Desigualdade | Notícia

"Temos uma doença enorme de desigualdade entre mulheres e homens", diz Cármen Lúcia, em evento da Fiepe no Recife

Ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) participou da cerimônia de lançamento do Comitê Feminino de Liderança Setorial da Fiepe, no Recife

Por JC Publicado em 28/04/2025 às 23:12

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, participou nesta segunda-feira (28) da cerimônia de lançamento do Comitê Feminino de Liderança Setorial da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE), em evento realizado na Casa da Indústria, no Recife.

O evento também contou com a presença da governadora Raquel Lyra e da presidente do Conselho Feminino da FIESP, Marta Lívia Suplicy, além do presidente da FIEPE, Bruno Veloso.

Em sua fala, Cármen Lúcia relembrou figuras históricas como Bárbara de Alencar e Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, apontando o pioneirismo na luta pela liberdade e pela igualdade no Brasil, reforçando que a presença feminina nos espaços de decisão é resultado de uma longa resistência.

"Mataram Bárbara de Alencar, mas não mataram o nosso sonho", disse.

A ministra também chamou atenção para os desafios que ainda marcam a trajetória das mulheres na sociedade brasileira, ressaltando que a luta pela igualdade não pode ser delegada apenas ao Estado.

"O Supremo Tribunal Federal, a Presidência da República, ninguém sozinho resolverá o problema da igualdade. A transformação é uma responsabilidade coletiva da sociedade", pontuou.

 

Janaína Pepeu/Secom
A ministra do STF, Carmen Lúcia, ao lado da governadora Raquel Lyra e do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Bruno Veloso - Janaína Pepeu/Secom

Cármen Lúcia também destacou os números atuais sobre feminicídio no Brasil, apontando uma sociedade "doente" e "cruel", que "mata pessoas pelo fato de ser essa pessoa".

"Nós estamos neste momento numa sociedade, só para falar do Brasil, numa sociedade que mata uma mulher a cada 6 horas. Numa mulher que sofre qualquer tipo de violência da ameaça ou até o feminicídio a cada 20 segundos", disse.

"Essa é uma sociedade doente. Essa é uma sociedade cruel. É uma sociedade que mata pessoas pelo fato de ser essa pessoa. Este fato. Se há isso de um lado, há outro uma vida que precisa de ser reinventada", complementou.

Comitê feminino da FIEPE

O Comitê Feminino de Liderança Setorial da FIEPE é composto por 13 mulheres de diferentes setores econômicos e tem como objetivo promover ações de mentoria, capacitação e fortalecimento da presença feminina na indústria pernambucana.

"A criação deste Comitê reafirma nosso compromisso com uma indústria mais diversa, equilibrada e representativa. Sob a liderança de Carolina Peixoto, o grupo promove um ambiente mais inclusivo, onde o protagonismo feminino é reconhecido, incentivado e valorizado", destacou o presidente da FIEPE, Bruno Veloso.

A presidente do Comitê, Caroline Peixoto, explicou que a iniciativa nasceu da adesão do Senai-PE ao Pacto Global da ONU e que o grupo vai atuar para impulsionar práticas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em especial à igualdade de gênero.

A governadora Raquel Lyra, primeira mulher eleita para o comando do Executivo estadual, também participou do lançamento e defendeu políticas públicas que ampliem a participação feminina na economia.

"Colocar a representação feminina em foco é fundamental para garantir mais empregabilidade e sustentabilidade nos negócios. Queremos ser parceiras deste Comitê, buscando o crescimento do nosso Estado com a inclusão de muito mais mulheres", afirmou.

Janaína Pepeu/Secom
Governadora Raquel Lyra (PSD), durante a cerimônia de lançamento do Comitê Feminino de Liderança Setorial da Fiepe - Janaína Pepeu/Secom

Marta Lívia Suplicy, presidente do Conselho Feminino da Fiesp, também exaltou a força da iniciativa pernambucana.

"Hoje entendi que quem tinha que aprender era eu, diante da força de vocês. A indústria feminina está nascendo com esses conselhos: responsabilidade e sororidade", disse.

Ao final do evento, Cármen Lúcia reforçou o compromisso de continuar lutando por uma sociedade mais justa e igualitária.

"Queremos mais do que sobreviver: queremos viver com dignidade, com respeito e com alegria. A democracia se constrói no cotidiano, nos pequenos gestos, e é nossa responsabilidade coletiva fazer essa construção acontecer", concluiu.

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