Giro Metropolitano: presidente do CAU-PE debate preservação histórica e futuro urbano do Recife
Em entrevista, Roberto Salomão, presidente do CAU-PE, revela os complexos desafios e as perspectivas de desenvolvimento urbano do Recife

O videocast Giro Metropolitano, transmitido na Rádio Jornal e no canal do grupo no YouTube, recebeu neste sábado (28) o arquiteto Roberto Salomão, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU-PE).
O programa discutiu os desafios e oportunidades da Região Metropolitana do Recife, ressaltando a capital como seu principal polo, mas também como um centro de grandes entraves urbanísticos.
Desafios de preservação
Roberto Salomão ressaltou a singularidade histórica do Recife, a primeira capital no Brasil a completar 500 anos e a mais antiga em fundação. Ele detalhou que a cidade possui "muitas camadas" históricas, com vestígios da cidade inicial visíveis próximo à Rua do Bom Jesus.
Ao abordar a preservação, Salomão indica que o ponto ideal para um legado perene ainda não foi alcançado. Ele criticou a concepção de que preservar significa "congelar".
“Porque quando pensamos em preservação, erradamente boa parte da população, por várias razões, entende que preservar é congelar. É para além disso, preservar no sentido de fortalecer os vínculos de pertencimento que essa população tem com o seu território do lugar onde nasceu”, explica.
Qualidade de vida e mobilidade urbana
Os investimentos em parques pela gestão municipal do Recife foram outro ponto de destaque. Salomão destacou que o essencial não é apenas a infraestrutura, mas a forma com que a cidade é utilizada pela população.
“O parque é um meio. O mais importante é você caminhar pela cidade, contemplar a cidade, viver a cidade. Você poder, de fato, ter essa cidade ativa, viva permanentemente”.
A segurança e mobilidade para pedestres também foram debatidas. Salomão notou que, apesar de antiga, a pauta dos passeios públicos foi retomada pela prefeitura nos principais corredores.
“A lógica hoje é de uma cidade compacta que de fato eu não precise usar o transporte motorizado. Se eu quiser ir à farmácia, ao supermercado, eu vou a pé. Meu trabalho e o lazer estariam mais próximos de mim. Isso seria o ideal”, explica.
Paradigma habitacional
A política habitacional do Recife passa por uma mudança de paradigma. O presidente do CAU-PE ressalta a abordagem de 1960, com conjuntos isolados e sem infraestrutura: "em muitas situações era um depósito de famílias".
Ele contrasta esse contexto com o foco atual no "retrofit": reocupar imóveis vazios no centro para moradia de diversas rendas. O objetivo é evitar a formação de guetos, promovendo a convivência de todas as camadas sociais.
Giro Metropolitano: assista ao episódio na íntegra