentar e indicou R$ 3,7 milhões em emendas individuais.
Por enquanto, em 2025, apenas R$ 477 mil das emendas indicadas foram empenhadas - o recurso foi destinado para a cidade de Caçapava (SP), para a compra de uma retroescavadeira.
Caso não renuncie o mandato, Eduardo Bolsonaro poderia perder o cargo por decreto da Mesa Diretora, quando tiver mais de um terço de faltas num ano.
Enquanto esteve licenciado, o deputado suplente Missionário José Olímpio (PL-SP) o substituiu. Desde que assumiu a função, em março, Olímpio não apresentou um projeto de lei e discursou 11 vezes no plenário.
Olímpio emprega apenas um funcionário no gabinete - Eduardo Nonato de Oliveira, que trabalhava com Eduardo, e recebe R$ 23.732,92 por mês.