Suspeito preso e comunidade devastada: o dia seguinte ao incêndio que matou mãe e quatro filhos em comunidade da Zona Oeste do Recife
Suspeito era companheiro da vítima. Em ida ao IML para exames, ele negou ter ateado fogo no barraco, mas confessou que brigava demais com a esposa
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*Com informações de Waldson Balbino, da TV Jornal
Neste domingo (30), um dia depois do incêndio provavelmente criminoso que destruiu parte da comunidade Icauã, no bairro da Várzea, na Zona Oeste do Recife, o cheiro de fumaça ainda tomava conta do local. Entre os escombros, familiares reviravam o que restou após as chamas consumirem pelo menos 22 barracos na comunidade situada atrás da Unidade de Pronto Atendimento da Caxangá.
Cinco pessoas (a mãe, identificada como Isabele Gomes de Macedo, 40 anos, e quatro filhos de 2 meses, 2, 3 e 5 anos) morreram no incêndio. O companheiro da mulher, Agnaldo José Alves, de 39 anos, e pai das crianças, foi preso em flagrante suspeito de ter iniciado o fogo.
Em meio à destruição, dezenas de pessoas passaram a madrugada na calçada, onde continuam a improvisar abrigo.
Doações
A maioria das famílias que perdeu os lares não teve para onde ir. Colchões doados por voluntários serviram de apoio para quem passou a noite ao relento. Foi o caso de Izabele Marques, que dividiu o colchão de casal com o marido e os dois filhos.
Outra moradora, Sineide Vicente, também perdeu tudo e agora conta com a solidariedade para recomeçar.
Ao longo deste domingo, diversas pessoas chegaram ao local levando alimentos, água, roupas, móveis e cobertores. Entre os voluntários, estava Adriana Oliveira, que se sensibilizou com a situação das famílias atingidas.
A Defesa Civil do Recife esteve na comunidade e realizou o levantamento das casas destruídas. Em nota, a Prefeitura do Recife informou que, por meio da Secretaria de Assistência Social, ofereceu acolhimento no Abrigo Travessa do Gusmão aos moradores afetados.
Também foram entregues cestas básicas, colchões, kits de higiene e água mineral. O município comunicou ainda que vai auxiliar na emissão de documentos perdidos e conceder auxílio funeral à família atingida pelo incêndio.
A comunidade onde ocorreu o incêndio é dividida: parte dos moradores afirma não ter liderança, enquanto outra parte diz integrar o Movimento Urbano dos Trabalhadores Sem Teto (MUST).
Investigação e prisão de suspeito
Agnaldo José Alves, suspeito de ser o responsável pelo incêndio, foi preso e levado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ao deixar a unidade para realizar exames no IML, ele negou ter ateado fogo no próprio barraco, onde vivia com a família. No entanto, confessou que brigava constantemente com a esposa.
De acordo com as investigações, Agnaldo teria utilizado um isqueiro para incendiar um tapete que estava sobre a lona do barraco. As chamas se espalharam rapidamente.
A esposa, Isabela Gomes de Macedo, de 40 anos, e os quatro filhos (de 2 meses, 2 anos, 3 e 5 anos) não conseguiram fugir porque a porta estava trancada. Os corpos das crianças foram encontrados em um cômodo diferente de onde estava o da mãe, todos carbonizados.
Ainda segundo os investigadores, cerca de uma hora e meia após o crime, Agnaldo voltou ao local e acabou agredido pela população. A chegada da polícia impediu que as agressões continuassem. No tumulto, suas roupas foram rasgadas, e ele deixou o DHPP enrolado em uma toalha.