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Sessão na Câmara do Recife é interrompida após confusão entre manifestantes e o vereador Eduardo Moura

De acordo com o Sindicato dos Profissionais de Educação, as críticas ao vereador tiveram origem em um episódio ocorrido em maio deste ano; entenda

Por JC Publicado em 30/06/2025 às 13:26 | Atualizado em 30/06/2025 às 18:50

Durante a sessão desta segunda-feira (30) na Câmara do Recife, um episódio envolvendo o vereador Eduardo Moura (Novo) e manifestantes levou à interrupção dos trabalhos. Profissionais da educação presentes nas galerias entoaram palavras de ordem e chamaram o parlamentar de racista e fascista.

Durante sua fala no plenário, Eduardo identificou uma das pessoas que o teriam chamado desses termos e afirmou que pediria as imagens das câmeras da galeria para levar o caso à delegacia. As vereadoras Cida Pedrosa (PCdoB), Liana Cirne (PT) e Jô Cavalcanti (PSOL) reagiram, criticando a condução do episódio e afirmando que a polícia não deve subir à galeria.

Diante do clima de conflito, a sessão chegou a ser suspensa por alguns instantes. Uma viatura da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) chegou a ser acionada, mas ninguém foi preso na ocasião. 

De acordo com o Sindicato dos Profissionais de Educação do Recife (Simpere), as críticas ao vereador tiveram origem em um episódio ocorrido em maio deste ano, na Escola Municipal Anita Paes Barreto, no bairro do Fundão.

Na ocasião, durante uma visita à unidade, o parlamentar retirou uma faixa com a mensagem “por uma educação antirracista” e cartazes de apoio à greve dos servidores. Ele compartilhou a ação em suas redes sociais, justificando que a presença de material com conteúdo político ou sindical seria inadequada em ambientes escolares.

O sindicato, por sua vez, classificou a atitude como racista, autoritária e ilegal, afirmando que a escola desenvolve um trabalho voltado para o combate ao racismo, em consonância com a legislação nacional.

Segundo a entidade, o gesto do vereador gerou indignação na comunidade escolar e na sociedade. “Não era uma ação exclusivamente sindical, mas também política. Retirou a faixa antirracista, desrespeitando tanto a legislação quanto o trabalho desenvolvido nas escolas, e ainda divulgou isso nas redes sociais”, afirmou Eva Azevedo, diretora de Comunicação do Simpere. “Hoje, durante uma das falas, os professores retomaram essa indignação, voltando a chamá-lo de racista — com base em algo que ele mesmo publicou”, completou.

Enquanto o sindicato defende que sua atuação está amparada pela Lei, Eduardo Moura segue afirmando que escolas devem ser espaços livres de “influências político-ideológicas”. 

Projeto visa coibir atos contrários à atuação sindical

A vereadora Liana Cirne defendeu o direito da população de realizar protestos e reconheceu que o vereador tem o direito de judicializar possíveis excessos, mas criticou a decisão de acionar a polícia durante a sessão.

Ela também mencionou um projeto de lei de sua autoria que disciplina a liberdade sindical, elaborado após o episódio envolvendo o vereador Eduardo Moura. “Existe liberdade sindical prevista na legislação. Ninguém pode arrancar faixas ou cartazes de um sindicato da educação que estejam legitimamente afixados em uma escola. Como ele arrancou a faixa do Simpere, propomos uma multa administrativa de R$ 5 mil para cada autoridade política que desrespeitar essa liberdade sindical”, afirmou.

Ainda de acordo com Liana, "Eduardo Moura não suportou as críticas feitas a ele, abandonou a tribuna e foi buscar uma discussão".

"Não sei se ele buscava um embate físico, mas teve uma postura inadequada. Nós nos preocupamos com esse tipo de atitude, porque as pessoas que vêm à tribuna podem, sim, fazer críticas à atuação dos vereadores — e a gente não pode transformar essas críticas em caso de polícia. O embate precisa ocorrer no campo da política, não no campo físico ou policial. Chamar a polícia, na nossa opinião, configura abuso de autoridade. O máximo que ele poderia fazer seria ir a uma delegacia e registrar uma queixa-crime por calúnia, injúria ou difamação, se achasse que era o caso", comentou a petista.

Eduardo Moura afirma que vai levar caso à Polícia

Em nota, Eduardo Moura afirmou que os manifestantes que o chamaram de racista e fascista foram incitados por um integrante do Simpere "encorajado pelo sindicato". O vereador também afirmou que se manteve calmo e não alterou o tom de voz ao longo da ação.

Eduardo Moura também lamentou a postura das vereadoras do PT e PSOL que se envolveram no episódio, sem citar nomes, afirmando que as parlamentares "defendem agressores, que as mesmas alegam combater".

O vereador também afirma que irá registrar boletim de ocorrência na Delegacia da Polícia Civil de Pernambuco, para apurar a ação dos integrantes do sindicato.

"O parlamentar defende a democracia e a liberdade de expressão, mas repudia toda e qualquer expressão contra a honra e dignidade de qualquer pessoa, inclusive de parlamentares. E rejeita veementemente qualquer tipo de ação ou comportamento desrespeitoso que incitem a desordem pública", diz trecho da nota.

 

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