Editorial | Notícia

Editorial JC: Caminhos para o oásis

Tradição pernambucana de investimento na educação se volta para a formação da cidadania, mas também serve como prevenção à violência

Por JC Publicado em 01/12/2025 às 0:00 | Atualizado em 01/12/2025 às 7:21

Clique aqui e escute a matéria

Marca da gestão pública em Pernambuco há décadas, com registros de avanços nos governos de Marco Maciel, Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos, entre outros, e sempre com persistência na trilha do respeito ao legado, a educação é capaz de reestruturar o desenvolvimento.

Como o ensino em tempo integral, destaque desde o mandato de Jarbas, e que ganhou o âmbito federal com Mendonça Filho como ministro, criando a política nacional baseada no modelo pernambucano, com recursos de R$ 1,5 bilhão para sua implantação pelos estados. Não por acaso, a principal referência de educação integral, no Brasil, está em Pernambuco.

O caminho da permanência prolongada na escola é um dos mais promissores para o encontro do oásis, imagem escolhida pela governadora Raquel Lyra para situar a educação no contexto do combate à violência. Em visita ao sertão, na última sexta-feira, a governadora disse em entrevista coletiva que esse tipo de ensino, dentro de um sistema educativo de qualidade em todas as etapas, é a melhor ferramenta para afastar a juventude do tráfico e da violência.

“Quem mata e quem morre são jovens, são jovens pretos de periferia, muitas vezes. Isso não é algo que atinge somente grandes cidades como Petrolina, mas atinge as pequenas cidades também. Elas são aliciadas por tráfico de drogas e elas morrem por isso”, afirmou Raquel. “A única chance que eles têm é uma educação decente, é uma educação de qualidade e em tempo integral, que seja libertadora, que forme crianças com um projeto de vida”, indicou.

Consciente das dificuldades experimentadas pelas crianças e suas famílias, a governadora afirmou que transmite para professores, gestores e colaboradores da educação a mensagem de que “a escola precisa ser o oásis da criança”. Ou seja, que o ambiente escolar seja percebido e vivenciado pelos estudantes como o melhor lugar para estarem, sobretudo quando cercados por privações em casa e tentações do crime, nas comunidades.

E deu exemplos da ideia apresentada como uma ideia-força da gestão da educação pernambucana: “Mesmo que a família seja desestruturada, se ela não tiver comida em casa, se ela não tiver água em casa, se ela não tiver escova de dente e pasta de dente, que ela tenha na escola, se ela não tem o tênis para ir para a escola, que nós entreguemos o tênis a ela”.

Os números da educação integral no estado são animadores para a transformação que se pode vislumbrar. De acordo com Raquel Lyra, com devido reconhecimento a um programa iniciado há muitos anos, atualmente 61% das matrículas já estão em tempo integral, com 100% do ensino médio e 40% do ensino fundamental 2. “E continua sendo ampliado. A minha próxima meta é universalizar a educação em tempo integral.

Isso precisa ser feito nos municípios também”, ponderou. Afinal, os benefícios serão muito maiores se os gestores municipais adotarem a mesma cartilha considerada por especialistas em educação como a mais promissora para um salto no desempenho e nos resultados para além das notas escolares. Para que meninas e meninos saiam dos oásis com projetos de vida, como expressou a governadora.

Compartilhe

Tags