Em reunião com presidente da Câmara, Bolsonaro pressiona votação da anistia aos presos do 8 de Janeiro
A assessoria do presidente da Câmara dos Deputados confirmou o encontro entre Bolsonaro e Motta, que não estava na agenda oficial do parlamentar

Em meio à crescente mobilização de aliados e à pressão por uma anistia ampla para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu na última quarta-feira (9) com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), em Brasília.
O encontro, confirmado pela assessoria de Motta, não constava na agenda oficial do parlamentar e teve como pauta principal a tramitação do projeto que propõe o perdão aos envolvidos nos ataques aos Três Poderes.
Na reunião, Bolsonaro voltou a pedir que Motta coloque em votação o projeto de anistia no plenário da Câmara. No entanto, o presidente da Casa tem resistido à pressão de bolsonaristas e evita pautar a proposta, alegando preocupação com a estabilidade institucional.
"Nossa responsabilidade é pacificar o país, e não ampliar uma crise entre os Poderes", disse Motta recentemente, em referência à delicada articulação política que envolve o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
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Apesar das divergências, Bolsonaro saiu em defesa do presidente da Câmara, após críticas públicas feitas pelo pastor Silas Malafaia.
Durante manifestação liderada pelo ex-presidente no último domingo (5), na Avenida Paulista, Malafaia acusou Motta de "envergonhar o povo da Paraíba" ao não avançar com o projeto.
Em resposta, Bolsonaro afirmou que o pastor "não entende o funcionamento do Congresso" e que "não dá para resolver na pancada".
Pressão por anistia "ampla, geral e irrestrita"
Durante almoço com um grupo de advogados aliados realizado nesta quinta-feira (10), Bolsonaro reforçou que não aceita propostas que envolvam apenas redução de penas.
"Modulação não nos interessa. Redução de penas não nos interessa. O que nos interessa, sim, é anistia ampla, geral e irrestrita", afirmou.
Ele citou o voto do ministro Luiz Fux, no julgamento que o tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF), como um "ponto de inflexão" no debate sobre a revisão das condenações.
A declaração foi acompanhada de elogios ao discurso da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que no ato na Paulista criticou a atuação de ministros do STF e fez um apelo diretamente a Fux, pedindo que "não deixasse mães na cadeia".
O projeto de anistia tramita na Câmara com o apoio declarado de 201 deputados, segundo levantamento do Placar da Anistia do Estadão. No entanto, a bancada do PL, partido de Bolsonaro, ainda tenta reunir as assinaturas necessárias para protocolar um pedido de urgência, enquanto evita divulgar a lista de apoiadores.
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Giro pelo Nordeste
Ainda nesta semana, Bolsonaro inicia uma série de viagens pelo Nordeste, região onde seu adversário político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mantém maior influência eleitoral. O roteiro começa nesta sexta-feira (12) no Rio Grande do Norte, estado do senador Rogério Marinho (PL), aliado próximo e secretário-geral do partido.
A agenda inclui passagens por cidades como Pau dos Ferros, Acari, Jucurutu, Major Sales, Luís Gomes e Mossoró, com pernoite em Tenente Ananias. Após o giro potiguar, o ex-presidente deve seguir para Fortaleza (CE), em mais uma etapa da ofensiva política que mira a base lulista.
Nos bastidores, interlocutores do PL reconhecem que, além da defesa dos presos do 8 de Janeiro, a agenda busca manter Bolsonaro em evidência e reforçar sua posição como liderança do campo conservador — inclusive de olho em uma possível reversão de sua inelegibilidade até as eleições de 2026.