Pernambuco | Notícia

Padre Júlio Lancellotti defende fim da arquitetura hostil e cobra pontos de água potável em espaços públicos

O padre questionou instituições sociais e religiosas sobre a ausência de medidas que poderiam amenizar a vulnerabilidade de pessoas em situação de rua

Por Aisha Vitória Publicado em 12/09/2025 às 16:26

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Durante o 3º Encontro Nacional de Economia de Francisco e Clara, realizado nesta quinta-feira (12) na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), o padre Júlio Lancellotti, conhecido por sua atuação em defesa da população de rua, fez um apelo contra a chamada “arquitetura hostil” e também pela garantia de acesso à água potável e banheiros públicos.

A arquitetura hostil é uma prática de design urbano que envolve estratégias de construção em espaços públicos e privados para controlar ou desencorajar comportamentos indesejados, especialmente de grupos como pessoas em situação de rua, jovens e ambulantes.

Declarações do padre

Em sua fala, o padre questionou diretamente instituições sociais e religiosas sobre a ausência de medidas simples que poderiam amenizar a vulnerabilidade de pessoas em situação de rua.

"Por que as igrejas não têm ponto de água potável para os moradores de rua? Por que os sindicatos não têm ponto de água? Por que os conventos e os mosteiros não têm um ponto de água potável para os irmãos de rua?", indagou.

Lancellotti também direcionou um pedido ao presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, cobrando ações imediatas diante da lei aprovada que proíbe a arquitetura hostil:

"Eu quero pedir novamente ao presidente da república que, a partir da lei contra a arquitetura hostil, que todos os próprios federais retirem esses obstáculos. Não esperem outro momento. Ao invés da arquitetura hostil, coloquem pontos de água potável. E aproveitem para colocar banheiros também."

Resistência e contexto político

O padre também abordou o cenário político nacional fazendo referência à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro no dia anterior.

Para Lancellotti, a decisão deve servir como alerta para todos que atuam em defesa dos mais pobres.

"Todos que estão na luta serão atingidos. Todos que defendem os pobres, os fracos, os humilhados, os rejeitados serão atingidos. Nós temos que ter uma grande tática de resistir: resistir partilhando a água, resistir partilhando o pão, resistir defendendo uma ecologia integral, resistir construindo possibilidades de experiência."

Apesar de reconhecer que talvez não veja as transformações que defende, Lancellotti reforçou que a luta pela dignidade das pessoas em situação de vulnerabilidade precisa ser permanente.

Sobre o encontro

O 3º Encontro Nacional da Economia de Francisco e Clara segue até o próximo sábado (14), reunindo juventudes, lideranças sociais, pesquisadores e representantes de pastorais e movimentos populares.

O evento é inspirado no chamado do Papa Francisco para uma economia mais justa, solidária e comprometida com a vida.

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