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SBPC critica tarifação de Trump na abertura de encontro em Pernambuco

Presidente do órgão, Renato Janine Ribeiro, usou o discurso de abertura do evento, no Recife, para repudiar a medida do presidente americano

Por Rodrigo Fernandes Publicado em 14/07/2025 às 12:48 | Atualizado em 14/07/2025 às 12:49

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A direção da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) repudiou publicamente a decisão do presidente americano Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, anunciada na semana passada.

A manifestação foi lida pelo presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, durante a abertura da 77ª Reunião Anual da entidade, realizada no Teatro do Parque, no Recife, no último domingo (13).

Geralmente, o presidente do órgão encerra os discursos do evento, mas a SBPC resolveu antecipar a fala para evidenciar o repúdio à medida, classificada pela direção como "ameaça à soberania nacional e o estado de direito". A nota foi redigida após decisão unânime da direção e do conselho da instituição.

"Neste Recife marcado por grandes lutas populares no começo do século XVII, pelas três revoluções do século XIX, o Recife do Leão Coroado, de Frei Caneca, de Miguel Arraes, nossa tradição e história exigem que nos posicionemos sobre as ameaças que atualmente pairam sobre o país. Evidentemente estamos nos referindo às ultimas noticias de Washington [...], numa chantegem raras vezes vista nas últimas décadas e sem precedentes no século XXI", discursou Renato Janine Ribeiro.

Ovacionado pela plateia ao iniciar a crítica, o presidente da SBCP condenou o teor político da carta assinada por Donald Trump, que atacou o Judiciário brasileiro pela condução do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado por liderar uma tentativa de golpe de estado.

"O equilíbrio dos Poderes, invenção da constiuição americana, funciona melhor nos tempos recentes aqui do que lá. A defesa de democracia e da soberania nacional popular é o primeiro ponto que a SBPC aqui afirma".

Assista ao pronunciamento

Ele prosseguiu criticando a repercussão econômica da tarifação. "Nosso segundo ponto é o repúdio à taxação sobre nossas exportações decretadas sobre alegações mentirosas. É de todos conhecido um fato simples, elementar e invencionado que na balança econômica com os Estados Unidos compramos mais do que vendemos. Trump aqui, mente. Não usarei o eufemismo fake news para esconder o que é uma simples, evidente e inquestionavel mentira", declarou Ribeiro.

Ainda no discurso, o presidente da SBPC mencionou que a América latina é um território livre de guerras recentes e que a instituição se coloca num lugar de busca pela paz. "Mas se não queremos guerras com armas brancas ou de fogo, também não admitimos guerras híbridas. Não aceitamos imposições que violem nossa dignidade", emendou.

"O ódio não é inevitável, nem nas relações humanas nem nas relações entre países. A colaboração internacional deve prevalecer sobre os conflitos, inclusive sobre a competição, que tem seu lugar, sim, mas no âmbito dos meios, jamais nos fins. Pois não há equilibrio ou amizade quando reina a injustiça", afirmou.

Ele encerrou o discurso relatando o papel da ciência na defesa da soberania do Brasil. "Entendemos ser vital o governo brasileiro reconhecer o papel da ciência, da tecnologia e da inovação para defender a nação e o povo. Avertamos o Ministério da Ciência, assim como os Três Poderes, para a necessidade de tratar a ciência como ela é: o insumo mais poderoso para vencer ameaças à produção e, além dela, a soberanoa nacional e a soberania popular", concluiu.

Luciana Santos também criticou tarifação de Trump

Nesta segunda-feira (14), durante um dos eventos realizados na SBPC, no Recife, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB), reforçou o discurso de Renato Janine Ribeiro e também defendeu o incentivo às tecnologias ao criticar a tarifação de Trump.

"Nos 40 anos do Ministério da Ciência e Tecnologia, a afirmação de que a ciência tecnologia é decisiva para um país soberano. Ainda mais diante dos ataques que o Brasil está sofrendo, com a política de tarifação do governo Trump. A gente quer dizer em alto e bom som que quem manda do Brasil são os brasileiros", afirmou a ministra pernambucana.

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