Carroceiros mantêm protestos no Recife e dizem que só param após reunião com o prefeito João Campos
Sem avanço nas negociações, carroceiros ameaçam protestar em pontos estratégicos, como a BR-232 e entorno da Arena PE

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Após uma manhã de mobilizações intensas em diferentes pontos da Região Metropolitana do Recife, carroceiros voltaram a protestar nesta segunda-feira (18) contra a Lei nº 17.918/2013, que proíbe a circulação de veículos de tração animal (VTAs) em áreas urbanas da capital pernambucana. A legislação, aprovada há mais de dez anos, começou a ser aplicada em 2019 e terá sua implementação total a partir de 1º de fevereiro de 2026.
Após liberar as vias, nos protestos da manhã, os carroceiros seguiram em protesto até a Câmara Municipal do Recife, no bairro de Santo Amaro, onde atearam fogo em pneus e galhos, provocando ainda mais transtornos no trânsito. Uma comissão foi recebida pelo presidente da Câmara, vereador Romerinho Jatobá (PSB), mas as negociações não avançaram.
Líderes afirmam que os protestos só serão encerrados após reunião com João Campos
Sem avanço nas negociações com a Câmara Municipal, os carroceiros afirmam que seguirão para a sede da Prefeitura do Recife, onde pretendem permanecer acampados até serem recebidos pelo prefeito João Campos (PSB).
“O protesto só acaba quando a gente resolver isso. A gente tá indo pra prefeitura e só sai de lá quando falar com o prefeito”, afirmou Marcos Batista, um dos líderes do movimento.
Enquanto o encontro não acontece, eles prometem dar início a uma nova onda de manifestações por toda a Região Metropolitana do Recife — incluindo a BR-232, no acesso à Arena de Pernambuco, onde, nesta segunda-feira (18), às 20h30, acontece a partida entre Santa Cruz e Altos, válida pela Série D do Campeonato Brasileiro. (até o momento da publicação desta matéria, o protesto não foi confirmado oficialmente pelos líderes do movimento).
O que diz a Prefeitura
A prefeitura se posicionou sobre os protestos. O secretário de Planejamento e Gestão do Recife, Jorge Vieira, explicou que um novo cadastramento dos carroceiros será realizado ainda este ano para viabilizar o apoio aos trabalhadores na transição para novas atividades.
“O intuito desse cadastramento é identificar e apoiar todos os carroceiros nessa transição de ocupação. Cada cavalo é microchipado e as carroças são adesivadas”, explicou o secretário.
Vieira ressaltou que a retirada dos VTAs das ruas impacta diretamente a renda de muitas famílias e que, por isso, foi criado um plano de apoio social e econômico. “Recife não comporta mais esse tipo de transporte. Não é bom para os animais, para a mobilidade, nem para a segurança. Mas entendemos que, ao retirá-los das ruas, também estamos tirando o sustento de algumas famílias”, afirmou.
As medidas oferecidas pela Prefeitura incluem:
- Indenização de R$ 1.200 por cavalo e por carroça entregue;
- Vagas em cursos profissionalizantes;
- Apoio ao empreendedorismo, por meio do programa Credipop;
- Ofertas de emprego na limpeza urbana;
- Disponibilização de veículos alternativos para atuação nesse setor.
A lei entrará em vigor definitivamente em 1º de fevereiro de 2026, após o encerramento do prazo de transição previsto em decreto municipal.
O que prevê a Lei nº 17.918/2013?
A legislação municipal determina o fim da circulação de carroças, da condução de animais com carga e do trânsito montado em vias públicas da cidade. As mudanças devem ser implementadas até o dia 31 de janeiro de 2026. Entre os principais pontos, estão:
- Proibição total de VTAs e trânsito montado no Recife;
- Exceções apenas para Forças Armadas, Polícia Militar e eventos autorizados;
- Implantação de um programa de transição com assistência social e alternativas de renda;
- Aplicação de multas, apreensão de animais e carroças em caso de descumprimento;
- Fiscalização a cargo de órgãos como Detran-PE, Polícia Militar, Guarda Municipal e Secretaria de Mobilidade.
Segundo a Prefeitura, a medida é necessária para garantir o bem-estar dos animais e adequar o trânsito da cidade aos padrões modernos de mobilidade urbana. Já os carroceiros alegam que a lei ignora o impacto social e econômico sobre as famílias que dependem dessa atividade para sobreviver.
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